Na manhã que completava uma semana da explosão do relacionamento delas, Valentina acordou Juliana com um beijo. Primeiro foram sussurros finos em seus lábios e queixo, depois com estalos altos em seus lábios; a morena demorou a se mover. Até que a rede balançou descontroladamente e ela foi obrigada a arregalar os olhos castanhos, abandonando a terra deliciosa de sonhos na qual estava inserida.
Juliana piscou demoradamente e encarou Valentina.
A dona dos olhos azuis sorriu com o sol banhando suas feições; e Juliana pensou que ela poderia facilmente ser a substituta do sol em questões de iluminações terrestres. Mas que ela ficaria muito triste de perder a luz particular de sua vida.
— Você dorme como uma pedra às vezes. — Resmungou Valentina. — Não estou acostumada a ser a primeira a acordar nesta relação.
— Acho que estava sonhando muito. — Disse a morena se erguendo para descer da rede. Suas costas estalaram quando ela se pôs de pé. — Acho que estou um pouco crocante.
Valentina deu um sorrisinho enquanto se aproximava da morena.
— Precisando de uma massagem?
— Quanto que eu vou ter que pagar por ela?
Juliana esfregou uma das mãos nos cabelos, empurrando algumas mexas para trás, Valentina ficou sorrindo para ela.
— Posso fazer um preço especial pra você.
Juliana deu uma boa olhada em Valentina naquele momento; a garota usava uma de suas camisas de botão com um nó amarrado na área do umbigo, fazendo com que pele o suficiente ficasse exposta para que a morena pensasse mais absurdos do que aconteciam em seus sonhos.
O short jeans surrado, com marcas de tinta, era da loira. Mas não mudava o fato de que ela ficava um espetáculo com as pernas quilométricas de fora — abençoado fosse o verão.
— Você finalmente aprendeu a dar um nó, então? — Provocou a morena. — E tomou banho... Eu realmente devo ter dormido muito.
Valentina a encarou como quem estivesse dizendo que sim.
Mais tarde, as duas entraram de mãos dadas na lanchonete. Valentina sabia que seu pai estava trabalhando, mas eles haviam combinado de almoçar — e a presença de Juliana era mais do que obrigatória. Ela pensou que queria passar em sua casa para tomar um banho e trocar de roupa antes do almoço; mas também pensou que queria torradas com bacon para o café da manhã.
Juliana puxou a cadeira para que Valentina pudesse sentar.
Ela ainda precisava se acostumar com o processo de que a cidade inteira sabia que elas estavam namorando. E que Valentina pouco se importava em demonstrar o afeto evidentemente existente entre elas — pelo contrário, estava sempre lhe tocando. Mesmo quando Juliana achava estranho, mesmo quando ela ficava receosa.
Como a primeira vez que andaram pela cidade.
Juliana ainda lembrava da forma como Valentina segurara sua mão e entrelaçara os dedos aos dela — andaram assim tantas vezes... Mas ali era diferente. Havia um sentimento a mais. Paixão. Qualquer coisa. Alguma coisa. Amor. A morena balançou a cabeça enquanto olhava o cardápio.
Ainda lembrava da sensação de Valentina deitando o rosto em seu ombro para observar as estrelas a noite, e como ela se lambuzava com pizza quente e muito queijo; e como ela gostava de beber refrigerante na garrada de vidro, ao invés da latinha.
Lembrava de quando Valentina lhe mostrara a pulseira fina em duas entrelaçadas de tiras de couro que sempre usava — desde os 12 anos — que era de sua mãe. Ela encontrou perdida em um suéter horrível — também de sua mãe. Juliana ainda lembrava da roupa que Valentina estava usando ao lhe contar que havia encontrado — uma blusa listrada e suja de tinta. E como ela havia ficado triste ao contar para Abby...
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Written in the Stars | Juliantina
Storie d'amoreEra um jeito de olhar diferente, nenhuma das duas tinha visto antes. Talvez por não esperar. Talvez por saber que, mesmo esperando, ainda era incomum. E o pensamento pairou por um momento, como nunca antes. E então, quando perceberam de fato, o cost...