Capítulo 29

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(Maitê)Ei já soube?
(L)O quê? Boa tarde para você também. Ativou o modo fofoqueirinha hoje Tetê? Rsss
(Maitê) Boa tarde meu amor. Só para coisas grandes você sabe rss.
Lukinhas, em que mundo você vive não se fala de outra coisa no hospital dizem que o super Estrela matou o seu paciente VIP.
(L)Não...Meu Deus.
(Maitê)E mais. Lorran deu o tempo que ele quisesse em casa. Esse nasceu com a bunda pra lua, as regalias desse hospital, doutor estrela pegou todas para ele.
(L) Maitê não seja cruel.
(Maitê)Eu cruel. Só estou dizendo a verdade. Mesmo Lorran sendo meu amigo,o máximo que consigo é minhas férias divididas em duas etapas e assim eu não consigo fazer nada.
(L)Olha que lingua menina... Não seja injusta. Lorran deve ter tido motivo e Carlinhos deve estar arrasado.
(Maitê)E você? Ficou preocupado porque?
(L) Oxe mulher. Todos já perdemos pacientes queridos até você. Lembra da Natália Gonçalves mulher jovem, linda, recém-casada, primeiro filho, gravidez tranquila sem nenhuma intercorrência veio para um parto normal chegando aqui a sua pressão arterial subiu disparadamente, teve eclampsia fazeram uma cesariana de emergência e ela não resistiu. Lembro como você ficou arrasada.
(Maitê)É mesmo. Nem me lembre amigo, senão vou chorar bem aqui, ela era especial demais e lembro como seu marido ficou desesperado com a perda.
(L)Viu só. Como você me contou era um paciente vip,então deveria ser um amigo ou familiar imagine a dor que ele não tá sentindo.
(Maitê)Nossa me fez me sentir péssima agora.
(L)Aprenda mocinha.Não julgue o livro pela capa.
Agora deixa eu voltar ao trabalho. Beijo Maitê e dou uma passadinha rápida pelo berçário.
O plantão hoje foi tranquilo e já estava quase na hora de eu ir embora eu amo trabalhar com as crianças elas tem uma energia surreal mesmo sem precisar eu passava horas com elas na brinquedoteca do hospital eu sempre aprendia algo mesmo.
Me despedi prometendo que no meu próximo plantão iria levar uns pirulitos escondidos como era bom ver o sorriso nos rostinhos delas.
Penso quando estou chegando ao meu carro.
(Gisele) Lucas...
(L)Aí! Que susto mulher. Digo me abaixando e pegando a minha chave que caiu no chão.
(Gisele) Desculpe meu amor.Queria conversar com você um pouquinho.
(L)Claro.
(Gisele)Você tá livre ou tem algum compromisso para agora a noite?
(L)Não estou livre.
(Gisele)Pode ser em outro Lugar.
(L)Vamos até a cafeteria Santa Clara, eu sei que você como eu ama um bom café.
(Gisele)Amo mesmo.
(L) Chegamos na cafeteria e fizemos os nossos pedidos enquanto aguardávamos a chegada deles me virei para Gisele que tinha um ar preocupado e perguntei:
-Então amiga o que você quer me contar?
(Gisele) É sobre o Carlinhos. Eu acho que você já sabe o que houve?
(L)Sim. Na verdade eu fiquei sabendo direito hoje. Como ele está?
(Gisele) Esse é o problema eu não sei?
(L) Como não sabe?
(Gisele)Não sei. Ele está incomunicável,não atende o telefone, não responde às mensagens. Fui até o seu apartamento o porteiro interfonou diversas vezes ele não atendeu. Aí o porteiro não pode me deixar subir, a única coisa que consegui foi o contato de seus pais.
Liguei e falei com dona Maria a mãe dele que me disse que Carlinhos não sai do quarto uma semana.
(L)Eita. Tudo isso é... Nossa esse paciente mexeu mesmo com ele.
(Gisele)Era um amigo. E pelo que eu sei, paciente estava com um tumor no rim e teve complicações pós cirurgia, Carlinhos era muito próximo da família.
(L)Hum... Coitado.
(Gisele) E aí você pode me ajudar?
(L)Eu? Não vejo em quê?
(Gisele)Ora em que Lukinhas... Vai lá no apartamento dele, eu tenho certeza que a única pessoa que vai conseguir tirar ele dessa fossa é você.
(L) Oxe eu?E por que isso?
(Gisele) Lucas Não se faça de desentendido. Eu vejo vocês dois o tempo todo, trocas de olhares, presentinhos nos armários,o jeito que você sorri quando estam no centro cirúrgico.
(L) Gi, você tem cada ideia. Sinto meu coração bater mais forte com as palavras de Gisele.
(Gisele)Eu só falo que eu vejo. E se você gosta um pouquinho de Carlinhos como eu sei que gosta, o que custa você fazer uma visita?
(L)Mas se ele não quer ver ninguém. Quem garante que ele vai querer me receber?
(Gisele) Lucas não faz muito tempo ele te ajudou quando você precisou, Agora é sua vez.
(L) E como você sabe disso?
(Gisele) Lucas eu sou sua amiga mas também sou de Carlinhos e nós conversamos sabia... Nós conversamos bastante na verdade.
Por favor não me negue isso, eu tô muito preocupada... Tô preocupada real como vocês dizem rsss
(L)Tudo bem... Eu vou...
Deixa só eu avisar a Maitê.
(Gisele) Não. Não avisa por favor,conhecendo bem aquela menina subterrânea não vai te deixar ir. Ela tem bastante influência sobre você e suas decisões.
Nós dois sabemos que aqueles dois vivem 8 ou 80 se amam e se odeiam ao mesmo tempo e Maitê tem um jeito de viver bem estranho.
(L)Gi amor, por favor não fale de Maitê assim.
Ela é doidinha e tudo mais...
Mas é especial é muito especial para mim com todo seu jeitinho maluco de ser. Ela me protege e eu a protejo...
(Gisele)Sim amigo. Mas a questão não é Maite agora.
Sobre ela conversamos em outra hora, voltemos ao caso Carlinhos.
Você vai?
(L)Penso alguns segundos e depois de tudo que Gi contou eu também fiquei preocupado.
Tudo bem eu vou.
(Gisele)Aí amigo obrigado. Obrigado. Me levanto e abraço Lucas.
(L)Mas se ele me enxotar você me paga.
(Gisele) Carlinhos jamais faria isso.
(L)Então não estamos falando do mesmo Carlinhos rsss
(Gisele)Ligo para Dona Maria e graças a Deus ela ainda está no apartamento de Carlinhos e ele continuava igual e bebendo trancado no quarto, a única coisa que ele diz é que está vivo.
Falo que Lucas vai até o apartamento e se ela poderia deixar ele entrar, quem sabe Lucas não consiga tirá-lo desse quarto.
Ela agradeceu e disse que estaria esperando por Lucas.
-. Pronto meu amigo tudo certo.
(L)Mas eu nem tenho o endereço dele.
(Gisele)Sem desculpas Lucas,eu tenho.
(L) Vou até em casa tomar um banho, tirar essa roupa do hospital e depois vou até lá.
(Gisele)Me deixe informada.
(L)Pode deixar eu te aviso.
(Gisele)Passo o endereço para Lucas e nos despedimos na frente da cafeteria e eu fico torcendo para que Carlinhos não rejeite Lucas.
Por tudo que venho vendo esses meses, esses dois estão se gostando e ainda não sabem.
Vou ficar na expectativa de que Lucas consiga tirar Carlinhos dessa tristeza,por que a vida tem que continuar.
(L) Vou para casa pensando em como fazer isso? Como fazer Carlinhos Maia me escutar? Sair do quarto,tomar banho,comer alguma coisa? Carlinhos não escuta ninguém, ele é sempre o mais esperto, mais didático.
O que esse paciente foi para ele? Por que o deixou tão abalado? Tantas dúvidas que eu tenho dentro de mim...
Sinto meu corpo trêmulo e uma ansiedade nunca sentida antes. Tomo um banho,coloco uma roupa casual,passo o meu perfume de alfazema, pego a Chaves e o telefone e saio em direção ao apartamento de Carlinhos.
-Lucas para.Isso não tem haver com você e sim com ele. Você é amigo... Amigo dele.
Sigo para o seu apartamento me identifico e o porteiro já sabia da minha chegada e me autoriza a entrada aperta o botão da cobertura.
UAU! O elevador se abre dentro da sala, como se fosse uma sala de espera e me assusto com sua mãe em pé me esperando de prontidão.
-Boa noite dona Maria.
(Maria) Boa noite meu filho entre. Quando Gisele me disse que você viria eu fiquei um pouco aliviada.
(L)Dona Maria fala fechando a porta atrás de mim.
(Maria) Eu gosto de você sabia? Você transmite paz e luz... E olha que só conversamos alguns poucos minutos aquele dia no shopping.
(L)Oh minha gostosa, que isso eu posso te dar um abraço.O abraço de Dona Maria me traz gostinho de lar.
(Maria) Claro. Abraço Lucas e digo: fique à vontade meu menino está no quarto... É no andar de cima.
Hoje ele deixou destrancada, acho que foi de tanto eu pedir esses dias.
Tem garrafas de bebida por todo lado,ele não toma banho, não fala,está jogado naquela cama.
-. Vou aproveitar que você chegou e vou em casa preciso resolver algumas coisas.
(L) Pode ir tranquila Dona Maria. Eu pretendo ficar aqui até que ele resolve falar.
(Maria)Oh obrigada meu filho. Então eu volto amanhã bem cedinho. Ele está no quarto terceira porta à direita aqui a chaves do apto.
(L) Dona Maria foi embora e eu tranquei a porta caminhei por alguns minutos pelos cantos do apartamento e que vista espetacular era lindo aqui e seu apartamento era maravilhoso digno de um médico de renome.
Respirei fundo e pedi com todo meu coração que Carlinhos não me mandasse embora.
Subi as escadas sentindo meu coração acelerado eram tantas portas que eu fiquei meio perdido.
Terceira à direita essa aqui.
Abro devagar a porta do quarto e acendo a luz e vejo folhas de cadernos amassadas pelo chão, garrafas de cerveja, de slova, de whisky...
-Eita que fizeram uma festa e nem me convidaram. Falo tentando amenizar o clima e caminho devagar até Carlinhos.
-Me contaram que o temido Dr Maia está doente. Carlinhos fecha os olhos quando escuta seu nome.
E eu tive que vir conferir de perto.Já que o admirável Doutor Sampa nunca se dá por vencido.
Mas Carlinhos continuava de olhos fechados
-Ah vai! Nenhuma piadinha ou uma cantada sem graça.
Digo me abaixando do lado da sua cama.
(C)O que você está fazendo aqui Doutor Guimarães?
(L)Nossa você bebeu toda a cachaça do mundo,credo.
Quase me sufocou com esse seu bafo de cachaça.
(C)Lucas eu não quero ser grosseiro mas eu quero ficar sozinho, então por favor vai embora.
(L)Não posso.Primeiro porque prometi para sua mãe e Gisele que eu te tiraria dessa fossa que você mesmo se colocou. E depois que segundo Gisele,eu tenho moral suficiente sobre você.
Então aqui estou.Dou uma voltinha com os braços abertos.
Você pode gritar,me xingar,espernear,que eu não vou embora.
(C)É sério Lucas,vai embora.
(L)Não vou e se acostume com isso.
Porque você não faz assim:vai tomar um banho,eu peço uma pizza,a gente come enquanto você me conta o que realmente aconteceu.
(C)Eu não quero falar.
(L)Tudo bem ficamos em silêncio.
(C)Lucas cara, só vai... vai embora,é pedir muito.
Falo me levantando e pegando minha garrafa de slova azul que estava embaixo da cama e começo a beber.
(L)Fico vendo Carlinhos bebendo e a garrafa já estava quase no fim e ele não parava de beber.
-Você não acha que já bebeu demais?Larga isso.Me dá aqui essa garrafa e vem pro chuveiro.
(C)Não...Me deixa quieto.
Você não disse que ia ficar quieto então cala a boca e me deixa beber porra.
(L)Carlinhos você fez tudo que pode. Falo pegando suas anotações do chão e olhando elas.
(C)Não.Eu não fiz.Era o meu trabalho salvar ele e eu não consegui e agora Abel está morto.Morto...
Eu não fui bom suficiente pra manter ele vivo.
Eu decepcionei todo mundo, você não entende.Eu decepcionei a família, meus amigos queridos,a Adele, eu decepcionei Abel, eu decepcionei o hospital,eu me decepcionei... Porque eu não fui o melhor,ele buscou a minha ajuda e eu não previ que Abel pudesse ter uma complicação pós-operatória.
(L)Ei...Ei.Olhe pra mim.Foi um dia difícil para todo mundo não só para você e para família também.Não se culpe por uma coisa que você não tem culpa.
(C)Eu tenho.Tenho culpa sim.
Eu sou o Doutor Luiz Carlos Sampaio Maia eu não erro.
Eu sou o melhor na minha área eu faço transplantes renais imensuráveis e eu matei meu paciente e amigo, por causa de uma complicação idiota, que eu não previ e era a minha obrigação prever.
Então por favor, porque você não pega essas suas palavras de consolo coloca no seu bolso e volta para sua vidinha perfeita e me deixa em paz.
Grito jogando o copo contra parede.
(L)Me assusto um pouco com as palavras e a agressividade de Carlinhos e me afasto dele.
(C)Me desculpe... Me desculpe Lucas eu não queria gritar com você.Eu faço tudo errado.
É só que... Eu só... Eu não sei mais nada.
(L)Carlinhos está muito bebado.
(C)Começo a chorar e abraço Lucas forte e ele alisa as minhas costas me dando conforto.
Você é um amigo.Um amigão mesmo.Deito a minha cabeça no ombro de Lucas e fico sentindo seu perfume de alfazema e digo:
Seu cheiro é tão bom, tão inebriante, você é tão lindo Lucas, que eu tenho vontade de...
Beijo Lucas mas ele se afasta.
(L)Carlinhos não.Falo me afastando dele.
- Nós somos amigos, só isso.
(C)Eu não quero ser seu amigo. Você não disse que ia me ajudar, Então me ajuda.
Falo puxando Lucas de volta contra o meu corpo.
-Eu quero o seu pau amigo e eu quero agora.
(L)Deixe de ser cafajeste. Falo me afastando dele.
Carlinhos tenta pegar outra garrafa de bebida mas eu consigo tomar de sua mão.
-Quantas garrafas você tem aqui?
A única coisa que você vai ter é um banho.
Vem! vamos agora.Vou empurrando Carlinhos até o banheiro e o coloco embaixo do chuveiro gelado.
(C)Tá frio,tá frio,Lucas.Para com isso.Eu vou ficar doente.
(L)Vai nada.Isso é pra curar essa sua cachaça.
(C)Ah é.Então vem cá.
Puxo Lucas pela cintura molhando ele também.

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