Lowe Dee, São Paulo, 1998 - Meses depois do nascimento.
— Cadê a merda da mamadeira, Miguel? — eu gritava, enquanto tentava acalmar a bebê.
Está uma loucura desde que ela nasceu, não imaginava que cuidar de um bebê era tão difícil. Já fazem seis meses que estamos nessa e ainda não nos acostumamos. As nossas mães ficaram com a gente nos primeiros dois meses, mas depois que elas foram embora acabamos enlouquecendo. E o meu leite secando muito cedo, só piorou nossa situação.
Foi uma luta para fazer a Ana pegar o bico da mamadeira, parecia que era nós dois contra uma guerra mundial.Pois é, a nossa Ana Carolina é uma menina muito feroz e barulhenta. Não faço a mínima ideia a quem ela puxou. Resolvemos chamá-la dessa forma por causa do Miguel e do Nate, o Miguel queria Ana e o Nate queria Carolina, então para evitar brigas, registramos com os dois nomes.
Logo, quando o Nate ficou sabendo do nascimento, através da Beatriz, ele veio praticamente correndo para conhecer a menina. O clima entre nós dois não era mais o mesmo e eu não ter enviado nenhuma carta para ele, nos fez brigar feio pela primeira vez. Mas a culpa é totalmente dele, foi ele que me abandonou e não ao contrário. Sei que tenho uma parcela de culpa, já que cortei contato, mas ele escolheu viver o seu sonho, e, eu e a Ana Carolina não fazíamos parte.
A fim de evitar questões jurídicas no futuro, eu e o Miguel concordamos em deixar o Nate ser padrinho da menina e ser o responsável por ela, caso alguma coisa nos acontecesse antes da Ana alcançar a maioridade.Então, com os papéis completamente assinados, Nate voltou para o seu trabalho nos médicos sem fronteiras. E eu voltei a viver a minha vida feliz com o meu marido e a minha linda filha.
— Já estou levando! — gritou da cozinha. Que caos.
— Poderia se apressar? Sabe que essa menina não tem paciência.
— Conheço uma pessoa igual a ela. — disse rindo, assim que entrou no quarto.
— Idiota. — peguei a mamadeira.
— Eu sei que você me ama. — piscou e me observou alimentar a nossa filha.
É totalmente inacreditável como a gente acabou virando uma linda família da noite para o dia. Quem diria que o meu ódio por ele iria chegar ao fim e eu estaria aqui dizendo que essa bebê é nossa. Nossa herança e maior preciosidade das nossas vidas. O mundo é realmente muito louco, como dizem os artistas.
— Eu não amo você, Miguel. — dei uma risada leve e passei a mão pelo cabelo ralinho da Ana — Mas amo bastante a nossa menina.
— Você deveria me amar, eu sou seu marido! — cruzou os braços e eu continuei rindo.
— E daí? Você poderia ser o último homem do mundo e eu ainda não seria obrigada a te amar. — pisquei e ele saiu do quarto pisando duro, tão bobo.
Só que ele tem razão, eu amo ele.
Não tenho plena certeza de quando o meu ódio virou amor, mas ele cuidar de mim, acabou mexendo muito com as minhas estruturas. E talvez os meus hormônios alterados por causa da gravidez tenham ajudado nessa mudança de sentimentos. Só que nada mais importa.
Ele não precisa saber que eu amo ele, assim como eu também não preciso saber se ele me ama, pois eu sei que o amor entre nós é completamente recíproco.— Está tudo bem mesmo você ficar sozinha com a Ana Carolina, enquanto eu vou resolver umas coisas no estúdio? — ele disse voltando para o quarto, alguns minutos depois do seu drama.
— Eu já disse que está. — sorri e levantei para colocar a menina no berço — Não se preocupe com a gente, vamos ficar bem e você precisa cuidar do seu emprego, nossa herança não vai durar para sempre. — ele riu.
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Truth Or Lie?
Misterio / Suspenso16+ ═════ ✥.☠︎.✥ ═════ Mark Sage sempre foi uma pessoa muito fantasiosa, apaixonada por tudo que envolve mistério e mortes. Um pequeno fanático por filmes e livros de terror, digamos assim. Mas, ele nunca imaginou que no auge dos seus 22 anos, tudo...