Capítulo III - O xerife

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Na manhã seguinte assim que consegui enxergar para onde estava indo rodei por horas mata adentro até achar uma rota que me levaria de volta a civilização. Cheguei até cedo considerando a distância e agradeci não ter muitas pessoas de fora. Seria embaraçoso descrever meu estado e onde estava. Já próximo ao acampamento senti um frio na espia ao reconhecer uma arma em meu encalço

- O que fazes aqui? – prendi a respiração antes de reconhecer quem era

- Xerife Tucker – me virei devagar

- Você quem é? – ele estreitou os olhos ainda apontando aquele bendito revólver

- Zachary trabalhador das obras nas ferrovias senhor – ele cuspiu de lado e guardou a arma

- O que aconteceu contigo rapaz? Parece que brigou com um urso

- Me perdi em um passeio ao entardecer – confidenciei me protegendo de um interrogatório

- Encontrou nativos? – vi seus olhos ficarem escuros e estranhei

- Não xerife. Pisei em falso caindo em uma ribanceira

- Você teve sorte. Não saia mata adentro. Existem selvagens capazes de tudo por lá – engoli em seco – e não fique rondando pela minha cidade com trajes em frangalhos

- Não irá acontecer novamente - ele saiu e eu corri para dentro da cabana improvisada

- Se metendo com o xerife Tucker, está louco Zac?

- Calma Dylan

- Onde esteve? O que aconteceu contigo? – sussurrou tentando não acordar os demais trabalhadores da ferrovia que se alocavam nas cabanas ao lado

- Preciso te contar – sorri me lembrando da bela moça

- Pelo seu sorriso boa coisa já sei que não é

- Dylan encontrei a mulher mais linda que já vi – me sentei na cadeira simples de madeira recordando seus traços

- Pronto, bateste com a cabeça?

- Ainda não falei da voz! Era como se um anjo cantasse – me levantei animado – seus cabelos negros caiam em cascata e seu olhar era tão intenso que por instantes senti que ela via minha alma

- Zachary fale baixo, quer nos arranjar problemas? – me puxou para a cadeira novamente

- O que há?

- O xerife começou a fazer rondas noturnas a procura de nativos pelas redondezas e comunicou que se encontrasse algum colono que estivesse ajudando ou interferindo na civilização dos selvagens iria para cadeia e tu agora me aparece falando deles?

- Quem ele pensa que é!?

- A autoridade da cidade e nós – me fez olhá-lo – só estamos aqui de passagem construindo a rodovia

- Sei disso

- Então não delire com nativas bonitas e nem nos coloque em encrenca

- Você me ouviu quando disse que ela é a mulher mais bonita que já vi? – vi ele revirando os olhos

- Ouvi! E você me ouviu quando disse que se for visto com nativos pode ser preso?

- Já mencionei que a encontrei nua? – vi seu interesse brotar

- Como? – puxou a cadeira sentando-se de frente

- Noite de lua cheia, água gelada e seu reflexo sedutor sendo visto na cachoeira

- Não blasfeme comigo, ela não se escondeu?

- Estava completamente confortável – me lembrei

- Como ela é?

- Como a fruta proibida do Éden

- Perfeita assim? – seus olhos brilhavam e este era o Dylan encantado por histórias que eu conhecia. Me animei em despertar seu interesse

- Seios desnudos firmes e rosados, lábios que descrevem a malícia e olhos que veem a alma

- E como se chama? – bufei voltando a realidade

- Não sei.... ela não disse

- Ela pelo menos lhe entendeu?

- Falou nossa língua com perfeição – sorri atordoado

- Vai tentar revê-la? – vi que estava sério, mas curioso

- Daria tudo por mais algum segundos a tendo por perto

- Zachary o xerife....

- Dylan não se preocupe. Ele não tem como saber que estive com ela. Ninguém tem – sorri suspirando

Zanessa - Colors of the WindOnde histórias criam vida. Descubra agora