"𝘊𝘢𝘭𝘮𝘢... 𝘝𝘰𝘤𝘦 𝘦𝘴𝘵𝘢 𝘧𝘢𝘭𝘢𝘯𝘥𝘰 𝘴𝘦𝘳𝘪𝘰?"

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— Ray POV—

Depois de comermos o miojo, eu e Norman fomos assistir anime no meu quarto. Nós dois estávamos sentados na cama com uma panela grande de miojo na nossa frente e hashis nas nossas mãos. Estávamos usando pijamas combinando, eu usava um coelho branco e o Norman um coelho preto. Eu já estava morrendo de sono, mas aquela praga ainda estava enérgica então e deixei ele escolher o anime que iríamos assistir... Eu não deveria ter ido nas nóias dele, os animes que ele assiste são meio...

Ray, eu posso escolher qualquer anime, mesmo?! — Ele me olhou com olhos reluzentes e brilhantes.

Pode, pode. Eu sempre escolho então é justo você escolher pelo menos uma vez. — Eu bocejei e esfreguei meus olhos enquanto o Norman procurava o controle da televisão. — Eu vou no banheiro, já volto.

Ok! — Ele disse já colocando no site de animes. — Não demore muito!

Assim que eu saí do banheiro o Norman colocou play no anime e começamos a comer.

'Itadakimasu! — Nós dois dissemos e assim que a abertura do anime apareceu eu percebi meu erro de deixar ele escolher o anime.

Norman... Que merda é essa?! — Ele me olhou confuso puxando o macarrão pela boca.

Doki doki precure, ou Glitter Force Doki doki! Meu anime favorito! Por que a pergunta..? — ( A opening vai estar lá no começo :)) )

Eu já deveria te imaginado-... Foi a Jemima que te recomendou isso, né? — Ele assentiu e eu suspirei. 

Agora eu não podia reclamar porque eu já tinha dito que ele poderia escolher o anime que ele quisesse. Mas não foi a pior coisa do mundo, o Ira até que era bonitinho- DIGO! As personagens eram todas fofas e cheias de glitter, mas não era tão ruim. Só me pergunto como a garota de cabelo rosa fica loira e com um cabelo maior...

Acabou que o Norman dormiu no meu braço assim que deu 5:00 da manhã. Eu me pergunto como ele dormiu antes de mim! Enfim, eu deitei a cabeça dele no meu colo, tirei aquela porcaria de anime de criancinha e coloquei uma coisa mais decente- Tipo... Yakusoku no Neverland! Isso sim é anime de verdade! 

Enquanto assistia, minha mãe passou na frente do meu quarto e me perguntou o porque de eu ainda estar acordado.

Ray, já está de manhã e você não dormiu nada? O que você está fazendo ainda acordado? — Eu pausei o anime e virei meu olhar para ela.

Eu estava assistindo com o Norman. Ele pegou no sono mas eu continuei. — Disse sem desvios, mas minha mãe não gostou muito da resposta.

Então.. O 'Norman' foi embora?.. — Ela perguntou e esfregou o rosto em reprovação.

Não.. Ele está bem aqui. Olha. — Dei um espaço entre meus braços e o colo para mostrar a cabeça de Norman encostada em mim. — Ele está dormindo.

Minha mãe deu um suspiro e fez um olhar de decepção e chateação.

Ray.. Não tem ninguém aí.. — Eu a olhei confuso, minha mãe não era de fazer brincadeiras.

Mãe, se estiver tentando brincar ou algo do tipo- — Ela não deixou eu terminar a frase.

Querido, eu não estou brincando. Não tem ninguém aí. — Nesse momento eu dei uma risada e virei os olhos.

Olha, mãe. Não é nada engraçado. Primeiro foi hoje de manhã e agora isso. Qual é o seu problema com o Norman?! — Eu tentei não gritar para não acorda-lo.

O meu problema com ele é que ele NÃO EXISTE, Ray! — Eu a olhei muito confuso. - Eu deixei achando que isso ia passar mas acabei deixando por tempo demais. Achei que fosse apenas uma desculpa por não ter amigos quando mais novo.

Ha! Então você está querendo me dizer que o Norman não existe e é meu 'amigo imaginário'? — Eu disse brincando, mas tudo que a minha mãe conseguiu fazer foi encostar no portal da porta e olhar para o chão com uma expressão triste. — Calma.. Você está falando sério?

Minha mãe pegou o celular dela e tirou uma foto e me mostrou. Realmente, não tinha ninguém ali e quando voltei a olhar no meu colo, o Norman havia sumido.

Algumas lágrimas surgiram. Tipo, foram mais de 10 anos acreditando em uma 'mentira'?! Mais lágrimas brotaram e logo percebi minha mãe me abraçando forte.

Amanhã nós vamos ao médico, querido! V-vai dar tudo certo! — Eu não disse nada.

Não precisava de um médico, eu precisava do Norman! O que no caso era meio impossível no momento... Na realidade... NUNCA foi possível.

A partir desse dia, eu passei a ir ao médico, tomar anti-depressivos e fui diagnosticado com esquizofrenia. Não se passava um dia em que não pensava em Norman. Eu acho que o amava. Não tenho certeza. Mas a dor da perda se torna maior quando o amor é maior, né? E eu nunca fui de ligar tanto assim para amizades... De qualquer forma, isso já não é importante. Ele é e sempre foi apenas uma ilusão.

𝐌𝐞𝐮 𝐚𝐦𝐢𝐠𝐨 𝐢𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐚𝐫𝐢𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora