Capítulo VII - Guerras Territoriais

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- Não acredito que trouxeste Yanks para aldeia - Monique

- Monique eles estavam feridos - Vanessa

- E o que temos com isso?!

- Uyara os feriu

- Devia ter deixado os lá

- Não seja insensível

- Roubam nossos recursos, destroem nossas casas, escravizam nosso povo e você ainda se preocupa em gastar as poucas ervas que nos restam para cuidar deles? – Dylan e eu ouvíamos a conversa enquanto estávamos dentro da tenda. Eu deitado com ervas sobre o peito e ele sentado cabisbaixo – não traga a desonra a nossa tribo. O que seu Waha vai achar disso? (Waha = a pai)

- Vou levá-los de volta assim que tiverem condições  – nos olhamos ainda prestando atenção na conversa delas

- E veja se para de sair as espreitas, como filha do líder todos esperam que sua conduta seja em prol do bem-estar do nosso povo

- Sei disso

- Então seja racional, te dobrei diversas vezes por esse Yanks, mas trazê-los aqui é inadmissível. Preciso te lembrar o que esse povo fez a sua mãe?

- Não, assim como não precisar soar agressiva desse jeito

- Vou dar cobertura para que consigam sair sem serem vistos. Se nos verem sobrará até para mim. Sairemos pela madrugada e até lá diga para não saírem dessa tenda. Uyara ficará em frente

- Sério, fazê-los prisioneiros em nossa aldeia?

- Alguma ideia melhor? O risco em mantê-los aqui já é grande. Se deixarmos que saiam e alguém da nossa tribo os encontrar não consigo nem pensar

- Ok entendi – ela entrou nos olhando – como se sentem?

- Não queríamos causar problemas – a olhei com sinceridade

- Os problemas são causados naturalmente, vocês estarem aqui não interfere no que já aconteceu – me olhou calma

- O que fizeram com sua mãe? – Dylan

- A perdemos quando um homem atacou nossa antiga aldeia – eu e Dylan nos olhamos

- Sinto muito

- Não tivemos muitas chances de defesa – ouvi seu suspiro e ela se aproximou sentando-se do meu lado – você não deveria ter ido para cima da Uyara

- Fiquei tenso, já pensando no pior – olhei suas mãos percorrerem meus ferimentos com cautela

- Uyara quer dizer dominadora. Se tivessem ficado parados ela não teria avançado – olhei Dylan – mas entendo que tenham tido medo

- Ela é imensa – Dylan falou – como conseguiu domesticá-la? – ela sorriu para ele

- Não domestiquei – nos olhamos – ela continua sendo livre na natureza, só se adaptou ao convívio na aldeia

- Quer dizer que se eu sair ela pode me atacar de novo? – Dylan

- Pode – disse simplesmente me arrancando risos da feição de desespero do Dylan – mas fique tranquilo que não deixarei

- Por favor – respirou fundo

- Volto já – saiu nos deixando a sós

- Ela gosta de você

- Como sabe?

- Se não gostasse estaríamos mortos e preciso dizer que agora compactuo de seu fascínio. A beleza além de exótica é hipnotizante

- Entende meu lado? Não quero deixar de vê-la só porque os outros julgam que não somos semelhantes.

- De fato não são e uma hora vai ter que enxergar isso, mas vejo magia em vocês

- E o que opinas?

- Que corram desse sentimento Zac e não digo por nós. Você viu que ela também tem sofrido com a guerra da civilização e mesmo que estejas apaixonado não corra este risco – suspirei cansado - vamos ter que ir embora pela madrugada como ouviu

Paramos a conversa quando ele notou meu abatimento e até termos o passe livre não saímos da tenda. Vanessa demorou a voltar e quando apareceu estava com mais pinturas pelo corpo e agora penas coloridas faziam parte de seu vestuário. Vimos a rejeição no olhar da outra índia que nos ajudava a sair pelas espreitas

- Não demore para retornar – ela falava com Vanessa ignorando nossa presença – aqui é até onde vou

- Obrigada Monique

- Cuidado pequena. Use a sabedoria e seja ágil para voltar. Yanks estão pelas redondezas

- Voltarei em segurança. Até lá me cubra com Waha – ela se despediu nos deixando só – fiquem perto de mim e ao menor sinal de perigo não entrem em pânico – disse olhando especificamente para Dylan

- Vou tentar – ficou sem graça

Nos esgueiramos mata adentro e reparei que fazíamos um caminho diferente. Não tínhamos tochas ou instrumentos que facilitassem a rota fechada. Era só ela na frente nos guiando e atenta a tudo

- Se abaixem

- O que houve? – sussurrei puxando Dylan para perto e notando um grupo de homens armados – o que estão fazendo? – vi sua atenção fixa nas gaiolas que prendiam filhotes de macacos

- Vão em linha reta e encontrarão uma pedra grande com uma fenda grande. Entrem e esperem que eu apareça para saírem

- O que vai fazer? – segurei sua mão em um impulso

- Liberta-los claro

- Estão armados – sussurrei percebendo a aproximação

- Sim estão. Agora se apressem antes que sejam vistos

- Posso conversar com eles, não podem me machucar – ela me olhou séria

- Sem querer julga-los, estes homens não me convencem de que irão poupa-los

- Ela está certa Zac. Esses homens não vão nos poupar por sermos semelhantes e preste atenção Tucker está ao fundo – me puxou mesmo eu estando contrariado

Zanessa - Colors of the WindOnde histórias criam vida. Descubra agora