capítulo 16

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SADIE SINK POV

Deitada na cama do hotel em que estava hospedada, eu repassava cada palavra que havia dito naquele momento. Uma parte do travesseiro estava molhada pelas lágrimas que eu derramava cada vez que o rosto decepcionado de S/n vinha em minha mente. Eu me arrependia tanto pelo que eu disse. Não acreditava realmente que ela traiu Olivia. No momento da raiva, não pensei no quanto minhas palavras poderiam feri-la. Não deveria ter me intrometido em sua dor, pois só ela sabe o quão difícil está sendo viver sem a pessoa que tanto amou. Confesso que sentia inveja de Olivia e me sentia mal por isso.

Agora, S/n estava a caminho de Miami. Não a vi depois do que aconteceu, mas pensava nela o tempo todo. Pensava em como eu iria resolver isso.

Veja bem, desculpas não iriam apagar as coisas que eu disse a ela e nem as coisas que ela sentiu. Mas eu estava disposta a qualquer coisa para que ela me perdoasse.

Paro minha sessão de choro e lamentações assim que ouço meu celular tocar encima da cômoda ao lado da cama. Quando o pego, o nome de meu pai brilhava no visor.

-- papai? -- pergunto confusa.

Suas palavras me pegam de surpresa e novas lágrimas começam a cair quando meu coração acelera.

-- estou indo praí. -- e desligo.

[...]

Avisei o que tinha acontecido para os produtores da série, eles entenderam e disseram que poderiam adiar as gravações. Peguei o primeiro vôo para Nova Jersey junto de Millie e Amy, que insistiram em me acompanhar.

Agora, o táxi estava parado na frente do hospital em que minha família estava me esperando.

-- vai dar tudo certo, Sadie. -- disse Amy, apertando minha mão.

Desço do carro enquanto Millie pagava a corrida e avisto meus pais vindo até mim. Abraço minha mãe de forma apertada, chorando de medo em seus braços.

Meu irmão havia sofrido um acidente de carro e estava em estado grave. Precisaria de uma transfusão de sangue, mas seria impossível achar um doador com um tipo sanguíneo compatível com o seu. Ele era portador de um tipo sanguíneo raro, tipo AB, era o único da família a ter esse tipo de sangue.

-- o que vamos fazer? -- pergunto a minha mãe.

-- eu não sei, querida! -- diz me arrastando para dentro do hospital.

Chegamos a recepção. Mitchell ainda não poderia receber visitas, então teríamos que ficar na sala de espera.

Millie e Amy sentam ao meu lado, me deixando no meio. Elas me abraçam quando ameaço começar a chorar novamente.

[...]

Uma semana havia de passado. Nenhum doador. Nenhum sinal de que Mitchell sairá do coma. Nenhuma melhora. O médico nos deu alguns dias para encontramos o doador, caso contrário, Mitchell poderia piorar ou até vir a óbito.

Não tenho dormido ou comido direito, por mais que minha família e minhas duas amigas tenham insistido. Eu apenas não conseguia. Procuramos por um doador em todos os cantos e não encontramos ninguém, até tentei doar o meu, mas não era compatível.

Uma semana sem sinal de S/n. Sem notícias suas. Sem saber de seu paradeiro. Não sei se ela já tinha voltado de Miami ou se ainda estava lá. Sem notícias suas desde que tudo aconteceu.

-- Sadie? -- levanto a cabeça do ombro de Millie e olho para cima. -- trouxe para vocês.

Amy nos entrega dois copos de café e volta a se sentar. Agradecemos a ela e bebemos um pouco, mas logo deixo o copo de lado. Meus pais haviam saído a procura de um doador a algumas horas e agradeço por isso, pois eles me obrigariam a comer mesmo estando sem fome alguma.

-- deveria se alimentar. -- diz Millie -- seu irmão não vai gostar nada quando souber que você está se descuidado.

-- precisa estar forte para quando ele acordar. -- diz Amy.

Olho para elas, que me olhavam em espectativa. Sorrio fraco e volto a beber o café.

-- vai dar tudo certo. -- diz Millie -- vamos achar um doador.

-- você deveria ir para o hotel e descansar um pouco. -- Amy aperta o meu ombro.

Eu realmente deveria. Aquelas cadeiras da sala de espera não são nada confortáveis e a dias não durmo direito.

-- quero estar aqui quando ele acordar. -- digo.

-- faz o seguinte; você vai para o hotel, descansa nem que seja por vinte minutos, toma um banho e come alguma coisa e volta para cá depois. -- sugere Millie.

-- verdade. Prometemos te ligar se Mitchell tiver uma melhora até lá. -- diz Amy.

Penso um pouco, até que aceito. Millie pede um Uber para mim e diz que avisará aos meus pais caso eu ainda não tenha voltado quando eles chegarem.

[...]

Quando chego no hotel, suspiro profundamente e vou até o banheiro, onde tiro minhas roupas e entro dentro do box, ligando o chuveiro em seguida. Aproveito para lavar os meus cabelos e hidratar a pele.

Quando saio do banheiro, pego uma roupa confortável na mala e me visto. Seco meus cabelos com o secador que havia trago e ligo o ar-condicionado, fechando as cortinas e me jogando na cama macia. Tão macia que me fizeram suspirar em satisfação.

Pouco tempo depois, adormeço.

[...]

Não sei quanto tempo se passou, mas acordo atordoada com o tocar de meu celular. O pego na cômoda ao lado e o atendo sem ver quem era.

-- alô? -- digo ainda com os olhos fechados.

-- Sadie? -- era Millie -- vem para cá agora!

Seu tom de voz me assusta e logo desperto totalmente, me sentando sobre a cama.

-- o que foi? Aconteceu alguma coisa com o Mitchell? --

Millie ri, o que me deixa confusa.

-- encontramos um doador! --

[...]

Quando chego no hospital, vejo uma pequena multidão no corredor, composta por minhas amigas e toda a minha família. Minha mãe sorri em meio as lágrimas assim que me vê, abrindo os braços para me abraçar. A agarro forte, chorando de felicidade em seus braços. Finalmente uma parte do pesadelo teria fim.

-- encontramos um doador? -- pergunto sorrindo largo sem me importar de secar meu rosto.

-- encontramos, meu amor! -- ela responde.

-- elas encontraram. -- diz papai, abraçando minha mãe e apontando para Millie e Amy.

Elas estavam abraçadas e nos olhavam sorrindo. Vou até elas e as abraço.

-- muito obrigada! -- eu dizia sem parar -- muito obrigada!

Elas gargalham felizes e retribuem o abraço na mesma intensidade.

-- dissemos a você que iríamos conseguir. -- diz Millie, me olhando quando nos separamos.

-- vai dar tudo certo! -- diz Amy.

-- cadê? Onde está o doador? -- pergunto vendo elas se olharem -- eu quero vê-lo para agradecê-lo.

-- então...-- Millie iria dizer, mas uma voz a interrompe.

-- É só olhar para trás, Sink. --

Ao me virar, avisto S/n parada, me olhando com um sorrisinho no canto do lábios.

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NINGUÉM DISSE QUE SERIA FÁCIL (SADIE SINK)Onde histórias criam vida. Descubra agora