Capítulo 21

297 22 0
                                    

(ela está com a mesma roupa da Maria Joaquina, mas está com uma tiara de flores brancas e uma pulseira de continhas que a ganhou da Carmen)

"Bom dia, Firmino" falamos ao mesmo tempo "bom dia, meninas. Como vão minhas gêmeas favoritas?" "*risada* estamos bem" falou a Maju "muito bem" eu falei "que bom. Até logo" "até" falamos ao mesmo tempo e fomos para pátio. "tem certeza que minha tiara não está torta?" "tenho. Você está linda" "você também, Maju" "olha só, parece que vocês conseguiram vir diferentes" falou a Valéria "é pelo menos um pouco" disse a Maju. nós conversamos um pouco até que vimos o Cirilo todo triste.

"pobre Cirilo" disse a Valéria "por quê? O que foi?" disse a Laura "ele tá com sandálias de borracha" disse a Carmen "que ridículo. Esse moleque está sempre fazendo coisas pra chamar atenção" "não seja insensível. Você não acha que ele gostaria de estar usando sapatos que nem todo mundo?" eu falei "não sei. Só sei que agora vamos passar a maior vergonha com essas sandálias ridículas dele" falou a Maria Joaquina "como você pode ser assim?!" disse a Valéria.

"o trovão de chocolate! Tá louco de vir pra escola de sandália de borracha?! Até eu vim pra escola de sapato novo" disse Paulo e depois começou a tirar sarro do Cirilo. Até que o Jaime veio e apertou o pescoço dele com força " ai! Socorro, professora Helena! Estão me enforcando!" "cala a sua boca, senão eu te arrebento" "não, não. Sou muito novo pra morrer" o Jaime então soltou o Paulo "isso serve pra todo mundo! O primeiro que rir do Cirilo vai levar uma surra!" falou o Jaime empurrando o Paulo. Eu engoli seco "vamos mudar de assunto meninas?" todas concordaram e falamos sobre outra coisa. Pouco tempo depois, o sinal tocou e fomos pra aula.

"alguém pode me dizer o que é liberdade?" disse a professora "é viver com os meninos perdidos, fazendo o que eu quiser na hora que eu quiser" disse o Jaime "*risadinha* vamos com calma. Não é bem assim" o Daniel se levantou "é poder ser eu mesmo" "e o que é ser você mesmo" "é fazer tudo o que eu gosto, mas sempre respeitando os outros" "muito obrigada, Daniel. E o que necessário pra ser você mesmo?" o Cirilo se levanto "é existir" "ele é um gênio" sussurrou a Maria Joaquina e acabei rindo baixinho.

"mas não posso ter vergonha de quem eu sou, nem ficar imitando os outros. Temos que ser autênticos" "muito bem observado, Valéria... Diga Davi" "também temos que ter educação. Por que se não conhecemos as coisas, como vamos saber o que é bom pra nós?" eu me levantei "também temos que respeitar. Já que ninguém é obrigado a gostar da mesma coisa que a gente" eu falei "muito bem colocado, Maria Luiza" "mas se faço o que eu gosto e me castigam fica meio complicado" "o que você deve entender por liberdade Paulo, é fazer aquilo que não prejudique o outro".

Depois de mais um tempinho, o Firmino veio avisar que o sr. Morales tinha chegado na escola e que iria visitar nossa turma em breve "crianças, podem guardar os cadernos. O Sr. Morales acabou de chegar" nós obedecemos "se ele visse as sandálias do Cirilo, diria que nós estudamos numa escola de favelados" "e se ele ouvisse o que sai da sua boca, diria que você não teve educação" ela mostrou a língua pra mim e eu mostrei a língua de volta.

"quero que o senhor Morales tenha uma boa impressão de vocês, crianças" *toc* *toc* "comportem-se" a diretora com o senhor Morales entrou "professora Helena, aqui está a visita que nos estávamos esperando" "bom dia, senhorita" "é um prazer recebe-lo" "o prazer é meu. Bom dia, crianças!" "bom dia, Senhor Morales!" falamos ficando de pé "sentem-se crianças" disse a diretora. Depois de uma breve conversa entre a professora Helena e o senhor Morales, ela disse que ele poderia perguntar coisas a turma

"eu soube, pela diretora Olívia, que as filhas do doutor Medsen estudam aqui, verdade?" a Maria Joaquina se levantou "é verdade. Eu sou Maria Joaquina Medsen e aquela é minha irmã gêmea Maria Luiza" ela falou apontando pra mim "pode se levantar, querida. Não precisa ter vergonha" disse a Professora. Eu me levantei e estava um pouco nervosa "é um... prazer conhecê-lo" "o prazer é meu. Vocês são meninas lindas, assim como todos aqui. Faz tempo que não tenho notícias do Miguel. Somos amigos desde a infância"

"que legal" falou a Maria Joaquina " Ele também fica nervoso quando tinha que se apresentar em público ou para alguém importante. Ele era meio tímido" "não sabia disso" eu falei me sentindo mais confortável "interessante. Sabia que hoje ele é médico? É o melhor de todos" disse a Maju "sei. Minha família e a do pai de vocês eram muito próximas. Dividimos as dificuldades na pobreza... uma vez, eu e seu pai fomos pegos roubando galinhas do vizinho"

Eu e a sala começamos a rir só de imaginar a cena. Mas parece que minha irmã não gostou "nosso pais ficaram muito bravos, porque por mais que passássemos dificuldades... a honestidade sempre foi mais importante que qualquer coisa" "quem diria né, Malu?" "*risadinha* pois é, Marcelina" eu falei baixinho "a dignidade, a perseverança e a honestidade são três ingredientes muito importantes para crescer na vida e chegar aos objetivos" "escutaram crianças?" "Sim, professora Helena" "dê lembranças ao seu pai, meninas" "sim, senhor. Ele ficará feliz com isso" eu falei enquanto me sentava "obrigado".

Depois disso, o senhor Morales foi conversar com Cirilo, porém ele estava muito triste. Mas, ao invés de reclamar, o senhor Morales entendeu o porquê de o Cirilo estar assim e começou a contar um pouco da sua história. Ele comentou que não podia nem comprar sandálias novas e tinha que andar descalço, confesso que a história dele me comoveu "vejo que está fazendo um ótimo trabalho com essas crianças. Eu estou impressionado" falo o senhor Morales com a professora Helena e depois disso, nós aplaudimos o senhor Morales.

(salto no tempo) eu e a Maria Joaquina estávamos na sala brincando até que o papai chegou na sala "quer dizer que Marcos Morales é o benfeitor da escola? Que mundo pequeno" falou ele se sentando na poltrona da sala "você podia ter falado que teve amigos pobres" falou a Maria Joaquina derrubando os objetos da mesa "Maria Joaquina!" falei pegando os brinquedos do chão e colocando de volta na mesa.

"todos os meus amigos são iguais, independente da cor, raça ou classe social. Nunca precisei e nem vou precisar diferenciá-los. E tem mais Maria Joaquina, você sabe que já fui muito pobre" "eu acho que uma pessoa que te envergonha na frente da sala, não deveria ser chamada de amigo" "por que, ele fez isso com vocês?" "não. É que .... *risos* ele contou que vocês foram pegos roubando galinhas dos vizinhos *risos*" eu falei e ele também começou a rir "para Malu, não tem graça. Foi a maior humilhação, toda classe riu" "não é pra menos, essa história é engraçada. Mas tenho certeza que ele não fez por maldade. Não devemos nos envergonhar e nunca esquecer de onde viemos. Temos que ter orgulho" "eu não saí da roça" disse a Maju

Com isso, o papai se levantou muito irritado "eu só cheguei aonde estou por causa da minha história. Mora em uma casa grande e bonita em um bairro chique, não faz de você melhor do que ninguém Maria Joaquina. Nunca mais repita isso" ele falou se ajoelhando do lado dele bastante bravo "ai tá bom, mas não precisa falar assim" falou a Maju indo embora. "*tosse* pai, agora fiquei curiosa. O senhor já teve mais alguma história parecida com essa?" "bem... uma história engraçada foi quando eu fui fazer uma serenata"

"uma serenata?" "quando eu era adolescente, eu gostava de uma menina e resolvi surpreender com uma serenata. Então eu pulei o muro da casa dela para poder fazer isso... mas eu acabei caindo em uma roseira cheia de espinho" eu comecei rir "parece cena de desenho animado" "e foi mesmo *riso* o pai dela ficou tão bravo quando me viu, mas depois que eu expliquei a situação ele me levou ao hospital. Mas não tive coragem de olhar pra ela no outro dia"

"*risos* se contar essa história pra Laura, ela vai ficar é com pena... eu posso contar essa história pra minhas amigas?" "claro que pode. Quer ouvir mais algumas?" "talvez uma outra hora. Eu tenho que fazer minha lição e estudar pra prova de gramática." "antes de ir, poderia chamar sua irmã? Ainda não terminei de conversar com ela" "*suspiro* tudo bem" eu falei me levantando. Fui até o quarto da minha irmã "Maju, o papai está te chamando. Agora" "tá bom. Já estou indo" "você devia aprender a aceitar nossa origem e tratar os outros melhor. só um conselho" "eu sei bem o que eu faço." Ela falou indo pra sala "*suspiro* um dia você vai se arrepender"

Irmã da Maria Joaquina (Daniel x OC)Onde histórias criam vida. Descubra agora