Capítulo X - Perigo

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Algumas semanas se passaram desde que ela nos deixou na cabana em segurança e Dylan agora também queria vê-la com frequência e alegava até saudades do nosso tempo juntos. Com os últimos acontecimentos não a encontramos na cachoeira em nenhuma das vezes em que fomos. O xerife Tucker agora organizava rondas durante o dia e a noite impedindo inclusive que saíssemos da cidade quanto estava de mal humor

- Quer tentar ir de novo hoje?

- Acho que ela não vai estar Z

- Onde está o ânimo? Temos que ser persistentes

- Dessa vez acho que vou ficar, o dia na lida me cansou muito – ele parecia mesmo exausto quando se deitou

- Quer que eu traga alguma coisa?

- Gostaria de algumas frutas

- Volto já e não abra a porta para ninguém

- Se a encontrar diga que mandei um oi

- Boa noite – o cobri bagunçando seu cabelo

Com agilidade me desviei dos caminhos de patrulha pegando a trilha já conhecida. Minha surpresa foi me deparar com uma lamparina no meu rosto

- Vagando novamente a noite Sr. Efron?

- Xerife – me assustei – o que faz aqui?

- Eu que pergunto, tenho notado que anda vindo bastante para esses meios, encontrou algo interessante? - seu olhar me deu calafrios

- Na verdade gosto de vir para espairecer

- A noite? – notei a desconfiança e liguei o alerta máximo

- Durante o dia estou na trabalhando na ferrovia, algum problema? - confrontá-lo com o óbvio fez sua postura arrogante diminuir

- Já o avisei sobre os nativos

- Já sim... inclusive preciso dizer que não encontrei nenhum desde que aqui estou. Tem feito um ótimo trabalho nos mantendo em segurança – joguei com seu ego vendo sua feição suavizar

- Sim - se vangloriou - não meço esforços para que a civilização chegue a todos! Fique de olhos abertos e não demore a voltar. Sabe como é com a iluminação baixa é fácil confundi-lo com um selvagem – forcei um aceno engolindo em seco vendo sua arma e o vi se distanciar

- Vou precisar redobrar os cuidados. O que ele faz aqui de madrugada? – com a cabeça matutando esperei um tempo para ver se não era seguido antes de me esgueirar pela vegetação. Cheguei suado a cachoeira e não tive sinais delas. Frustrado como sempre bufei resolvendo me refrescar. Me despi escondendo as roupas no alto de uma árvore e mergulhei

O silêncio que antes me relaxava agora era um incomodo e estar sozinho ali não era nada deslumbrante. Fiquei um tempo flutuando enquanto olhava o céu estrelado e demorei para perceber seu reflexo atrás da queda d'agua

- Nessa? – tinha dúvidas tentando enxergar

- Oi? – sua voz estava baixa parecendo desanimada

- Oi – sorri nadando para mais perto e passando a grande cascata. Como se fosse um cenário de filme do outro lado tinha uma caverna onde ela estava sentada – Ei Nessa - cumprimentei animado antes de notar que ela estava encolhida – o que houve? – corri para perto me abaixando e notando um ferimento coberto em seu braço. Reparei em seu rosto um misto de angústia e dor

- Yanks – me olhou demonstrando raiva

- Como aconteceu? – sussurrei tocando sua face e preocupado com seu desgaste

- Não vale a pena dizer.... quem fez o ferimento agora já não pode me machucar – entendi que a situação tinha sido intensa. Optei por não puxar nenhum assunto ao notar que ela estava exausta e só me sentei a puxando para mim. Pensei que teria relutância, mas não, ao contrário ela se encostou no meu ombro e pareceu descansar – estava com saudades – sorri vendo seu olhar

- O que veio fazer hoje aqui? – sussurrou

- Trazer um oi do Dylan – ela riu

- Mesmo? - questionou amuada 

- Julguei ser importante! Ele estava cansado para vir junto – acariciei e senti o perfume de seus fios - estava aqui a muito tempo?

- Desde que chegou

- Por que não me chamou?

- Te ver me acalmou

- Então estava apreciando a vista em segredo? – ela riu pela primeira vez na noite

- Não era segredo, você que não me notou

- Minha frustação a escondeu de mim...

- Reparei mesmo um semblante meio sério

- Por que está vestida hoje? – mudei de assunto observando sua bata bonita

- Não ando por aí despida sempre – riu - na verdade só na cachoeira mesmo

- Mas você retratou a nudez como algo tão normal

- E ela ué – disse simples – mas nem todos enxergam assim. Ainda se incomoda com isso?

- Não com você – demostrei estar totalmente à vontade e ela sorriu

- Que bom – ficamos em silêncio com ela encostada em mim respirando suavemente e eu fiquei aproveitando sua companhia 

- É incrível que mesmo aqui nessa caverna a Lua ainda consiga iluminar - comentei encantado com o redor

- As águas são refletidas na parede por isso fica claro - ficamos em silêncio

- Nessa - quis tentar

- Hum? – me virei um pouco fazendo-a se desencostar – posso usar minha exceção com você?

- Quer me beijar? - a inocência da pergunta me desfaleceu

- Mais que isso - toquei seu rosto com a mão tremendo 

- O que queres de fato? - não excitei ao responder 

- Você – olhei os olhos âmbar ganharem um brilho intenso e perigoso

- Veio até aqui para isso?

- Venho todos os dias – demonstrei meu desespero – já não consigo mais segurar meus instintos e delírios e suprir a falta que sua companhia me faz

- Então desvista-se dos valores morais desse seu povo – ficou sobre mim me encarando como presa – solte sua verdadeira essência e mostre quem és - engoli em seco percebendo minha vulnerabilidade a si - gostas do perigo? - meus batimentos estavam acelerados com a tensão sensual do momento - gostas de estar comigo e do risco que isso lhe traz?

- Não - fui sincero tentando administrar meus sentimentos - não gosto do risco - assumi - por mais que em algum momento no início ele me empolgasse agora quero que entenda que é mais que isso. 

- Cuidado com seus anseios 

Zanessa - Colors of the WindOnde histórias criam vida. Descubra agora