Sky.

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ᴊᴀsᴍɪɴᴇ.

Pode parecer dramático, mas eu já havia sido decepcionada antes. Óbvio, doía demais, mas chorar por alguém que me magoou mesmo sabendo dos meus sentimentos já era um costume.

Novamente, era eu por mim. Enxugando as próprias lágrimas em outra madrugada que terminou em desastre.

Quando cheguei em casa, jogando o chinelo em qualquer canto da sala, subi as escadas tão rápido que não demorei nem 1 minuto pra chegar ao banheiro do meu quarto.

Rapidamente desamarrei o biquíni e me desfiz das demais roupas. Abri o chuveiro na água gelada, eu precisava disso.

Sentir a água totalmente gélida escorregar pelos fios dos meus cabelos e meu rosto borrado pela maquiagem me fez fechar os olhos.
Algumas imagens das horas anteriores retomam meus pensamentos, o rosto dele, suas palavras que me atingiram como farpas, todas as coisas que eu disse.

Eu já tinha problemas demais, não pensei que o Rafe fosse se tornar mais um deles. E nem queria...

...

Por volta das 4h da manhã, eu acordei. Isso estava acontecendo de 30 em 30 min. Ainda não entendi o motivo repentino da vontade de chorar. Eu estava triste, isso era plausível, mas também com raiva.

Nós não somos muito novos pra isso?

Enrolada nos lençóis enquanto processava tudo, ouvi uma movimentação na residência.
No estado em que cheguei, prefiro que sejam sequestradores do que meus pais.

Fico nervosa e por mais que estivesse sentindo calor, não tiraria os cobertores. O silêncio volta a tona e tudo parece calmo demais até eu escutar a voz de Claire, saltitando próxima à minha porta. Tenho vontade de pular da cama e abraça-la o resto da madrugada, mas ainda não me parece o momento certo de sair do quarto.

Ouço batidas na porta.

Se fosse minha irmãzinha, já teria entrado, então não me atrevo a mover um músculo para abrir. E em poucos segundos, a porta é aberta numa lentidão torturante.

— Oi, filha...— A voz de Maxon me faz abrir a boca surpresa, paraliso por completo.— O papai chegou.

Sinto um aperto no peito e minha garganta fecha por tentar não chorar. A voz dele me passava tristeza, arrependimento e eu nunca o tinha visto falar daquela forma.

Ouço seus passos leves pra não me "acordar" e logo sinto meu colchão afundar. Maxon acaba de se sentar num espaço vazio em minha cama.

— Você provavelmente está me escutando, mas eu te dou total direito de não me responder e ignorar.— Ele estava certo.— Eu queria ter ficado aqui com você, filhota.— Suspirou.— Mas tem coisas que são para o nosso bem e nunca entendemos de início.

Maxon acaricia meus cabelos e eu prenso os lábios pra não deixar escapar nenhum som.

— Papai tentou te ligar, você viu. Eu sei que viu.— Não preciso ver seu rosto pra saber que ele soltou um sorriso.— Nós ainda iremos conversar em algum momento, no momento em que você decidir que quer falar comigo.

Maxon se levanta na minha cama e antes de se retirar do cômodo, deixou suas últimas palavras.

— Eu trouxe um presente pra você, cuide bem dele, por favor. Eu te amo, bonequinha.

A porta se fecha.

Sinto um vazio enorme novamente, as coisas numa mais serão as mesmas.
Corro pra trancar a porta, ninguém mais precisava entrar, eu não queria que ninguém mais entrasse.

Heartburn. || Rafe Cameron - Outer Banks Onde histórias criam vida. Descubra agora