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Nota: A narração da Lowe Dee nesse capítulo se passa no mesmo dia que a narração do Mark Sage. Como pode parecer confuso, irei explicar alguns pontos:

• Quando a primeira narração da Lowe aconteceu, foi um dia antes dos pais do Mark Sage chegar no apartamento dele. Caso não tenham percebido, o tempo na conexão deles é confuso, às vezes estão conectados, às vezes estão desordenados.

• Enquanto uma parte do subconsciente da Lowe participa do sonho do Mark, a outra parte observa o futuro através dele. Isso já tinha acontecido antes, mas apenas agora a intensidade aumentou, chegando ao ponto de se conectar com o Mark. 

• No primeiro capítulo ele disse que se sente sufocado quando dorme de porta fechada, ali a parede já está ficando rachada.

• A partir daqui já teremos uma conexão mais direta com o futuro, indo muito além dos sonhos, já que ambos estão transtornados o suficiente para o pior.

• No capítulo 5, é a Lowe que está no corpo do Mark, mas a conexão/intervenção não dura mais que alguns minutos. Neste capítulo, por causa de algo que ainda será falado, o Mark consegue ficar mais tempo nesse mundo. Espero que tenha ficado claro que num certo momento desse capítulo ocorre a troca.

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Lowe Dee, São Paulo, 1997 - Mesmo período de tempo

A manipulação humana é como um tabuleiro de xadrez, só que, ao invés de movimentar peças de pedra ou plástico, você está movimentando peças que respiram, comem, dormem, andam e acham que pensam livremente. Você faz com que elas façam o trabalho sujo por você, mas, chega num determinado momento que você pode acabar sendo enganado. A manipulação é como uma obra de arte, uma pincelada errada e já está tudo perdido ou algo novo surge do acaso.
Mas, o novo é esperado, o extraordinário é questionável e a perfeição é sufocada e estraçalhada.

Saber manipular é um dom. Ser enganado pela sua própria manipulação é um erro, burrice, um pecado imperdoável. Mesmo que surja um momento que o manipulador vire a vítima, você nunca pode se deixar levar. Nunca pode ser aquele que vai sufocar até a morte, se quer fazer direito, seja cauteloso e obediente. Seja a versão que você odiaria encontrar na frente do espelho na noite mais sombria do ano. Seja... Eu?

Ou seria você? Não sei. Só sei que, desde quando engravidei, me pego tendo esses pensamentos estranhos nos meus sonhos vazios e frios. Uma conhecida psicóloga do Nate disse que poderia ser a culpa me comendo de dentro para fora.

Culpa.

Uma simples palavra de cinco letras, seria o motivo para esses pensamentos tão conturbados?

Só que, de onde viria essa culpa? Não me arrependo de ter engravidado do Nate Orvelhas e muito menos dessa richa que vivo com o Miguel Albuquerque. A única coisa que me causa culpa é um acidente que sofri dois anos atrás.

Eu tinha acabado de tirar a carteira de motorista, então, resolvi convidar a minha melhor amiga para dar uma volta na cidade. E desde então, nunca mais dirigi.

Aquele dia foi como um conjunto de notas musicais ou passos decorados de uma valsa. Uma fração de segundos definiu tudo. Um copo de tequila. Dois carros. Uma batida. Três mortes. Um fim e um recomeço.

É assim que me lembro daquele dia, mesmo que eu sinta culpa, não é uma quantidade suficiente para me fazer questionar tudo e todos. E eu não fui a única culpada, acharam drogas no sangue do outro motorista, e por causa disso e do dinheiro do meu pai, consegui escapar da prisão.

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