Capítulo XII - Mundos distintos

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Quando cheguei em casa estranhei o silêncio nas redondezas. Abri a porta e vi a cama desfeita de Dylan. Me preocupei ao ver que ele não estava por ali. Procurei com vizinhos e ninguém se dispôs a dar alguma informação. Notei pelo semblante assustado de uns que algo havia acontecido e com coração a mil me direcionei a delegacia torcendo para que minha intuição estivesse errada

- Estava a sua espera – vi o sorriso infame do xerife Tucker – seu irmão dizia-nos que não tardarias a chegar

- O que fizeram com ele? – estava com raiva

- Um jovem forte por assim se dizer- riu- no momento está apagado devido a respostas duvidosas

- Duvidosas?

- Meu caro – seu charuto formou uma fumaça enjoativa no recinto – quando planejavas contar que estavas aos encontros com uma selvagem?

- Não sei do que falas – tive medo de estar com seu cheiro em mim e entregar os últimos acontecimentos

- Reconheço seu esforço para encobrir suas saídas, mas eu estive observando e não há o que negar. Devias tomar cuidado por onde deixa suas coisas – vi o desenho de Vanessa com ele – um delírio não? – fechei o punho pronto para agredi-lo

- O que queres?

- Negociar – de novo aquela fumaça me tomou os pulmões

- Devias ter vergonha em manter inocentes aqui e gastar seu tempo fazendo algo realmente bom para cidade – seu riso me enervou

- Veja só, um tempo com selvagens e já tão igual. Vou direto ao ponto. Me digas onde fica a aldeia que os deixo ir

- Nós vamos embora de qualquer jeito e mesmo que queria saber eu não o consigo dizer

- Não mintas

- De fato não sei onde é aldeia

- Escute-me caro, até que se recorde da localização por aqui o ficaras – fui escoltado até o porão onde ficavam as celas. Vi Dylan desacordado e com tão pouco cuidado fui jogado no lugar sem luz na cela da frente.

- Essa índia que defendes serás a primeira a ser civilizada

- Por que fazes isso? São neutros e mal podem se defender

- Tenho assuntos particulares com essa em questão – mostrou o braço mordido – devias ver a selvageria com que me atacou

- Não acredito que ela tenha o feito sem antes você a ter feito mal

- Tu mais do que ninguém sabes o desejo que essa índia pode causar – engoli em seco – querer prová-la não pode ser considerado um pecado. Seu desenho retrata bem isso – o guardou no bolso – nos vemos em breve quando estiveres disposto a negociar

- Me perdoe Dylan – sussurrei quando estava só encostado no canto frio da cela – devíamos ter ido embora enquanto era tempo.

Distante dali na Aldeia

- Não acredito se entregou a um yank - Monique

- E eu não acredito que não o tenha feito antes

- Aponi desonraste seu Awa (pai na língua indígena) e toda sua linhagem

- Sei disso – suspirei – tente entender

- Tu não podias ter caído em desgraça maior – vi seus olhos cheios de lágrimas e fiquei calma

- Não se abales

- Como podes pedir isso? Sabes que assim que Awa chegar seu fim é certo

- E eu não poderia ir mais feliz

- Aponi – me olhou desesperada

- Sabes melhor do que ninguém que eu nunca me entregaria a outro se não há quem minha alma queimasse – a fitei

- Justo ele?

- Torço para que um dia se sinta como eu ontem. Ele não possui riquezas ou maus costumes é um homem como qualquer outro de nossa aldeia

- .....

- Respeite minha escolha e entenda que o que eu tinha de mais precioso o quis dar – ela pegou minha mão a afagando

- Então fuja para que com ele fique

- Não os deixarei e não fugirei de minha desonra

- Há quem ela vai importar quando nenhum de nós restar? Se tens a chance de ser feliz por que não o escolhe?

- Por que sozinha não posso mudar grandes cenários e se for para prejudicá-los cabe a mim a distância

- Tens coragem

- O que tiver de ser será 

Zanessa - Colors of the WindOnde histórias criam vida. Descubra agora