Capítulo 11

763 70 100
                                    

Com a proximidade do fim do ano letivo, as provas também começaram. Enquanto Juliana mantinha a calma durante todo o processo, Valentina estava desesperada com as matérias fáceis tanto quanto com as difíceis. E afinal, não existia matéria fácil — não em sua cabeça, mesmo que suas notas estivessem entre as melhores da turma. Juliana, brincalhona que era, dizia que tudo era um saco.

Valentina ficava puxando sua orelha — metaforicamente falando.

Na tarde de quinta, enquanto a movimentação no restaurante estava quase inexistente, Juliana e Valentina estavam aproveitando para estudar álgebra. Com a permissão da chefe, é claro. Valentina odiava números, e Juliana odiava ter que estudar qualquer coisa, de forma que a mistura das duas, estudando matemática, era quase caótica.

— O que é cosseno?

Valentina ergueu os olhos azulados para Juliana.

— Você não sabe o que é um cosseno? — Quando Juliana fez que sim, Valentina balançou a cabeça em negação. E então sorriu. — Não é possível.

— O que?

— A gente estudou o ano inteiro.

Ao invés de sentir pena, ou qualquer coisa do tipo, Valentina escolheu a implicância com Juliana.

— Bom, definitivamente a sua nota não vai só te colocar diretamente entre os idiotas, Valdés, mas... Cada dia mais eu tenho certeza de que você deve ser a rainha dos idiotas.

— Isso significa que você é minha súdita, então tudo bem.

— Às vezes eu fico torcendo para o dia em que vamos descobrir que na verdade você tem algum problema nesse seu cérebro estúpido.

Juliana continuava sorrindo, em clara provocação à Valentina.

— Como no dia em que você disse que esperava que um carrapato de veado tivesse rastejado em seus ouvidos e colocado ovos? Eu fiquei traumatizada. Eu era só uma pobre criança de seis anos.

— Se você ficou traumatizada com o que eu disse, imagina como eu não fiquei com você aparecendo com o rato morto no meu quarto.

— A gente não precisa lembrar de quando você quebrou meu braço, né? — Disse a morena, com um risinho faceiro.

— Eu não quebrei seu braço. — Defendeu—se a loira. — Você caiu sozinha. A culpa não é minha se você não sabe correr.

Juliana sorriu mais ainda, adorando aquele momento.

— Eu tanto sei correr que você não conseguiu me pegar, você precisou me derrubar. Você tem sorte que eu me recupero rápido. Eu poderia estar traumatizada pelo resto da vida, sabia? Foi uma queda feia.

Valentina fez uma careta ao lembrar.

Ela e Juliana eram pequenas, lá pelos dez anos. E estavam brincando, como sempre; foi um maldito acidente.

— A culpa é toda sua. Você que vive me provocando.

— É fácil te provocar. Você é meio idiota.

Valentina pareceu genuinamente ofendida, mas já estava acostumada o suficiente com o jeito engraçadinho de Juliana.

— Você não sabe o que é um cosseno, sendo que estamos falando disso tem um mês na aula, e você vai pra aula comigo sempre e eu que sou a idiota? Sinceramente, Juliana.

— Você é sempre tão carinhosa assim ou só tá me amando mais que o normal hoje?

— Juls, você vai reprovar desse jeito.

Written in the Stars | JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora