Capítulo XVI - AWA

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Encontrei Vanessa e Tucker ainda em luta corporal com ela tentando não cair penhasco abaixo com aquele homem a empurrando. Juntei todo o folego que tinha para acertá-lo e trazer Vanessa para perto

A tirei da beira do precipício e entrei na frente quando Tucker com a arma tentou acertá-la. Meu braço doeu com o tiro de raspão, mas o soco em seu rosto foi certeiro para desacordá-lo

- Precisamos sair daqui

- Monique?

- A deixei com o cavalo do Tucker, vai ficar bem – passei a mão por seu rosto a abraçando - acabou – suspirei cansado

- Uyara?

- Muito ferida - me recordei de vê-la deitada no canto da caverna quando passei correndo

- Não tenho forças para andar – sorri minimamente com a regalia de ainda poder ser útil e sair com ela em meus braços

- Vem cá - a peguei no colo com cuidado e gelei quando me virei e o cacique nos fitava com o arco esticado

- Awa – Vanessa desceu e ficou na minha frente

- Fostes longe demais - não entendi a conversa entre eles e Vanessa não quis traduzir

- Não o machuque por minha desobediência - segurou minha mão - não escolhi amá-lo, mas posso escolher ficar se deixares o ir

- Para desonrar ainda mais nossa tribo?

- Podes acabar com ela neste instante se o quiser, só mire essa flecha na pessoa certa. A desonra é minha, não o faças nada

- Ele te encantou, lançou lhe um feitiço para negar suas origens. Merece o fim – vi ele mirando e mais uma vez ela ficou à frente

- Então puxe para que com essa flecha acerte nós dois

- Aponi

- Não há diferença entre ser deixada em exilio e essa flecha – percebemos ele respirando fundo e quando ficou nítido que dispararia fechei os olhos segurando sua mão e esperei

Sem ar e com coração aos saltos nenhum de nós teve coragem de se mexer e quando me dei conta de que não tínhamos sido feridos o fitei vendo sua postura rígida. Olhei para onde seus olhos estavam fixos e Tucker estava com a flecha atravessada no peito. Estávamos tão imersos no momento que não reparamos que o mesmo havia acordado e estava com a arma em nosso encalço. Em sinal de imperatividade acertou-lhe outra, desta vez na face acabando com sua agonia e abaixou o arco encarando Vanessa

- Vamos – ela me puxou percebendo meu choque

- Ele pode mirar em nossas costas

- Não olhe para trás - ela me puxava

- Vanessa é seu pai

- Não cabem sentimentos em uma despedida. Olhar agora só nos tiraria a chance de um futuro. Do seu jeito ele nos deixou livre – a puxei fazendo-a parar de andar e inflei o peito me virando

- Posso não ser o ideal que pensas, mas amo sua filha e em momento algum caracterizo o amor como desonra. Ela é forte assim como o senhor e enquanto estiver comigo dedicarei minha vida a fazê-la feliz – fiquei calado esperando algo e nada ocorreu - Conto com sua benção - vi ele levantar o punho e acenar-me. Me retirei em segurança com ela meus braços

Alguns minutos depois em cima de um cavalo a passos lentos ela estava escorada em meu peito enquanto eu guiava sua égua

- Muito dolorida?

- Exausta se aplicaria melhor

- Ficaremos longe de seus costumes e terra natal, está confortável sobre isso?

- Estou levando o que importa – se aconchegou e eu sorri

- Sim, só que importa – a apertei e vimos Dylan a frente acenando nos aproximamos

- Vocês demoraram

- E você está um caco – nos olhamos os três e rimos

- E agora gente? Vamos pra onde? Ouvi dizer que tem algumas cidades próximas

- Vamos escolher a que a Vanessa preferir, topa? - os fitei e ela pareceu surpresa - não me olhe assim – sorri- me parece justo! Você de toda equação é a que está saindo com maior prejuízo – rimos todos

- Ele tem razão Nessa. A que você escolher

- Existe alguma em que eu não precise me vestir com essas roupas horríveis de vocês?! - ela sorriu e Dylan gargalhou

- A gente pode dar um jeito – a abracei – alguma colina isolada, com uma vista bonita. O que acham?

- Qualquer lugar que não tenha um urso no quintal me parece bom – fomos andando lado a lado. Os três exaustos, sem perspectiva de para onde íamos, mas com o coração tranquilo de que carregávamos o que importava. Minha índia ao lado e meu irmão ao outro. A vida era boa e de nada valia muito sem eles. Depois de horas andando chegando no topo de uma colina ao leste com o pôr do Sol se formando. Não foi preciso olhar para eles para saber que ali seria nosso novo lar

Longe de guerras e da civilização vivemos uma vida mansa com o mundo sendo nosso quintal. Vanessa nunca perdeu sua áurea selvagem, mas se adaptou bem ao que chamou de geringonças yanks e nós por outro lado também aderimos a excelentes técnicas de caça dos nativos. Seria exagero dizer que vivíamos sempre feliz, mas eram nessas pequenas discussões as vezes por costumes e outras vezes por nada que cada dia mais os momentos efêmeros faziam sentindo. Sua intensidade e mistério eram presentes sempre e na calada da noite em uma ou outra cachoeira ainda aproveitávamos nossos momentos e era assim que tinha que ser. Selvagens!

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E é isso gente! Mais uma pra conta \o/ 

Essa sendo aquela leiturinha light e rápida para o dia a dia

Agradeço a quem acompanhou e permanece acompanhando as postagens!

Por este ano e sem saber dizer quando alguma inspiração baterá novamente encerro minhas criações...

Agradeço cada voto e oportunidade de fazer parte de algum momento do dia de vocês! Sério é a melhor parte de escrever!

Fiquem com Deus, curtam a família e vivam sempre bem :)

Abraços

Amanda Lima

Zanessa - Colors of the WindOnde histórias criam vida. Descubra agora