Capítulo 31

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Dizem que quando você ama alguém você pode sentir isso. Você só sabe; é uma certeza tão profunda e potente que acaba virando tão parte de você que é corriqueiro, intrínseco. Você vive amando e apaixonado e tudo o que muda é o que existe em volta de você. No caso de Juliana, talvez ela soubesse disso há anos.

Para Valentina, assim como Juliana, os rumores eram supostamente verdadeiros, quando você ama alguém, você simplesmente sabe sem pensar duas vezes. Você pode evitar, tentar fugir, fingir que não existe e esconder tão profundamente dentro de você que é difícil lembrar que existe. Mas o amor nunca deixa de estar e existir.

Dar as mãos era uma coisa pequena para Valentina e Juliana, corriqueiro como o amor delas; elas estavam sempre se tocando; fosse no meio da noite, na mesma cama ou até quando eram apenas amigas e Juliana se via arrastada pelos cantos da cidade por um Valentina extremamente irritante. Quando eram pequenas também.

O toque era algo tão simples quando era significativo.

Naquela sexta feira de madrugada, quando Valentina acordou com muito frio, como se fosse uma maldita noite de inverno, a loira pensou que segurar a mão de Juliana parecia ainda mais delicioso. E era tudo o que ela precisava; a morena estava sempre quente o suficiente. Era como se o calor corporal delas combinasse — ou talvez a morena estivesse sempre na temperatura que Valentina precisava.

Por isso, ela se viu puxando lentamente as mãos de Juliana para fora das cobertas. Precisava do conforto e do contato. Como estava ao lado de Juliana, Valentina apenas puxou a morena para que as duas ficassem deitadas de lado, consequentemente abraçadas. Ela apenas se ajeitou o suficiente para estar encaixada na morena. Como gostava.

Se Juliana acordou, não importava, o fato era que ela sorriu no exato momento em que se aconchegou em Valentina. E quando a manhã seguinte chegou, as mãos de Valentina não estavam mais congelando, mas as mãos de Juliana ainda pareciam a coisa mais quente que ela havia sentido na vida.

A morena foi a primeira a sentar na cama, esfregando os olhos, enquanto Valentina ficava encarando o teto com um sorrisinho cheio de sarcasmo. Era só mais uma manhã entre elas, em que nenhuma das duas tinha muita coisa pra fazer, e poderiam perder um pouco de tempo juntas.

Mas havia algo muito mais profundo do que apenas a vontade de estarem juntas; algo que as permeava a uma eternidade e que era sempre a primeira característica de quando estavam perto uma da outra.

— Ei Juls. — Chamou em um sussurro.

A morena virou o rosto para Valentina.

— Sim?

— Eu andei pensando muito essa noite, tive um pouco de dificuldade pra dormir. Não sei se você percebeu...

— Acho que não. — Disse a morena, com um sorrisinho de canto. A única coisa que havia percebido era a movimentação de Valentina de madrugada, como ela foi de um lado para o outro na cama. E só acalmou quando elas estavam abraçadas por baixo das cobertas. — Eu dormi como uma pedra.

A loira fez um biquinho.

— Claro que dormiu, você nunca se importa comigo.

— É verdade. Ainda bem que você sabe.

— É justamente nisso que eu estava pensando. — Juliana arqueou uma das sobrancelhas, muito interessada na gracinha que estaria por vir. — Eu também não gosto de você. Nem me importo muito, mas acho que pra sobrevivermos esse ano... Vamos precisar ser amigas por um tempo.

A morena fez uma careta.

— Eu sei. Eu também não gosto muito disso, mas acho que vamos conseguir. Veja bem, você precisa passar de ano e eu preciso de uma parceira que seja boa o suficiente para me acompanhar em todos os projetos.

Written in the Stars | JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora