Capítulo 8

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Abby não buscou Valentina quando a manhã chegou, mas encontrou a loira protegendo a identidade de seu mural em pleno corredor escolar. Juliana viu a cena de longe, assim que atravessou a porta da escola e caminhou para seu armário.

— Por que eu não posso ver?

— Você vai ver junto com todo mundo, Abby.

— A Juls viu antes de mim. — A ruiva resmungou, demonstrando mais ciúmes do que gostaria de estar sentindo. — E ela disse que ficou incrível. Eu quero ver.

— Você vai ter a experiência completa, Abby. A Juls não. Ela só viu por que é enxerida.

— Eu também sou. Quero ver.

— Você vai ver quando acabar, meu bem. Prometo. Principal Martin vai fazer as demonstrações hoje.

— Isso é muito injusto.

Sorrindo, Valentina envolveu Abby com seus braços.

— A vida é injusta. — Disse, antes de dar um beijinho na namorada. — Quer me levar até a aula de inglês?

Abby se rendeu com um sorriso e acompanhou Valentina até a sala.

Juliana já estava sentada, rabiscando em um papel muito amassado. Ninguém comentava muito sobre o fato de Alice Benson ter saído da escola justamente por causa dos boatos envolvendo Juliana — mas alguns não perdiam a oportunidade de fazer uma piada com a morena. De maneira geral, aquele assunto andava morrendo pelos corredores.

Era questão de tempo.

Mas Valentina odiava cada segundo daquilo. Especialmente por que, ao olhar para a morena, notou um olho roxo, e um machucado na boca. Ela se apressou para sentar atrás da garota e segurou—a pelos ombros.

— O que seu pai fez?

— Nada de novo. — Murmurou Juliana, sorrindo. — Eu cometi o erro de passar lá ontem. Queria ver como estavam todos. Ele ainda não está lidando muito bem com os boatos sobre a senhorita Benson, eu acho.

— Juls...

— Mas está tudo bem, eu juro. Ele me deu um soco, um tapa e só.

— Só? — Ela tentou disfarçar a evidente irritação na voz.

— É. Poderia ser pior. — Continuou murmurando a morena. — Mas eu estou bem. Já coloquei gelo e todo o resto. Não tem o que fazer. Só preciso ficar um pouco longe por um tempo.

— Longe de quem?

— Deles.

— Ah sim.

— Calma, Carvajal, você ainda não vai se livrar de mim. — Valentina não admitiria o alívio que sentiu, mas também não negaria. — Mostrou o mural para a Abby?

— Não. Ainda não.

— Ué. O privilégio é todo meu, então?

— Não. Você se meteu onde não foi chamada. Ela pode esperar um pouco pra ter a experiência completa.

— Ela definitivamente não vai ter a experiência completa. — Juliana disse. — Ela perdeu você pintando, concentrada, parando pra cantarolar e fazer uma dancinha estúpida toda vez que acertava o traço. Azar o dela.

Valentina resolveu ignorar as nuances por trás do que Juliana estava falando — mesmo ciente de que ela tinha razão.

— Ela nunca se importou muito com isso, Juls. Não seria agora.

— Nunca é tarde pra sonhar que ela pode ser uma namorada legal, né? Acho que eu ainda não perdi as esperanças por você.

— É mesmo?

Written in the Stars | JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora