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Quando a bomba explode, não ficam nem os destroços para contar a história. É assim que o poder das palavras funcionam, quando são lançadas fortemente, elas machucam e acabam com tudo. Completamente tudo, seja com um sorriso lindo ou um coração belo, elas perfuram você, sem aviso prévio, sem terem sido convidadas.
E quando você está machucado por causa dessas palavras, sua mente se transforma num caos, como se fosse um furacão de nível 5, e sabemos muito bem o resultado dessa visita.

Mesmo que seja algo bobo e pequeno, sua mente simplesmente não consegue diferenciar a verdade da mentira, e isso machuca muito mais, como se você tivesse pisado em vários pedaços de vidro ou andado por pedras em chamas. Muitas vezes, o ar até falta por causa da dor profunda que domina você. Pensar que apenas palavras têm esse poder, chega a ser ridículo. Inimaginável. Surreal. E a única coisa que você deseja, é que essa dor se transforme em lindas flores e suma da sua triste vida. Suma da tempestade que sua mente se tornou. Suma do peso que grudou em seu pequeno coração. Só desapareça.

Só que, não é assim que a realidade funciona, e aquelas palavras ainda rodam na minha mente e não sei por quanto tempo ficará aqui. E, sim, com certeza o universo tirou o dia para brincar com a minha cara. Mais que droga!

Dery? — o chamo baixinho e logo ele vem até mim, que ainda estava simplesmente parado na entrada da cozinha, parecendo um grande idiota.

— Sim? — diz em Português assim que se aproxima com uma sobrancelha erguida.

— O que você quis dizer com aquilo do sangue ser compatível, não significa nada? — ele me olha por alguns segundos, como se estivesse lembrando das próprias palavras e depois solta sua risada leve e fofa.

— Oh! — ele ri mais um pouco e coloca a mão no meu ombro esquerdo — Quis dizer que eu e você podemos ter o sangue compatível, mas isso não significa que somos parentes, apenas que podemos fazer uma transfusão sanguínea sem problemas. — abro a boca no formato de um “O”, dessa eu não sabia, já que nunca doei sangue e muito menos precisei.

— Isso é estranho... — murmuro e ele ri.

— Não é estranho, Markzinho. — ele ri mais um pouco e sua risada é tão boa de ouvir, ouviria essa risada até a morte, se fosse possível — Não podemos julgar que somos filhos dos nossos pais, apenas pela compatibilidade sanguínea. Podemos fazer isso através de um teste de DNA ou pelo quadro de Punnett.

Quadro de Punnett? — pergunto confuso e ele bate na minha cabeça — Aí.

— Santa merda, Mark! — ele xinga. Meu Deus. O Hendery xingando é muito sexy. Jesus, por que eu continuo pensando nisso? — Você está num fucking curso que precisa nem que seja da biologia básica. E você tem coragem de perguntar isso? — ri — Ou você dorme nas aulas de biologia ou as crianças do ensino médio são mais inteligentes que você.

— Tecnicamente, pessoas que estão no ensino médio não são mais crianças. — ele revira os olhos — E oque o ensino médio tem a ver com isso?

— Qualquer aluno do ensino médio sabe ou tem uma ideia do que seja o quadro de Punnett. — ele tira a mão do meu ombro. Frio. Gelo. Não sabia que sentiria falta do toque dele dessa forma.

— Você é o inteligente aqui, não eu.

— Você poderia pedir para fazer um teste de DNA.

— Você está louco? — dou uma risada nervosa — Você acha mesmo que meus pais topariam isso? Eles são muito paranóicos comigo, me protegem muito desde criança. Como se tivessem medo de alguma coisa.

— Talvez eles tenham. — Dery olha profundamente para os meus pais — É como se eles estivessem interpretando um papel, como se seus pais, não fossem seus pais. Fossem apenas atores com um longo roteiro.

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