† Prólogo †

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Existem dois tipos de pessoa, aquelas que acreditam nos sonhos e movem céus e terra para entender seus avisos. E aquelas que simplesmente ignoram os sinais, se você for a segunda pessoa, recomendo não achar a minha história loucura. Pois não é, o que aconteceu comigo é mais do que apenas um sonho ou um pesadelo cheio de significados. É a mais pura realidade humana.

— “Deixe-me compreender melhor, garoto.” — disse o único policial que deu ouvidos a minha história. — “Você está dizendo que quando dorme troca de lugar com outra pessoa?” — mesmo seu semblante estando sério, seus lábios diziam outra coisa, ele com certeza estava contando os segundos para eu deixar o local e ele começar a rir de mim descontroladamente.

— “Sim, senhor.” — respondi impaciente, já era a terceira vez que ele perguntava. Porra. Quanto custa ele acreditar em mim? Já que ele se interessou na minha história.

— “Olha garoto... Aqui é uma delegacia e não uma biblioteca onde você discute essas besteiras encontradas em livros e filmes.” — reviro os olhos e ele pigarra. — “Sendo assim, deveria voltar para a sua casa e dar uma maneirada na quantidade de fantasia que você está consumindo.”

— “Essa seria uma forma educada e leve, para perguntar se sou usuário de drogas?”

— “Não, mas se você continuar repetindo essas loucuras. Talvez seja necessário pedir um exame toxicológico.” — dou uma risada amarga, ele me perguntou três vezes e agora faz com que a situação me transforme num lunático que usa drogas vinte quatro horas por dia. Inacreditável.

— “Fique á vontade para fazer a solicitação, senhor.” — forço um sorriso — “Mas, a única coisa que encontrará no meu sangue é uma alta dose de açúcar que consumi, comendo as rosquinhas da recepção.” — ele revira os olhos e anota alguma coisa no papel que contém as minhas informações pessoais, que passei assim que a porta dessa sala de interrogatório se fechou.

— “Deveria ter mais respeito com um policial.” — murmurou, ainda anotando.

— “Perdão.” — digo, passando as mãos no cabelo, ele retira os olhos do papel e me analisa. — “Mas, foi o senhor que se interessou pela história, poderia pelo menos fazer um esforço para acreditar em mim.” — ele ri alto, soltando o papel e a caneta preta na mesa.

— “Você acha mesmo que meu interesse foi real? É claro que não, estava apenas evitando que um lunático como você, causasse confusão na recepção.” — ele enxuga as lágrimas que veio junto com as risadas — “Se você quer pessoas que acreditem em você, deveria ter ido para um manicômio e não procurar uma delegacia.”continua rindo, cada vez mais alto. Espero que esse porco engasgue com a próxima asinha de frango que degustar.

Meu Deus. Por que pensei nisso? Nunca fui de desejar a morte de ninguém, mas, sinto um leve desejo de matá-lo com as minhas próprias mãos. Oh céus! Pare com isso Mark!

Você não é dessa forma, tu és uma grande fonte de luz, que não deseja o pior nem para um tubarão. Não deixe as loucuras te dominar. Você é mais forte que tudo, nunca se esqueça disso.

O policial estala os dedos na minha frente.

— “Ah!” — pisco algumas vezes recuperando o foco. — “O que disse?”

— “Disse que o manicômio mais próximo daqui, fica há um km de distância.” — ele ri entre as mãos e se levanta. — “Irei te acompanhar, para não se perder.” — ele vêm com a mão para dar batidas na minha cabeça, mas a paro rapidamente com um reflexo que nem sabia da existência. Ele olha para a minha mão em seu pulso e fecha a cara. — “Solta!” — diz entre os dentes quando provavelmente sente a minha força aumentar.

— “Não!” — grito dando um salto da cadeira e apertando mais o pulso dele. — “Estou cansado das pessoas não acreditarem em mim. O que custa acreditar nas minhas palavras? Porra.” — sinto meu sangue ferver e aumento o aperto, sua expressão começa a mudar, mas prefiro ignorar. — “Toda vez que durmo, eu sou transportado para outro corpo e só consigo acordar quando a outra pessoa decide retornar. As coisas que ela faz... As imagens que vejo... Os sentimentos que volta para mim. Eu não aguento mais! Ah!” — grito, espumando de raiva e logo escuto um barulho de algo quebrando. — “Ai meu Deus! Perdão.”

Mil vezes merda. Eu quebrei o pulso do policial. O que está acontecendo comigo?

Nunca machuquei uma formiga e agora fui capaz de fazer isso? Como é possível?

— “Ah!” — o policial geme de dor e com a outra mão, aperta um botão embaixo da mesa. — “Seu desgraçado! Por que fez isso comigo?” — eu não sei, a raiva acabou me cegando. —,“se não estava gostando das piadas, deveria ter falado. Seu drogado de merda.”

— “EU NÃO SOU UM DROGADO!” — grito fortemente — “Nunca ingeri uma gota de álcool, quem dirá utilizar esse tipo de coisa.”

—“Eu não me importo, você é um drogado!” — grita entre os gemidos de dor. Logo alguns policiais invadem a sala e correm para socorrer o policial ferido. Uma policial me empurra contra a mesa segurando as minhas mãos e começa a me algemar.

Ela me joga na cadeira e fecha a porta, assim que os policiais levam aquele policial de merda para o hospital, sei lá.

—“Mark Sage...” — diz o meu nome assim que se senta na cadeira onde o porco estava.

— “Como sabe o meu nome? Eu só informei para ele.” — levanto a sombrancelha e ela dá um sorriso de lado, enquanto entrelaça as próprias mãos e posiciona em cima da mesa.

—“Você deve saber que as paredes tem ouvidos e numa sala de interrogatório existe câmeras e microfones.” — ela ri. Caramba, nunca imaginei que ouvir o som de uma risada seria tão delicioso. — “Sendo assim, eu estava observando vocês, Mark Sage.”

— “E acredito que assim como ele, deve achar que sou louco.” — reviro os olhos e ela ri outra vez. Meu Deus. Esse som é muito bom.

— “Não, nunca acharia que você é louco. Principalmente, para o primeiro da turma do curso de Química Forense.” — como é que ela sabe disso? — “Dei uma pesquisada em você, pela expressão que acabou de fazer, acredito que eu saber essa informação, lhe deixou curioso.” — ela sorri. — “Mark Sage, 22 anos, está no segundo ano do curso de Química Forense. É metade brasileiro e metade estadunidense, deixou o interior da Bahia aos 18 anos para estudar teatro aqui em São Paulo, aos 19 se apaixonou por química e lutou muito para está onde chegou.”

Uau.

Acredito que nem a minha mãe sabe tanto sobre mim. Então é assim que é ser um policial? Impressionante!

—“É bizarro você saber essas coisas...” — murmuro e ela solta sua risada perfeita. E dizer que apenas sua risada é perfeita, é puro eufemismo. Seu nariz redondinho e sua boca pequena e rosada, são de tirar o fôlego. Sua pele clara, cabelos loiros com um comprimento quase na cintura e seus olhos verdes água são uma perdição e eu não me importaria de cometer um pecado.

— “Quando se é policial, não é bizarro.” — ela diz, fazendo com que eu recupere o foco. — “Sabe Mark, eu Kinney Noon, acredito em você.” — congelo meus olhos no dela — “Mas, eu quero saber de tudo, desde quando começou, até agora.” — diz com um semblante sério.

— “Tá bom. Tudo começou quando...” — ela me interrompe.

— “Aqui não.” — diz se levantando, ela vêm até mim e me levanta. —“Eu sei um lugar perfeito e como você machucou um policial, não seria bom te encontrarem aqui.” — ela ri.

— “Você está certa.”

— “Sempre estou!” — ela pisca — “Vamos?” — pergunta abrindo a porta e verificando se não tem policiais por perto.

— “Vamos!”

(Foi escrito com travessão, mas o app pode acabar removendo 🤡)

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