Capítulo 4

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A professora chegou e pediu para olhar os cadernos. Faltava eu, minha irmã e o Jaime. "parabéns, Maria Luiza. Seu caderno é um dos mais bonitos que já vi" "obrigada" falei baixinho enquanto ela carimbava parabéns "pode se sentar" eu fui me sentei. "Seu caderno é muito bonito, mesmo" disse o Jaime "o-obrigada. Gosto de deixar meu caderno limpo e organizado" "pode me dar umas dicas depois? " eu acenei com a cabeça. Ele saiu depois disso.

"agora, pessoal, é hora dos avisos" "eu adoro essa hora!!" disse a Valéria "gosto mais do recreio" falou a Laura "crianças, silêncio. É uma notícia boa. A nossa diretora nos deu autorização para fazer uma horta escolar" "era tudo que eu mais queria" disse o Paulo com sarcasmo "nós iremos cultivar hortaliças. Vai ser muito divertido. Vão poder comer um alimento que vocês mesmo cultivaram" "hum, vou fazer um monte de salada gostosa" "ah Laurinha comendo saladinha/ vai ficar fraquinha, fraquinha, fraquinha..." cantou a Valéria. todos, menos eu e a Maria rimos. "eu quero ver se vocês sabem o que é preciso para começar nossa horticultura"

"De hortaliças, claro!" "duurrrrr" "Silêncio. Sim, Jaime. Mas elas não nascem do vento." "Precisamos primeiro da semente que vamos semear" disse o Daniel "mas, antes da semente tem coisas mais importantes como a terra onde a gente planta a semente e a água pra regar" disse minha irmã "também é importante que as plantas se alimentem bem. Existe comida especial para planta" "claro que existe Laurinha. Para ela ficarem bem gordinhas que nem você" disse o Paulo e a maioria riu "Paulo, será que você não podia colaborar com algo mais inteligente? Depois do recreio tem provinha de matemática"

A maioria do pessoal reclamou. "eu havia avisado. Mas não se preocupem, eu não escolhi os mais difíceis. Mas, eu vou liberar vocês 5 minutos mais cedo se alguém responder o que mais a planta precisa pra crescer". A sala ficou em silêncio, então resolvi arriscar. Eu levantei devagarinho minha mão "sim, Maria Luiza" a sala focou toda atenção em mim. Eu olhei para baixo entrelaçando as mãos "é-é a-" "v-v-vai l-l-logo" ouvi a Valéria brincar e todos riram, menos minha irmã e o Daniel. "deixa pra lá." Eu sussurrei cruzando os braços e escondendo meu rosto, tentando controlar as lágrimas.

"Valéria, o que você fez foi muito ruim." "mas professora. Ela fala assim o tempo todo, é engraçado" "não é não, Valéria. A Maria Luiza fala assim pois ela tem vergonha de falar em público. Geralmente pessoas muito tímidas, se sentem desconfortáveis com atenção total que recaí sobre elas na hora de falar, fazendo com que elas falem baixo ou gaguejem sem querer" a professora falou e a sala ficou em um silêncio desconfortável, principalmente a Valéria. "gostariam que pedissem desculpas a Maria Luiza" " desculpa, Maria Luiza" eu assenti silenciosamente.

A professora veio até meu lado "se quiser pode falar só pra mim e eu digo depois pra sala." Eu acenei com a cabeça "Luz do sol" eu cochichei no ouvido dela "muito bem" ela cochichou de volta e eu sorri "a colega de vocês respondeu luz do sol e... está correto!" "viva!" "ai, Maria Luiza, vou te agradecer eternamente agora" disse o Jaime "valeu, Maria!" disse o Paulo. O resto foi agradecendo e pedindo desculpas e eu sorri e corei. Como prometido, a professora liberou a gente.

"fiquei surpresa que você quis participar" disse a Maju "estou tentando melhorar minha timidez" eu sussurrei "é, eu notei que você é bem quieta" disse a Alícia. "b-bem, as pessoas sempre zombavam da minha timidez e da g-gagueira. Então eu ficava quieta" "relaxa, se mexerem com você. É só chamar" disse a Carmén. Elas realmente são bem mais acolhedoras "obrigada". Terminamos de comer e fomos brincar no cabo de guerra.

"1, 2, 3... Jacaré!" disse o Daniel. Eu dei uma risadinha. "ah, não Daniel, assim eu não brinco" disse a Maria Joaquina "tá bom. Eu prometo que faço certo. 1, 2, 3 e... Já!" começamos a puxar com força. "Puxem seu molengas!" gritou o Paulo "Vamos meninas, a união faz a força" gritou a Laura. Eu olhei pro Daniel e dei um sorrisinho que fez ele perder a concentração e os meninos caírem. "Eba!" todas nós comemoramos. Depois de um tempo o sinal tocou.

"abram os cadernos, vou ditar as questões." Nós todos fizemos isso. Até que a professora se levantou e mostrou o caderno todo manchado de café "quem fez isso? Quando saímos pro recreio meu caderno estava limpo e fechado e meu copo de café cheio. Agora que voltamos meu caderno está manchado e meu copo de café vazio. Alguém deve ter entrado aqui e causado esse desastre. E eu quero saber quem foi, agora" "professora" "pode falar, Paulo" "não quero ser fofoqueiro e nem acusar meus colegas, mas eu vi a Valéria e o Davi entrarem na sala sem que ninguém visse. Mas não eu acho que tenham sido eles pois são bons alunos, mas eu vi" "tudo bem, Paulo." "pois não há melhor jeito de viver com tranquilidade, do que falar a verdade" "dedo-duro" disse o Jaime.

Depois a professora chamou os dois pra mesa dela e mandou o Davi esperar na diretoria. "Daniel, pegue a lousa pra mim, por favor?" "sim, professora" a professora escreveu alguns problemas no quadro e começamos o teste. Assim que eu terminei o Firmino veio e nos chamou para a cerimônia da bandeira "crianças, quem terminou pode colocar os cadernos em cima da mesa e ir para o pátio". Colocamos nossos cadernos em cima da mesa e fomos pra cerimônia. Depois que cantamos o Hino, fomos pra sala. Só que estava um maior caos. "que é isso?! Sentem-se agora!" obedecemos a professora. "com licença, professora Helena, a diretora quer que você escolha um aluno para a cerimônia da bandeira" "está bem, obrigada Firmino" "até logo, santos diabinhos" "até logo, Firmino!" (salto no tempo)

Eu e a Maria Joaquina estávamos na sala enquanto o papai estava no computador, eu estava escrevendo algumas coisas em uma folha. "sabe papai, o caderno do Jaime é sempre o pior da classe. Toda vez que eu vejo aquela coisa caindo aos pedaços. Morro de rir" "Maju, isso não é legal." ela revirou os olhos "vocês estão falando do filho do seu Rafael, dono da oficina?" "esse mesmo. Ele pior aluno da classe. Ele é muito burro *risos*" "irmã, para com isso. Ele provavelmente deve ter muitas dificuldades" "concordo, filha. Não é certo rir de um aluno com dificuldades. Já que você é uma boa aluna, devia ajudar ao invés de caçoar dele"

"eu, hein papai. Se nem a professora consegue dar jeito nesse menino, até parece que eu consigo" "mas eu acho que não custa nada ajudar" eu falei "custa sim, Malu. Azar o dele, ele que estude" "Maria Joaquina. Ele pode não ser estudioso, mas ele pode ser inteligente ou ter outros talentos" "duvido, e agora ele tá torcendo pra que um milagre aconteça" "que milagre?" "é que o sonho dele é ser hastear a bandeira na cerimônia. Mas com o caderno dele do jeito que está, vai ser bastante difícil" eu falei meio triste "até parece que ele vai conseguir" minha irmã falou rindo e saindo da sala. "Se ela continuar assim, não sei o que pode acontecer" eu falei "não se preocupe, um dia sua irmã vai mudar" papai falou e voltou a trabalhar

POV ninguém

Um tempo depois o doutor saiu da sala e foi nessa hora que a Maria Luiza entrou em ação. "acho que é isso", ela falou lendo a lista enquanto se sentava no sofá, ao lado do telefone. Ela olhou a lista telefônica até que viu o número que precisava. Ela ligou e alguém atendeu "alô?" "a-alô, é da casa do Jaime Palilo?" "sim, aqui é o pai dele. quem fala?" "Boa tarde, Seu Rafael. Aqui é a Maria Luiza Medsen. Colega de classe dele" "ele te faz alguma coisa?" "n-n-não. É que ele me pediu dicas p-para organizar o caderno. M-Mas não tive tempo pra fazer isso."

"o que? você quer ajudar meu menino?" "s-sim. N-nós não nos conhecemos direito ainda. M-mas eu quero que ele realize seu sonho" "puxa, obrigada, Maria Luiza. Pode falar tudo que eu anoto e passo pro Jaime agorinha" "certo." Enquanto a garotinha falava ao telefone, o seu pai observava tudo do corredor. Ele tinha um enorme sorriso no rosto. "ela é tão boazinha, não é?" falou Joana "ela é. Acho que essa escola está fazendo muito bem pra ela. Com o tempo, ela vai se abrir mais" ele falou enquanto observa sua filha. 

Irmã da Maria Joaquina (Daniel x OC)Onde histórias criam vida. Descubra agora