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Heidi foi embora para sua vez na ronda dando risadinhas com Kai e atazanando o coitado do Henry que estava fingindo ler no sofá, mas na verdade estava dormindo de roncar, ela foi lá e o acordou com um grito que fez ele pular no teto e voltar, depois desse susto os quatro saíram pelo mundo, Alexei ficou lá fora esperando.
Como já era a hora do almoço Nick tomou o manto de chefe e fez um almoço surpreendentemente rápido e gostoso e mandou todos embora da cozinha porque a gente fez um pouco de bagunça com o caldo da sopa. Sem mais nada para fazer fiquei assistindo TV com os outros e Juniper no meu colo dormindo feliz e contente que eu nem poderia mais me mexer sem acabar acordando ela e tomando uns arranhões em vingança, quando viu que Juniper estava dormindo Koda finalmente conseguiu chegar perto de mim e me lambeu pedindo carinho, seu dono não estava presente tendo subido para tomar banho. Brenda estava do meu lado melhorando e editando as fotos que cada um escolheu para ela colocar no álbum e depois para a galeria. Adrian estava por perto dando dicas de como a cor ficaria melhor naquele tom ou outro. Os cachorros estavam muito quietos hoje, isso não era nem um pouco normal o que me fez ficar com um pé atrás, Akien não tinha ido com Henry, mesmo meio sonado ele o mandou ficar aqui junto com a gente, mas Aki e Dave não se davam muito bem e viviam brigando e rosnando um para o outro quase toda hora então estava tudo muito estranho.
  - Alguém viu os cachorros? Tirando esse preguiçoso aqui – pergunto apontando para Koda.
  - Não, alguém já deu comida para eles?
  - Onde eles poderiam estar?
  - Quem vai procurar eles? Acho justo fazer uma votação – falou Brenda que adorava uma votação para ser justo.
  - Acho mais justo ir todo mundo procurar – retrucou Adrian.
Todos levantaram, Adrian foi ver se eles estavam na cozinha, eu fui ver se estavam em algum quarto ou no escritório de Heidi, Brenda foi para o quintal e logo escutamos um grito dela. 
  - Galera achei eles, mas vocês não vão gostar de como eles estão.
Como estava mais longe demorei para chegar e vi Adrian com as mãos no quadril olhando para a confusão que eles tinham criado, Dave estava calmamente sentado do lado de Brenda com aquele olhar superior para os outros que estavam deixando a piscina com uma cor marrom depois de fazerem milhares de buracos a terra e resolverem ir nadar um pouquinho.
  - Ok, a gente tem que arrumar essa bagunça agora antes que Heidi chegue, o que nos dá uma hora exata se eles não vierem antes – fala Brenda olhando para o relógio.
  - Certo, Ki você tenta consertar os buracos que eles fizeram, coloca algumas flores sei lá, Bren você fica com a limpeza da piscina e eu dou um banho rápido neles - fala Adrien já correndo para dentro pegando toalhas e os sabonetes para os banhos.
Concordamos com a cabeça e lá fui eu tapar os buracos com algumas flores selvagens que estavam crescendo no jardim, achei uma pá na lavanderia, não me pergunte o porquê de eles terem isso, e no final até parecia mais bonitinho que antes. Depois de arrumar minha parte fui ajudar Adrian com Akien que estava fugindo dele, com um pouco de esforço consegui segurar o danado, me lembre de nunca mais brincar de quem tem mais força, com um pastor alemão, e olha que eu tenho força sobrenatural, quando Adrian tinha acabado de fechar a mangueira escutamos a voz de Henry ao longe. Nós entreolhamos e saímos correndo para a sala fingindo que nada tinha acontecido, Conrad foi pego na correria e acabamos caindo no chão em um emaranhado de membros.
  - Alguém pode me explicar o que raios está acontecendo aqui? – perguntou Conrad um pouco bravo, tá um pouco é eufemismo.
  - Só finge que está tudo bem e que não acabamos de chegar aqui – eu falo correndo para o sofá deitando no menor pegando o controle da TV como se estivesse para trocar de canal.
Quando Conrad finalmente se senta, Henry abre a porta resmungando em como Heidi e Kai ainda parecem adolescentes hormonais, nos três quando escutamos isso fizemos uma careta na hora por não querer saber da vida sexual da nossa alfa.
  - Cadê Aki e Dave?
  - Devem estar na lavanderia comendo, acabamos de encher os potinhos deles – eu tomei coragem de falar porque Adrian estava com a boca aberta e travou no que ia dizer.
  - O menino está bem? – perguntou ele com uma cara de medo, acho que Henry não queria explicar para a irmã como um dos deles quebrou do nada.
  - Está sim, acho que é apenas sono, sabe. Rondas podem ser cruéis e ainda mais a dele que fez a minha também – Sastre mente como se não fosse nada.
  - Sim, Sim, entendo a sensação.
  - Agora os dois podem me contar o que aconteceu e porque Brenda subiu toda molhada? - sussurra Conrad exasperado depois de ter certeza que Henry foi embora.
  - Lá em cima – murmuro pegando os braços dos dois e os arrastando para o quarto deles, lá achamos Koda que não quis se juntar aos bagunceiros tentando destruir a berinjela de pelúcia dele enquanto Juniper o vigiava em cima do guarda roupa.
  - Certo, a gente descobriu os cachorros todos enlameados e molhados por pular na piscina depois de revirar a terra, então tivemos que arrumar o quintal, a piscina e dar um banho rápido neles para tirar a sujeira. Só que não queríamos que Heidi e Henry soubessem, por isso estamos agindo estranho, entendeu? – Adrian joga tudo no ventilador sem medo, descobri depois de alguns dias que cada quarto tinha isolamento acústico individual por isso não tinha medo de ninguém ouvir. 
  - Vocês sabem que eles costumam fazer isso normalmente, não é? Heidi tem que trocar a água da piscina a cada uma semana quando eles começam com isso.
  - Isso é sério? Por que nunca disse isso pra gente?
  - Porque queríamos que vocês descobrissem isso sozinhos – fala Conrad rindo da gente.
  - Desculpa Adrian, mas você vai perder seu namorado agora – digo rosnando e indo pular no pescoço dele.
  - Kiki se acalma, eu mesmo posso matar ele.
Vendo que estávamos contra ele, Sastre correu para o banheiro e se trancou lá, ficamos batendo na porta e rosnando para ele sair se não iríamos fazer picadinho dele e dar para os cachorros comerem mais ele continuou escondido lá, por fim desisti e voltei para meu quarto arrastando Juniper junto comigo, ela ainda estava observando Koda e quando ia atacar a peguei no ar antes de ela chegar no coitado. Lyra estava no quarto com o computador do Conrad no colo e vários papéis ao redor dela e estava mordendo a tampa da caneta pensativa. 
  - Faculdade? 
Ela só balança a cabeça e volta a digitar furiosamente no teclado e começo a ficar com dó das teclas por enfrentar a fúria desinibida dela. Arrumo minhas coisas que eu procrastinei o dia inteiro de fazer e quando vejo Lyra já está cantarolando alguma coisa com um prato no colo enquanto rabiscava algumas contas, deixo ela com as contas dela, quando eu fui ajudar errei um sinal e ela acabou errando a conta inteira então não me meto mais nisso.
Fazendo uma pequena montanha de comida, por saber que a noite seria longa, todos os outros tiveram rondas de 2 ou 3 horas, mas a minha seria a noite inteira, provavelmente uma punição de Heidi por eu e Yuri não termos voltado para a casa ontem, pelo menos eu teria a companhia dele e de Kara e Tristan, eles eram os únicos animados para isso porque como têm uma vida agitada de socorristas nem sempre eles podem ficar em sua forma natural e nas caçadas que eu estava eles sempre tinham que sair antes para ajudar alguém.
Quando deu nossa hora Heidi nós enxotou porta afora e começamos nosso turno, eu estava um pouco relutante não sabia se teria forças para lutar com um vampiro se desse de cara com um, nem saberia dizer se ele era um humano comum ou não, então estava apenas seguindo os outros. Antes de começarmos foi definida uma área para cada, eu fiquei com o norte porque era montanhoso e não tinha cobertura natural e por isso vampiros não iriam lá, mais se eu encontrasse um, eles me explicaram que sentiria um cheiro forte de sangue oxidado e mofado e em minha língua teria gosto de morte apenas de sentir o cheiro deles. 
*
Todo esse tempo e ainda não tinha percebido que Kara era um pouco menor que eu em sua forma de lobo e Tristan era ligeiramente mais baixo que Yuri, talvez por serem ômegas mais ninguém nunca me falou que tinha diferença, seu casaco de pele era cinza claro por todo o corpo e Kara era em um creme acastanhado bem claro, depois de fazermos o perímetro ao redor da casa cada um foi para sua área definida e se encontrasse alguma coisa uivaria para avisar os outros.
Rezando para que não encontrasse aquele alce maldito subi, dei a volta por tudo quanto era montanha e não encontrei nada, apenas um coelho que quando viu meu vulto saiu correndo e nem deu para ir atrás, estava atualmente em uma pequena pedra que era um ótimo ponto de observação do céu e da mata embaixo e fiquei contemplando minha existência, tinha sentido um cheiro forte no caminho, mas nada do que eles tinham falado que seria então nem me preocupei, até porque pelo que eu sei vampiros não conseguem esconder seu cheiro então com certeza não era. 
Estava conversando com Yuri sobre como ele estava com sono e não tinha encontrado nada perguntando se poderia dormir ou Heidi saberia que ele fiz isso e daria um esporro nele, estava tão perdida que não percebi ninguém chegando perto de mim, apenas quando escutei um rosnado atrás de mim, que a ficha caiu. 
Olhei para trás assustada e vi quatro lobos um pouco esfarrapados mais não menos imponentes me cercando. Sabia que se continuasse na mesma posição que eu estava e houvesse uma luta poderia cair, então rapidamente, me levantei rosnando e arrepiando os pelos para ficar maior e medi calmamente eles, estava em pânico mais não ia deixar ela tomar conta e mim, eles não estavam deixando nenhuma brecha para eu conseguir sair dali então teria que fazer minha própria.
Escolhi o menor e pulei nele o fazendo recuar alguns centímetros, com esses centímetros sai correndo para a floresta, logo eles estavam me perseguindo, deve ser o povo da floresta que Heidi fala tanto, quando já estava chegando perto da área de Tristan apareceram mais dois pelo lado esquerdo e me cercando. Entrei em modo de luta, Anika tinha me falado um milhão de vezes que eu era melhor lutando como humana do que lobo porque eu tinha medo de me machucar, mais uma das consequências dos abusos de Banks, respirando fundo esperei eles fazerem o primeiro movimento e já protejo meus calcanhares porque algo me dizia que eles iam atacá-los primeiro.
Quando eles se moveram foi sincronizadamente, os quatro que eu tinha fugido foram direito para meu flanco e o morderam já que eu estava muito ocupada desviando dos ataques dos outros dois e mordendo quem entrasse na frente. Consegui rasgar a orelha de um que saiu rapidamente para se reorganizar e me concentrei no último que estava à minha frente, eu realmente não queria mais ele foi o mais agressivo de todos e por um cálculo errado acabei mordendo seu pescoço e quebrei sua coluna. Depois disso, quando fui me virar para resolver os outros, finalmente consegui sentir a dor no flanco que estava ignorando pela adrenalina.
Resolvendo jogar de um jeito diferente, lentamente por causa da dor e dos ferimentos me movi para ficar na frente dos outros quatro, que ficaram sem reação ao ver o amigo jogado no chão onde eu estava há dois segundos, rosnei um pouco mais alto fingindo que ia dar um bote e atacar enquanto estavam distraídos, eles tinham deixado minhas pernas em carne viva e estava cada vez mais difícil de ficar em pé. Por causa do meu blefe eles não viram que eu tinha acabado de me deitar, era uma jogada arriscada, mas não tinha mais nada a perder.
Ficamos nesse impasse por vários minutos, eles tentavam atacar e como eu agora tinha mais espaço de defesa os barrava antes de pensarem, seu modo de ataque era igual a chacais esperando que eu me canse para dar o golpe final, sabia que não iriam me matar porque precisavam de mim mais que me deixariam pelo menos fora do ar por algumas horas até chegar à toca deles. Estava cansada e o processo de cura estava gastando mais energia que o normal pelos possíveis tendões que eles destruíram, depois do que pareceram horas finalmente me rendi e fechei os olhos esperando o pior e pedindo desculpas para todos da minha nova família por não saber usar todo o treinamento que eles me deram, pelo menos deixei meu pescoço protegido para dar um pouco mais de trabalho para eles. 
Esperei o ataque por algum tempo, mas ele nunca veio, com um pouco de medo abri meus olhos apenas para ver o vulto que acabei reconhecendo como Yuri, ele estava atacando com tudo que tinha os que ficaram e não teve dó de deixar alguns bem machucados, rapidamente eles saíram com os rabos entre as pernas. Fiquei um pouco aliviada por estar aqui mais minha loba ficou internamente brava com ele e batia na tecla que com mais alguns minutos ela poderia acabar com todos eles, enquanto eu discutia de volta a lembrando que íamos desistir de tudo enquanto estava discutindo comigo mesma Yuri tratou deles e chegou ao meu lado preocupado.
  - Você está bem? – pergunta tentando deitar do meu lado batendo sem querer no corte mais profundo que eu tinha e acabei gemendo o fazendo se afastar quase como se eu tivesse pegando fogo.   
  - Não muito, eles fizeram alguns cortes bem feios no quadril e tenho quase certeza que meus tendões das pernas de trás estão completamente rasgados e meu pescoço também não foi salvo, basicamente estou um caco. Não conte esse fiasco para Ani pelo amor dos deuses.
  - Você até que foi bem, aguentar seis logo na sua primeira luta com eles é quase uma vitória – como se pedisse desculpas ele voltou para meu focinho e deu uma lambida, era a forma canina de um beijo.
Ele deitou sua cabeça embaixo de minha me deixando o fazer de travesseiro, seu corpo maior que o meu se enroscou em mim confortavelmente tomando cuidado para não me machucar ainda mais e ficamos assim por horas ou minutos, devo ter dormido de exaustão porque acordei com ele lambendo minhas orelhas como todo o carinho do mundo. Resolvi fazer a mesma coisa e o coitado até tomou um susto quando viu que eu já estava acordada.
  - Bom dia flor do dia. 
  - Quanto tempo eu desmaiei?
  - Por menos de uma hora, tenta ficar em pé, acho que esse tempo já deve ter curado a maioria dos cortes maiores – fala empurrando minhas costelas com o focinho para me estimular a tentar.
Resmungando pela dor surda que apareceu de novo no quadril quando eu me movi, com muito cuidado me sentei e lambi rapidamente as feridas que realmente pareciam menores, mas ainda bem feias. Quando fui levantar os tendões que estavam se recuperando se repuxaram e eu acabei caindo de cara no chão gemendo por ter perdido o pouco de dignidade que ainda tinha. Yuri ficou um pouco preocupado por eu não estar nem tentando deitar de um jeito melhor e mais confortável, senti o focinho gelado dele nas minhas costelas tentando chamar minha atenção, mas apenas ignorei fingindo que estava morta.
  - Kira fala comigo, o que aconteceu? Você está com alguma dor? – perguntou me rodeando.
  - Se você não falar comigo eu juro que vou chamar a matilha inteira – ameaça.
  - Eu só não consigo andar, você não sabe como eu odeio isso e minha loba odeia ainda mais porque sabemos que estávamos vulneráveis para qualquer predador, inclusive aquele alce.
  - Você não está vulnerável, eu estou aqui com você e se quiser posso chamar Kara que também já terminou a parte dela para dar uma olhada e ver se realmente é tão ruim quanto você sente.
  - Podemos ir para a casa? Heidi não vai brigar comigo não é mesmo? – pergunto quase chorando.
  - Claro que não, depois de ela saber o que aconteceu irá até se culpar. Mas você vai precisar se transformar, você consegue? Eu posso te carregar não tem problema.
Levanto minimamente a cabeça e aceno positivamente respirando fundo já sabendo que iria doer, enquanto estava me preparando psicologicamente ele já tinha se transformado e me esperava, eu ainda estava me preparando mais me perdi um momento para absorver cada detalhezinho dele, as pintinhas e manchas espalhadas pelo corpo todo e fiquei secando seu tanquinho, tinha percebido esse detalhe do corpo dele desde a primeira vez que o vi, mais como éramos “inimigos” não pude falar nada. Mais desde sua confissão sobre a infância tumultuada que ele teve acabei vendo que não tínhamos tantas diferenças comecei a considerar se não estava perdendo tempo o deixando de lado, seria um pouco assustador e estressante me abrir com ele, mas não tinha mais nada a perder, deixei todos esses pensamentos trancados a sete chaves para ele não conseguir entender o que estava pensando e fingi que estava olhando para a lua porque se ele soubesse que o estava admirado nunca me deixaria em paz.
Grunhindo de dor consegui juntar energia o suficiente para me transformar, quando estava finalizado Yuri me pegou no colo estilo noiva, sabia pelo sentimento de satisfação dele que ele adorava me ver em seus braços, como estava com as mãos livres envolvi seu pescoço como se fosse para me segurar mais o motivo mesmo era para enfiar minhas mãos em seu cabelo e fazer carinho como uma recompensa por sempre cuidar de mim. Recebendo um ronronar em resposta, inclino meu rosto para um pouco mais perto do seu e como quem não quer nada puxo seu rosto para fechar o espaço restante dando um selinho um pouco demorado.
Ele tomou um susto e parou de andar atônito me olhando para ver se ele não estava sonhando, quando confirmou que eu realmente tinha feito isso retribuiu com fervor e sua língua logo pediu permissão e eu extremamente feliz, mas um pouco ansiosa concedi, esse seria meu primeiro beijo e não queria que fosse ruim para ele. Logo sua língua se enredou com a minha e hesitantemente segui os mesmos movimentos dele, ficamos desse jeito pelo que parecia dias mais na verdade não passava de apenas alguns minutos, quando nos separamos ele abriu um sorriso bobalhão que mostrava suas covinhas, fiquei quase hipnotizada com a visão dele todo bobo e com os lábios vermelhos e inchados pelo beijo mais quando fui me aproximar de novo senti uma fisgada de dor na perna que tirou minha atenção dele.
  - Vamos te levar para a casa, acho que os vampiros não irão mais vir e o povo da floresta já entendeu o lugar deles – murmura me fazendo colocar a cabeça de baixo do queixo dele e saindo andando o mais rápido possível sem me balançar.
  Quando estávamos chegando no quintal Moyra estava na árvore favorita dela piando como se tivesse conversando com Ani enquanto a mais velha acariciava suas penas, elas tinham esse ritual de todo o dia e quando fui perguntar o porque disso ela apenas deu risada falou que era mania de uma velha senhora, uma mentira, pois ela estava na flor da idade. Ela deve ter conseguido escutar a gente chegando e se virou para nos dar uma bronca, mas parou com a boca aberta na repreensão quando me viu no colo de Yuri e sentiu o cheiro de sangue que ainda escorria bem pouquinho no corte mais profundo do quadril.
  - Quem fez isso com ela?
  - Povo da floresta.
  - Quantos? – pergunta chegando mais perto e eu tento inútilmente me esconder em Yuri para ela não ficar decepcionada com o meu nível de luta.
  - Seis, mas ela matou 1 e feriu os outros .
  - Uau, eles realmente queriam ela, eles não gastam mais que três para atacar.
  - Ela esta com medo de você brigar com ela por não ter lutado direito, pode falar que isso e uma ideia idiota? 
  - Filhote essa foi sua primeira luta de verdade, simulamos algumas mais você no fundo sabe que nunca iríamos te machucar então não se esforça tanto, hoje eu sei que você se esforçou porque voltou, se você não tivesse feito isso não estaria aqui agora.
  - Se Yuri não tivesse chegado eu teria desistido – murmuro baixinho sabendo que ela vai escutar.
  - Por quê?
  - Não aguentava mais lutar e sabia que se eu fosse eles parariam de seguir vocês.
  - Isso já me conta exatamente o que eu precisava, eu não estou brava com você, realmente estou orgulhosa, você não teve tanto treinamento quanto eu ou Yuri quando enfrentamos nossas primeiras batalhas e ainda teve um desempenho muito bom. Agora eu quero que vocês entrem e cuidem desses machucados, Kara acabou de chegar então ela pode dar uma olhada nesses tendões.
   - Como você sabe que foi isso que eles atacaram?
   - Costume, é padrão deles em qualquer ataque priorizar os tendões para que a vítima fique impossibilitada de correr e ser mais fácil para eles.
Yuri foi me levando para sala me colocando na poltrona de couro que Henry normalmente ficava e saiu para chamar Kara e achar uma toalha para colocar álcool e não deixar infeccionar, nossa cura era acelerada, mas se por um acaso a ferida fechasse e tivesse alguma bactéria ainda lá dentro isso poderia causar extrema dor e te deixar mal por dias até conseguir se curar, isso acabou acontecendo comigo uma vez quando eu tinha seis anos por causa da coleira de Raul e não desejaria a dor nem para meu pior inimigo, antes de ir ele me deu um beijo rápido. Fazendo Ezra e Brenda dar um sorriso, eles esperaram escutar ele chegar no segundo andar que começaram as perguntas, foi uma atrás da outra e quase não consegui responder todas a tempo antes que Yuri, Kara e Heidi aparecessem.
Enquanto Kara examinava a profundidade dos danos nos tendões, Yuri tentava inutilmente passar a toalha nas feridas do quadril enquanto eu rosnava e me contorcia para ele não encostar em mim fazendo Kara apertar minha perna e piorar ainda mais minha situação.
  - Kira, se você continuar fazendo isso eu vou deixar você ai sozinha com dor e correndo o risco de infecção. Então para.
Resmunguei de dor baixinho enquanto eles continuavam, Kara poderia ser mais intimidante que Heidi quando quer e esse foi o momento, se eu tivesse na forma de lobo apenas iria abaixar a cabeça e as orelhas. A dona da matilha, apenas dava risada com minha cara de dor, Nick que era um pouco mais reservado, quando viu minha tortura e Kara puxando minha orelha, saiu da sala voltou com uma cartela de remédio para dor e um copo cheio de água e deu na minha mão e voltou a se sentar me olhando. Agradeci baixinho fazendo uma careta quando engoli, Kara finalmente largou minha perna quando já tinha me torturado o bastante.

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