Capítulo 19 - O Fogo Nunca Apaga

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BEAN

Estava sendo uma noite de domingo muito agradável. Tantas vezes imaginei poder fazer coisas assim, estar rodeada de amigos. Eu me sentia feliz e agradecida. Estávamos sentados ao redor da fogueira, cantando, bebendo e conversando, até que Mew e Gulf se afastaram de nós, se sentando próximo da barraca deles.

- Esses dois nunca se separam mesmo.

- Eu acho tão lindo e fofo o cuidado do Mew para com ele. São verdadeiras almas gêmeas.

- Verdade. Eu agradeço todos os dias por ele ter encontrado o Mew. Ele merece ser feliz.

- Falando nisso... Nos conte tudo o que sabe.

- Eu conheci o Gulf quando ele tinha dezessete anos. Eu trabalhava em uma cafeteria no centro, e eu o encontrei sentado e chorando na porta. Eu fiquei triste e o convidei para tomar café.

- O que aconteceu?

- Ele me contou que no dia anterior, os pais o expulsaram de casa. Ele foi pego dando um selinho em um amigo da escola. Os pais não aceitaram e o expulsaram.

- Que imbecis...

- Eu não poderia deixar ele na rua, então o levei até minha casa e depois de conversar com minha mãe, ele ficou uns meses morando com a gente. Então a dona da cafeteria, que é amiga da mãe dele, me viu conversando com ele e ofereceu um emprego. Ele era muito esforçado e em pouco tempo cerca de um ano ele passou de faxineiro a barista.

- Uau.

- Surpreendente.

- Os clientes sempre o elogiava. Sempre foi alegre, conversador, agradável, gentil... Até as crianças gostavam dele. Foram 8 anos trabalhando todos os dias, com o sorriso no rosto, sempre prestativos, se alguém ficava doente, ou precisava sair mais cedo, ele sempre ficava até mais tarde.

- E como eles se conheceram?

- Há sete meses, Mew estava na cafeteria em uma reunião com uma mulher. Gulf fez o atendimento, como sempre, mas ela era meio babaca e mal humorada. Mas, de longe eu percebi alguns olhares do Mew pra ele. Então eu fingi que teria que ir embora mais cedo, e deixei ele sozinho.

- Bela amiga você. (Risos)

- E ai?

- Quando foi de madrugada, ele me ligou eufórico, dizendo que não conseguia dormir. Ele me disse que tinha beijado alguém, e era um beijo muito bom, que o deixou nas nuvens. Ficamos quase uma hora conversando.

- Eita! O Gulf ficou cadelinha já no primeiro beijo.

- Sim.

- Continua... Essa história é melhor que as de terror...

- Pela manhã, eu havia chegado na cafeteria, para abrir e ele estava lá na frente, sorrindo feito um bobo pro telefone. Ele estava indo pra um encontro, mesmo ele dizendo que era apenas um café entre amigos. Depois que ele saiu, passou meia hora, e eu vi uma mulher, parecida com ele. Suspeitei ser a mãe. Ela estava conversando com a Senhora Orawan. Um tempo depois, Gulf me ligou, pedindo uma cesta de café para duas pessoas, eu preparei e levei até a empresa do Mew. Lá ele me apresentou o Mew como namorado.

- Caralho...Começaram a namorar assim... de um dia pro outro, nenhuma ficada...

- Mas... Algo ruim aconteceu.

- O que?

- A noite, ele, Mew e a irmã do Mew foram até o café. Estava tudo tranquilo, conversamos, rimos... Até eu e ele ser chamado no escritório. Gulf levou uma dura, por Mew ter o ajudado na organização do café. Ele ouviu muita coisa ruim, tentou argumentar, mas nada funcionava. Até que... Ela falou que os clientes estavam reclamando dele. Dizendo que ele pedia selinho, assediava os clientes. Sendo que em oito anos nunca teve uma reclamação. Mas, ela acabou demitindo ele a pedido da mãe, como forma de “aprendizado”. E eu acabei sendo demitida por ser cúmplice.

Amor à Primeira Vista (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora