— Será que a gente pode descansar agora? — Juliana perguntou para Valentina. As duas estavam em uma das salas vazias e escuras que os alunos das turmas de química usavam. — Por favor.
— A gente acabou de descansar Juls. Não tem cinco minutos que voltamos, pelo amor de deus.
A morena andava, inquieta, de um lado para o outro.
Valentina deixou o livro de história sobre uma das bancadas.
— Eu juro por Deus que um bebê consegue ter mais concentração que você. É por isso que você ainda precisa de mim pra salvar suas notas.
— Eu sei. A culpa não é minha se toda vez que eu pego num livro eu quero estar fazendo qualquer outra coisa.
— Claro que a culpa é sua.
— Você sabe que isso é ridículo.
— Se você não tivesse passado tanto tempo beijando a Misha na semana passada, não estaria tão difícil.
Juliana parou de andar e manteve os olhos em Valentina.
— Qué?
— Vai dizer que você não sabe do que eu tô falando?
— Eu sei, mas...
— É. Ela me falou outro dia. Eu passei pra buscar umas cervejas pro meu pai e ela perguntou de você. Dá pra acreditar?
Juliana deixou escapar uma risadinha sem graça.
— O que eu posso fazer? É fácil.
— O que?
— A situação casual em que me encontro com a Misha. Beijos por cerveja. Todo mundo sai ganhando.
— Você está se vendendo por cerveja.
— Eu poderia estar me vendendo por coisas piores. A Misha não é tão ruim.
— Ela é terrível. — Argumentou Valentina. — E ela está abusando de você. Daqui a pouco vocês vão estar transando e... — A loira se interrompeu no meio do pensamento. — Vocês já transaram?
— E você acha que eu faria isso sem falar com você antes?
Valentina cruzou os braços, ligeiramente incomodada com o rumo daquela conversa. Juliana arqueou uma das sobrancelhas, observando e absorvendo as reações dela.
— E eu não transaria com a Misha. Ela é legal, mas... É só isso.
— Só isso?
— É. É só uma coisa casual que não faz mal a ninguém.
— Ela é mais velha...
— E daí? Meu pai é muito mais velho que a minha mãe e ninguém tá reclamando. Ela tinha treze anos quando eles começaram a namorar e ele tinha mais de vinte.
— Não significa que seja certo.
— Val, você está vendo isso por um ângulo errado.
Valentina exasperou.
— Então qual o ângulo certo?
— A Misha é uma garota legal que me dá cerveja por um preço que eu posso pagar. Não é como se eu fosse me apaixonar ou namorar com ela.
— Não?
— Claro que não. Eu nem gosto dela desse jeito.
— E ela não gosta de você desse jeito?
— Não que eu saiba. Mas se ela gostasse também não seria um grande problema, a gente conversaria e ficaria tudo bem.
Valentina continuou com a genuína expressão de quem estava desconfortável com o assunto.
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Written in the Stars | Juliantina
RomanceEra um jeito de olhar diferente, nenhuma das duas tinha visto antes. Talvez por não esperar. Talvez por saber que, mesmo esperando, ainda era incomum. E o pensamento pairou por um momento, como nunca antes. E então, quando perceberam de fato, o cost...