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- "Calma." - diz a policial, interrompendo a minha fala - "Você troca de corpo com uma mulher? Qual é o nome dela? Como ela é?"

- "Não faço a mínima ideia." - suspiro, deixando a cabeça cair no encosto do banco - "Ela quebrou todos os espelhos da casa dela, então não sei como és tua aparência e seu celular é de botão, não tem câmera frontal e ela quebrou a traseira. Só que pela voz, parece ser mais velha que eu."

- "Então, você está voltando no tempo? Para quando exatamente? E por que?" - faço um movimento de levantar e abaixar os ombros, indicando que não tenho as respostas que ela tanto deseja.

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Lowe Dee, São Paulo, 1997 - 25 anos atrás.

Eu o matei?

Não.

Ainda é possível ver o seu peito subindo e descendo juntamente com uma grande corrente de ar saindo das suas narinas. Mas, eu não lembro como vim parar nesse beco e muito menos que tipo de celular aquele moço estava usando, só sei que era bem estranho, ele conseguia ver uma pessoa enquanto estava em ligação.

Que tipo de macumba é essa? Eu sabia que isso poderia ser feito por computador, mas por um celular? Uma coisa minúscula e tão maligna? Essa é nova.

Onde eu estou? E por que eu tentei matar aquele cara? Ele levantou a saia de uma mulher aqui no beco, mas não era da minha conta, mesmo assim eu senti uma raiva me consumir. Então, num pensamento rápido, quebrei um pedaço de madeira em suas costas. E foi tão gostoso fazer isso, só que tão errado.

Essa não é a primeira vez que sinto vontade de matar alguém e parando para pensar, talvez eu tenha trocado de corpo? Eu não sei, mas já tem um tempo que tenho tido uns sonhos estranhos e acordado em outra cama, no início achava que era um sonho bem lúcido, mas agora eu tenho as minhas dúvidas.

Não sei quem é a outra pessoa e nem que tipo de ligação tenho com ela, só espero que isso acabe logo. Não aguento mais duvidar da realidade, não sei se estou matando pessoas de verdade ou é tudo paranóia minha, nossa, será que isso também acontece com a pessoa dona desse corpo?

Ah! Eu sinto que estou perdendo o restinho de sanidade que me resta.

O homem que acertei, se levanta e me dá um tapa na cara, logo minha visão fica turva e sinto uma mão quente me balançar. Que foi isso?

- Amor! - diz uma voz masculina, enquanto balança levemente o meu corpo. Por ele ser médico, sabe que nesse tipo de situação, a agressividade não és a solução. - Lowe, acorde! Você está ensopada.

- Han? O que? - abro os olhos de forma agressiva e levo o meu corpo para frente me fazendo sentar. - O que foi?

- Você estava tremendo e suando muito, de novo... - diz num tom baixo. - Outro pesadelo? Ou o mesmo?

- O mesmo... - suspiro e passo a mão no cabelo. - Quando será que isso vai parar, Nate? - ele se senta e alisa as minhas costas.

- Em breve, meu amor. Só tenta relaxar, vou pegar uma água para você, essa exaltação toda não fará bem para o bebê. - ele beija a minha bochecha e sai da cama, eu acendo o abajur e tento controlar a minha respiração, minutos depois ele retorna.

O Nate é tão bom para mim, não posso dizer o mesmo do Miguel, o pai da minha bebê, bom, é o que todos acreditam que ele é. Mas, Miguel Albuquerque nada mais é do que um encosto na minha vida, um noivo arranjado, para ser mais exato.

Somos amigos de infância, eu, o Nate e o Miguel, mas fui prometida ao Miguel, por estar mais próximo da minha família na pirâmide imaginária que o meu pai criou. O Nate está cinco triângulos abaixo e por isso foi proibido de me ver, para não manchar a minha reputação ou atrapalhar o meu noivado. Loucura de papai, não minha.

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