Capítulo XIV - Justiceira ou índia?

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- Dylan – sussurrei sem sono e não tive resposta. Ouvia a chuva forte do lado de fora e as janelas altas da cela deixavam o ambiente congelando. Duvidei do fato de aguentar mais este dia e já cansado me encostei cabisbaixo esperando pelo momento de os dedos congelarem. Em um misto de angústia e aceitação expirei forte notando a condensação do ar ao fazer uma pequena fumaça perto da minha boca.

Tentei aquecer a mãos ao esfregá-las e despertei ao ouvir um assovio até que conhecido. Esperei mais um pouco até escutá-lo novamente e saber que ela estava ali

- Nessa? – Levantei-me tentando ficar mais perto da janela que era alta demais para subir

- Aleluia te encontrei – meu sorriso foi gigantesco ao ouvi-la– tem mais alguém com você?

- Aqui onde estou, só eu e Dylan

- Tem algum jeito de os tirar daí?

- Por dentro não... as celas são baixas e não tem em que se apoiar

- Vá para o fundo da cela e fique abaixado, diga o mesmo ao Dylan. Volto já - Uns 15 minutos depois ouço um cavalo se aproximar

- Me ouves?

- Sim

- Estão prontos? – olhei Dylan que afirmou e sorriu se abaixando

- Prontos!

- Muito bem... estou com dinamites nas paredes e vou estar à frente no primeiro caminho de terra com dois cavalos. Assim que a parede se quebrar. Corram para lá. Conseguem?

- Dylan está ferido – ela ficou um tempo sem responder e depois só ouvi

- Pronto, os cavalos estão posicionados. Assim que a parede quebrar te carrego Dylan – o sorriso do mais novo foi imenso – não tenhas medo!

- Achas que fui corajoso?

- De longe o habu mais corajoso que conheci – vi seus olhos voltarem a ter um brilho alegre e agradeci por ela estar o distraindo da tensão do momento – e Zac?

- Oi?

- Prometa-me que depois que sair daí irá embora da cidade

- Irei – falei convicto

- Se preparem – cada um foi para um canto da cela e se abaixou tampando os ouvidos. O estrondo foi iminente e despertou a todos. Em meio a fumaça vi ela sorrateira indo de encontro ao Dylan e me juntei ao seu lado

- Deixa comigo, consigo levá-lo – passei seu braço ao redor do meu pescoço

- Certeza? – ouvi a cavalaria chegando e sons de tiros sendo disparados

- Nessa estou com medo – Dylan estava exausto e tinha passado por muito

- Mais um pouco e atrás daquelas árvores terás um futuro habu. Consegue ajudar seu irmão? – ela limpou o rosto sujo de pó dele e me fitou – vá depressa – obedeci tendo que acelerar o passo ao ouvir tiros.

Lamparinas começaram a aparecer assim como os curiosos que assustados com a confusão procuravam se esconder dos tiros cegos da cavalaria. Vanessa havia explodido todas as paredes para que todos os presos saíssem e dessem melhor chance de fuga a nós.

No meio do caos entre fugitivos, homens de lei e poeira ouvi o grito do xerife

- EU QUERO AQUELA INDIA – o vi montar em seu cavalo e vir em direção a nós

- Sigam sozinhos daqui

- Vanessa

- Tu tens que cuidar do seu irmão, ande

- Me prometa que voltara

- Prometeste primeiro que iria embora

- E irei – segurei sua mão – assim que estiveres comigo

- Nessa – Dylan clamou

- Coragem! – sorriu deixando meu desenho em minhas mãos e se esgueirando pela mata. A olhei até onde deu antes de posicionar Dylan no cavalo

- Consegue ir sozinho?

- Traga-a para nós! Espero vocês depois da clareira

- Se cuide – o abracei 

- Prometo -retornei ao fogo cruzado

Corri fugindo de tiros até alcançar uma tocha que serviu para colocar fogo na carroça a frente. A fumaça preta ajudou a dispersar a cavalaria e nos deu cobertura para ir adiante. Avistei Vanessa ao longe no cavalo sendo perseguida por Tucker e mais seis guardas

- Suba – me assustei a avistar a índia que nos encobriu na aldeia na última vez em que lá estivemos

- Por que deveria confiar em você? - Vi sua flecha e machadinha afiada

- Pela Aponi. Precisamos libertá-la – olhei seu semblante sério e carrancudo. Decidi confiar, por fim era a única forma de chegar à tempo até Vanessa. Subi no cavalo e fomos rápido nos juntando a trilha dos que a perseguiam  

Zanessa - Colors of the WindOnde histórias criam vida. Descubra agora