Capítulo 12

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(C) Fico parado olhando aquela louca da Maitê sumir e sinto alguém tocar no meu ombro
(Gisele) Carlinhos, posso te dar um conselho se me permite.
Lucas não é um desses meninos e meninas que você anda saindo e dispensando no raiar do dia.
Lucas é especial tem uma luz e Uma história sofrida.
Então eu te peço deixa ele quieto senão você vai ter que acertar as contas comigo.
Dou um tapinha no seu ombro e saio.
(C)Fico olhando Gisele se afastar e fico intrigado em querer saber mais de Lucas que passado é esse? Agora fiquei curioso,já quero descobrir o que ele esconde.
Quem Lucas Guimarães pensa que é? Eu não sou dispensado por ninguém. É isso que penso enquanto me lavo para entrar na cirurgia.
Acabo de me escovar e entro na sala.
- O que  esse paciente ainda esta fazendo acordado?
(Anestesista)Cinco minutos Doutor.
(C)Nem 5 minutos,eu quero agora.
Ei você aproxime-se.
Nome?
(Guedes) Samuel Guedes.
(C) Dr Guedes.Qual é o procedimento que eu vou utilizar hoje?
(Guedes)É...É... Só um minuto. Começo a desfolhar as folhas do meu bloquinho.
(C)Nenhum minuto sequer. Se você esperar um minuto com o paciente aberto ele pode morrer.
Se retire da minha sala de cirurgia.
(Guedes) O que?
(C)Além de tudo ainda é surdo. Saia!
Me viro para o anestesista digo:
Como é meu filho, eu quero ainda para esse século.
(Gisele) Dr Maia... O que está acontecendo contigo?
(C) Comigo nada. Não aceito incompetente.
E você anestesista pode largar isso tudo aí. Deixe agora mesmo o paciente, afaste-se dele.
(Anestesista) Mas ele já está quase...
(C)Quase nada. Ele já era pra estar dormindo.
Alguém arruma um anestesista competente para continuar o trabalho, que eu não tenho o dia todo.
Gisele me olha contrariada vai até o telefone e pede o anestesista auxiliar para se apresentar o mais rápido possível a sala de cirurgia 2.
Depois que o anestesista auxiliar chegou a cirurgia aconteceu normalmente, tudo correu como o planejado ou quase precisei levar mais tempo do que estou acostumado.
Uma hora e meia depois o paciente foi levado para o pós-operatório e eu fui me desinfectar.

(Gisele) O que foi aquilo?
(C) O quê?
(Gisele) Olha Carlinhos. Não me olhe desse jeito porque fora da sala de cirurgia eu posso e vou te chamar pelo seu nome. Acho que já tenho intimidade suficiente para lhe chamar a atenção e puxar suas orelhas viu rapazinho.
Que comportamento foi aquele dentro do centro cirúrgico?
(C)Gi, eu sou o melhor e na minha equipe só trabalha os melhores, eu não aceito incompetentes.
(Gisele) Amigo. Seguro em seus ombros.
-Olhe para mim e respire fundo.
O que aconteceu que te tirou do eixo você não é assim?
Você é um médico talentoso, exigente é verdade, do seu trabalho, sempre quer a perfeição, você é o meu número um... Mas você nunca faltou com respeito aos colegas igual fez hoje,em todo esse tempo que trabalhamos juntos então me diga logo o que aconteceu?
(C)Fico olhando para Gisele e me veio uma vontade enorme de desabafar.
Então falo tudo de uma vez.
-. Eu não sou acostumado a perder eu não sou segunda opção de ninguém e nem estou em segundo plano,eu não sou dispensado,então eu estou irritado com...
(Gisele) Lucas... Isso tudo... Esse caos que você causou no centro cirúrgico,foi por causa de Lucas? Porque ele não quis mais trabalhar com você.
(C) Você também sabia desse absurdo?Quem Lucas Guimarães pensa que é?
(Gisele)E quem você pensa que é pra ele ter que ficar aos seus pés?
Amigo me diga a verdade você está gostando dele?
(C) Pirou Gisele. Mulher que gostando o quê!
Eu tô é puto de raiva porque o melhor anestesista desse hospital decidiu trocar de turno e o pior é que o chefe dos médicos e o RH concordou com essa loucura, sendo que no meu contrato estava especificado que eu trabalharia somente com os melhores.
E Lucas é o melhor.
É com isso que eu tô manso. Agora eu estou sendo obrigado a trabalhar com meia dúzia de amadores e o que eu resolveria em minutos, agora eu levo horas.

(Gisele) Amadora eu? Assim você me ofende Doutor Maia.
(C) Não mulher. Ô Gi, não confunda as coisas você é minhas mãos de fada, é a melhor que eu tinha dentro daquela sala de cirurgia hoje e já vou logo te avisando eu não te deixo me abandonar por nada, ouviu  bem.
(Gisele) Então é melhor mudar  esse humor. Porque senão até eu vou te abandonar.
(C)Você não não faria isso?
(Gisele)Não me desafie. Você não sabe do que eu sou capaz.
Beijo seu rosto sorrindo agora vá para a sala de descanso,você está muito estressado.
E mais uma lição nunca desconte suas frustrações nos outros, os profissionais que estavam naquela sala não mereciam aquele tratamento.
Escute bem Carlinhos de nada adianta ser brilhante se a sua soberba impera, anote isso.
(C) Você como sempre me dando lição de moral dentro e fora da sala de cirurgia.
(Gisele) Sempre que precisar não passo pano pra você não senhor.
Nossa próxima cirurgia é em 2 horas e eu preciso de você calmo. Ouviu bem Luiz Carlos?
(C). E você me terá Gisele.
Vou arrumar alguém que me desestresse nesse hospital. Rsss
(Gisele). Você não tem jeito nenhum menino.
(C). Não mesmo sabe por quê?
(Gisele). Hum... Ande vá desembuche logo essa meia dúzia de baboseiras que você adora falar.
(C).Porque homem conquista, mas cafajeste cativa.
Ueeepa rsss
(Gisele). Você ainda vai conhecer alguém que te deixará com os quatro pneus arriados.
(C). Meu amor, se nem Zyan me deixou de pneu arriado com tudo que vivemos em Boston e nem ele foi capaz de me fez desistir dos meus objetivos,não será um novato que vai conseguir me modificar.
(Gisele)Isso veremos meu amigo.... Veremos.
Eu acho que ele está mais perto do que você imagina.
(C). Então quando você encontrá-lo dê o endereço desse pacote de gostosura toda que sou eu que eu estou aguardando para devira-lo.
(Gisele)Cafajeste.
Saio sorrindo deixando Gisele para trás  e indo atrás da minha próxima caçada, eu realmente preciso desestressar.

3 meses depois
(L)Perdemos um paciente e não foi um paciente qualquer, uma criança de apenas 10 meses que lutava contra uma cardiopatia congênita.
Eu a vi chegar com 7 meses de nascida cansada e olhos fundos há 3 meses atrás, eu acompanhei toda a sua evolução dia após dia.
Hoje é o grande dia Érica estava estável e poderíamos realizar a correção dos defeitos congênitos.
Estávamos esperançosos,
Doutor Antônio mascardino iria fazer uma transposição dos grandes vasos(TGA)e a coartação da aorta.
Tudo estava correndo bem, o doutor já estava finalizando quando Érica começou a fibrilar, tentaram reanimá-la, administramos medicação,mas foi impossível seu pequeno coração não voltou a bater.
Como isso tinha sido possível.
Saí tão desnorteado do centro cirúrgico e ainda pude ver de longe Doutor Antônio dar a notícia a mãe da minha pequena.
Eu não consegui suportar sai sem rumo pelos corredores do hospital e me esconde dentro da sala de medicamentos.
(C)Estava dando algumas orientações para uma das enfermeiras até que depois de tanto tempo vi Lucas que surgiu no final do corredor esperei que ele me comprimentasse mas como não fez eu mesmo comprimentei:
-Quanto tempo meu moreno delícia, Ei gato eu não sou seu biscoito mas adoraria ser seu passatempo.
-Lucas...
Lucas passou por mim sem que ao menos me notar.
-Lucas.Lucas...O que houve?Ele estava estranho caminhei atrás dele e vi ele entrar na sala de medicações e entrei logo depois dele.
-Lucas...
(L)Por favor agora não.Me deixe sozinho.
(C)Lucas o que houve? Tento me aproximar mas ele apoia a cabeça entre as pernas e balança o corpo sem parar, em um choro tão dolorido que doía alma.
-Se você não me disser eu não vou poder te ajudar. Falo me sentando do seu lado.
Meio sem jeito coloco minhas mãos sobre as suas e Lucas me olha com os olhos cheios de lágrimas que mais pareciam cachoeira em dia de tempestade.
Limpo seus olhos e Lucas me diz:
(L)Eu não...consigo... Não consigo respirar.
(C)Consegue,consegue sim... 1.2.3 inspira 4.5.6 expira...Isso de novo... Mais uma vez...
Lucas começa se acalmar e eu tento mais uma vez.
- Agora me diz o que aconteceu, que te abalou tanto dessa maneira?
(L)Eu perdi um paciente...
Eu já perdi vários pacientes mas essa era especial,diferente era apenas uma criança de 10 meses ela parou na mesa e nós não conseguimos reanima-la.
(C) Eu sinto muito.
(L)Os olhos da mãe, o seu desespero ao receber a notícia era só um reparo... Era só um reparo...
(C) Lucas volta a chorar e deita a cabeça no meu ombro eu não sei o que fazer então fico quieto esperando que Lucas colocasse para fora toda aquela dor que ele estava sentindo.
Ficamos assim sentado naquele chão frio da sala de medicamento,não sei por quanto tempo Lucas aos poucos foi se acalmando.
(L)Obrigado.
(C)Porquê?
(L)Você foi um amigo e eu molhei sua camisa chique.
(C)Não tem problema. Meu coração acelerou de repente eu coloquei minhas mãos no rosto de Lucas e limpei algumas lágrimas que teimavam em descer nós nos olhamos tão intensamente que a energia ao nosso redor me puxou para perto dele.
(L)O que você está fazendo?
É melhor a gente parar por aqui...
(C)Eu só quero...
(L)O que? Falo sentindo sua respiração perto de mim.
(C)Tirar essa dor que eu tô vendo aqui dentro.
Me aproximo de Lucas e roço meu nariz no seu sem tirarmos os olhos um do outro, seguro sua nuca e aproximo meus lábios do dele,beijando sua boca.
Lucas tenta se afastar mas eu não permito, prendendo seus lábios junto aos meus.
Lucas passa seus braços apertando minhas costas e eu peço entrada com minha língua puxando Lucas pra mais perto de mim.
Passei minhas mãos pelo corpo de Lucas e que corpo ele tinha... Dava pra sentir seus gominhos mas eu queria mais e enquanto nossas línguas duelavam por espaço e nosso beijo ia tomando forma e textura fui deitando Lucas e meu corpo ficou sobre o dele.
(L)Lucas perdeu o juízo.Era o que eu pensava enquanto beijava Carlinhos.
Mas o beijo de Carlinhos era doce e apimentado,era envolvente, tinha gosto de conquista,de pegada, tinha um brilho, uma excitação sei lá.
Meu coração batia descompensado e um arrepio subia na minha espinha e quando Carlinhos beijou meu pescoço eu gemi em seu ouvido.
Aquilo era uma loucura,Carlinhos era um cafajeste.
Para!Para!Falo quando uma caixa cheia de medicamentos cai sobre nós.
(C)Parar porque se tá tão bom. Vem cá minha delicinha.

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