Capítulo II - Sonho?

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Foram segundos agonizantes tentando me prender em algum arbusto. Fui deslizando e me machucando com pedras e madeira morta. Senti o braço ceder e soube que ali estaria um ferimento mais profundo. Quando toquei o chão o corpo todo estava pesado e dolorido. Ao longe ainda podia ouvir a tribo e suspirei aliviado sabendo que alguns hematomas foram a escolha certa. Com dificuldade me sentei para ter noção do estrago e vi minhas vestes além de muito sujas, mim rasgadas. Tive que rir ao me imaginar contando essa história para o Dylan, do jeito que era falaria com gosto que tinha avisado. Vi ralados e sangue por todo lado, me mexi apoiando na rocha e senti a ironia do momento ao estar de frente a cachoeira. Era a vida caçoando de mim novamente

Movimentei as pernas notando que estavam bem. Braço direito, ombros intactos e a surpresa foi com o esquerdo que estava fora e dolorido. Dos danos de certo o menor. Tirei as roupas convicto de que não andaria por lugar nenhum até o amanhecer e por ali estaria seguro.

Água extremamente gelada confortando meu corpo dolorido. O suspiro de satisfação foi inevitável. Mergulhei tirando toda sujeira sentindo o corpo arder e se anestesiar em seguida.

Nadei um pouco aproveitando a paisagem que certamente desenharia mais tarde. Um Éden na selva. Lua cheia, alta no céu estrelado que clareava as águas e a folhagens escuras. De longe um dos lugares mais bonitos que passei desde que estava vivo. Guardei na memória e em breve passaria ao papel. Estando com a pele enrugada pensei em sair e me alojar em algum canto para dormir e antes disso ouvi uma voz doce e extremamente agradável.

Ponderei sobre arranjar mais alguma confusão por hoje, mas como se estivesse enfeitiçado me vi atravessando a cachoeira em busca desse som melódico quase que angelical. Ao avistar a figura feminina a frente tive meus instintos primitivos aflorados.

Era a mulher mais linda que já tinha visto e cheguei a me perguntar se havia batido a cabeça durante a queda tamanha sua beleza e magnetismo. Estava certo de que era uma alucinação. Aquilo não podia ser real. Pele morena levemente brilhosa indicando bronze e cabelos negros até a cintura a compunham. Silhueta fina e abdômen liso. Sem inibição subi os olhos para seus seios naturais, bonitos e desnudos. Mesmo vidrado apreciei o que julguei ser loucura ou imaginação sem nenhum pudor. Subi mais pouco e encontrei seus olhos âmbar que me fitavam intensamente fazendo meu coração disparar. Senti as bochechas esquentarem ao estar sendo observado da mesma forma com que fazia e quando ela sorriu nada mais fez sentindo. Como era possível existir uma mulher dessas? Notei que não conseguia me mover e tentei absorver todos os detalhes dessa nativa que parecia a vontade ao ser observada

- Olá – quis saber se era entendido – me chamo Zac – acenei devagar sentindo meus músculos tensos ao ver ela inclinar o rosto do pecado e manter o sorriso sedutor nos lábios – consegue me entender? – permaneceu muda e eu me frustrei – meu nome é Zac – tentei de novo e prendi a respiração quando ela se aproximou rápido me tocando. Senti sua mão no meu peito e seu rosto acabou ficando próximo demais. Em um calor súbito sem saber como reagir tive minha barba acariciada e meus batimentos acelerados. Fechei os olhos agora já tendo certeza de que era um sonho e eu teria o beijo dessa alucinação que já tocava meus lábios me causando calafrios. Me preparei para o momento e só senti uma dor aguda no ombro. Soltei o ar depressa assustado e mexi o ombro que antes estava fora do lugar e agora parecia novo

- Melhor? – a olhei impressionado com a pronúncia perfeita e impactado por todo o feitiço de instantes

- Obrigado - ela agora não me tocava e já não estava tão próxima, mas ainda sim me sentia em chamas

- Você não devia estar aqui – se distanciou ainda mais me despertando

- Por favor não vá embora – disse sem saber por que estava pedindo vi seu arquear de sobrancelhas que me intimidou. Puramente selvagem – não vou machucá-la – ela sorriu minimamente parecendo desconfiar do que disse e continuou se afastando até chegar perto da queda d'agua

- Volte para onde veio – vi em seu semblante seriedade enquanto ia para outra margem

- Espere! – tentei alcançá-la - Vou te encontrar de novo? – Disse mais alto sem me importar com que ela me pedia só queria mais algum tempo em sua presença - ela sorriu e saiu da água graciosamente me dando a visão completa de seu corpo nu antes de tampar-se com que julguei ser um vestido adaptado

- Diga-me pelo menos seu nome - disse ainda mais alto já a perdendo de vista. O silêncio foi minha resposta e os uivos dos lobos me deixaram alerta para procurar um lugar alto para dormir.

Zanessa - Colors of the WindOnde histórias criam vida. Descubra agora