Capítulo 32

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Já era hora do intervalo e estava procurando um lugar pra sentar, já que eu trouxe lanche e não precisava ir a lanchonete. Até que eu acabei encontrando a Carmem sentada sozinha, parecia tão abatida. Me sentei ao lado dela "Carmem, me parte o coração te ver desse jeito. O que aconteceu?" "não é nada demais" ela falou baixinho "*suspiro* se é algo que te deixa triste, então tem importância sim... pode falar pra mim" eu falei "*suspiro* meus pais brigaram feio de novo. Dessa vez, meu pai foi embora de casa" ela falou quase chorando.

Eu abracei ela de lado "não deve estar sendo nada fácil pra você... ver pessoas que você ama brigarem tanto". Então a professora Helena veio até nós "desculpa, meninas. Mas não pude deixar de ouvir o que está acontecendo" disse a professora se sentando ao lado da Carmem "professora, minha mãe vem falar com a senhora hoje. E pela cara dela, não parece ser um assunto muito bom" "*suspiro* calma, Carmem" disse a professora abraçando a Carmem também.

Passei o intervalo com a Carmem. Ela não conversou muito, mas consegui convencê-la a comer uma maçã que eu trouxe de casa e ficamos lendo um livro de princesa que eu trouxe, mas nada parecia deixa-la feliz... ao menos ela se distraiu um pouco das coisas. Depois de um tempo, o sinal tocou e fomos pra sala.

"Jaime?" "sim, professora?" "hoje o sinal tocou bem na hora da sua chamada oral" "é uma pena mesmo, né professora. Sabe eu estou muito triste por causa do sinal ter tocado bem na hora que eu ia responder" ele disse claramente nada chateado "não precisa se preocupar, Jaime. Pode vir aqui pra gente continuar" "mas professora... agora não é a aula de ciências?" "começamos a aula de ciências depois da sua chamada" ela falando fazendo gesto pra ele se aproximar e ele foi todo desanimado.

Mas, assim que ele chegou na mesa, o Firmino interrompeu "com licença, professora" "sim, Firmino?" o Firmino entrou na sala "a mãe da Carmem está aí e deseja falar com a senhorita. Ela disse que é urgente" "professora. eu acho melhor a senhora atender a mãe da Carmem, hein. Oh, a senhora sabe que deixar as pessoas esperando é muito, mas muito ruim" disse o Jaime aliviado por não poder fazer a chamada oral "pode dizer que eu já vou" o Firmino então olhou pra gente "o que vocês estão olhando? Estudem... estudem." Ele falou indo embora.

"*suspiro* pode sentar, Jaime" "puxa, que azar. Né, professora. Sabe, acho que eu acordei com o pé esquerdo hoje" ele falou se sentando "own, pobrezinho. Não se preocupa, a professora te chama amanhã. Assim você não fica tão tristinho" disse a Valéria com voz fininha fazendo a classe rir "muito bem, crianças. Eu quero todo mundo fazendo um resumo da aula de hoje enquanto eu vou falar com a mãe da Carmem" "Sim, professora Helena!" disse a gente gritando. "quando eu voltar, quero ver todo mundo trabalhando e ninguém bagunçando e gritando" "claro, professora Helena!" "*suspiro* ainda bem que eu pedi pra vocês não gritarem" a gente riu. Mas, assim que ela saiu, a classe começou a bagunçar. Menos eu e a Carmem.

Um tempão depois, alguém avisou que a professora Helena estava vindo pra cá e rapidamente a galera ficou quietinha. "você já podem ir pra aula de música" "a gente já vai?" disse a Bibi "vocês tem aula de música depois daqui, não se lembram" "eu lembro" disse a Maria Joaquina "pois então... podem ir, a professora Matilde está esperando" a gente então foi, mas a Carmem ficou, provavelmente a professora que falar do que foi a conversa entre ela e a mãe da Carmem.

A gente então foi e cumprimentamos a professora Matilde e nos sentamos nos pufes. "muito bem, crianças. Vamos cantar a música 'Aquarela'. Cada um pegue uma partitura e fiquem de pé". A gente se organizou e a professora Matilde começou a tocar o piano "numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo|e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo| com lápis contorno da mãe e me dou uma luva|e se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva" (o texto assim significa que eles estão cantando)

Continuamos a cantar até o final da música "muito bem! Lindo! Lindo mesmo. Agora vamos pra música da página 14" "adoro essa música, é tão sentimental" disse a Laura "que estranho, a Carmem ainda não chegou" eu falei pra Marcelina "pois é, o que será que aconteceu?" "deve tá tomando uma bronca daquelas..." disse a Bibi "espero que não. ela já estava tão triste hoje" eu falei e depois fomos cantar a música.

Porém, no meio da música, eu vi a Carmem entrar chorando e imediatamente parei de cantar. Fui pra perto dela e eu e a Laura a abraçamos "acho melhor a gente tentar acalmar a Carmem lá fora" eu falei baixinho pra Laura e ela concordou. Por sorte o Davi percebeu e foi falar com a professora Matilde e ela deixou nós quatro sairmos da sala.

"gente, eu posso ficar com a Carmem e tentar acalma-la enquanto vocês conversam com a professora Helena, se estiver tudo bem" "pode sim, Malu" falou o Davi "cuida bem dela, tá bom?" "farei isso do modo mais sentimental" a Laura sorriu e foi pra sala junto com o Davi. Então, foquei minha atenção na Carmem.

"quer beber uma água?" eu falei ainda sem soltá-la do abraço "*soluço* sim". eu fui acompanhar ela até o bebedouro "beba devargar, pra não engasgar, ok?" ela assentiu e fez o que eu pedi. "você que me contar o que está acontecendo" ela negou "*suspiro* ok. Vou apenas abraçar você enquanto se acalma" eu falei enquanto a gente se sentava em um banquinho.

Enquanto estava consolando a Carmem, o Jaime viu a gente e resolver ficar também. "o que aconteceu?" "ela não quer falar, Jaime... mas pode ficar aqui fazendo companhia pra ela, se quiser" "claro, sem problema" disse o Jaime alisando as costas dela. Pouco tempo depois, o sinal tocou pra ir embora "se quiser ir, pode ir, Maria Luiza. Eu fico aqui com a Carmem" "valeu, Jaime... Carmem fica bem, tá bom" eu falei dando um beijo na testa dela e saindo.

Encontrei a Laura e as meninas e fui conversar com elas. "iaí, Laura. O que aconteceu?" "a Carmem vai mudar pra um bairro longe e por causa disso vai mudar de escola" "que triste. Ela é tão boazinha. Não merece o sofrer pelas escolhas dos pais" eu falei chateada "não teria problema nenhum se a gente mudasse pra longe. Nosso motorista poderia levar a gente" "assim é muito fácil, Maria Joaquina. Agora imagina pra Carmem... tem que vir de lá pra cá todos os dias" disse a Bibi "nem todo mundo é que nem você e a Maria Luiza" disse a Laura.

"olha, eu até poderia falar pro nosso motorista levar a Carmem junto. Mas, dependendo de onde a Carmem vai morar, não conseguiríamos chegar todo dia no horário... além disso, pode acontecer do meu pai ser chamado pra uma emergência e ficar sem transporte pra atender o paciente. Não podemos atrapalhar o trabalho dele" eu falei cabisbaixa "que pena" disse a Marcelina "como se já não bastasse os pais da Carmem se separando, ela vai ter que separar da gente" disse a Alícia "isso é tão antirromântico".

Depois da gente conversa um pouco sobre isso, o motorista veio buscar a Maria Joaquina e eu. Assim que a gente chegou em casa, fomos lavar as mãos e almoçar, mas eu não tava com tanta vontade. "o que foi, princesa? Não gostou da comida?" falou a mamãe "não é isso. é que aconteceu algo muito ruim hoje" "o que aconteceu?" disse o papai "A Carmem vai ter que mudar de bairro. E, por causa disso, mudar de escola também" falou a Maria Joaquina "ai que tragédia" falo a Joana.

"pois é. A Carmem é uma menina tão boazinha, não merece sofrer tanto. O pai dela saiu de casa e agora ela vai ficar sem a gente. isso é tão injusto" eu falei limpando algumas lágrimas que caíram dos meus olhos "eu sei, filha. Também não acho certo a Carmem pagar pelas consequências da separação dos pais. Mas também acho que eles só querem o melhor pra ela" disse o papai colocando a mão no meu ombro.

"o pior é que eu não posso fazer nada pra ajudar a Carmem. Já pensei em várias coisas, mas nada dá certo" "eu também" pensou a Maria Joaquina "acho que é melhor que podem fazer, meninas, é dar apoio a Carmem. Ela vai precisar ainda mais da amizade de vocês" disse a mamãe "concordo, Clara. Agora, tente comer um pouco tá bom, depois você pensa mais sobre isso" "sim, papai" eu falei colocando um pouco de salada na boca, ainda sem vontade.

Irmã da Maria Joaquina (Daniel x OC)Onde histórias criam vida. Descubra agora