Capítulo 67 (parte 1)

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 "ai, não. Tô com um mal pressentimento" disse baixinho pra Carmem "eu também" "tira a mão de mim, seu grosso!" "e por que você falou que meu pai não chega aos pés do seu?!" "porque ser médico é uma profissão maravilhosa e ser mecânico é inferior e é nojento!" "Nojento?! Nojento é você! eu não vou deixar você falar mal do meu pai de novo, sua metida!" ele falou empurrando minha irmã e nós meninas já fomos separar os dois.

"Para, Jaime!" disse a Laura "ela não quis te ofender!" disse a Carmem enquanto eu ficava na frente da maju, enquanto ela me abraçava meio assustada e com raiva "você está bem?" eu sussurrei e ela assentiu "cala a boca as duas! Eu tô falando com aquela menina metida! Que vive desprezando meu pai! Que tem um coração que nem cabe no peito!" ele gritou de novo "J-Jaime, vamos manter a calma-" "olha aqui! Ninguém criticou o coração do seu pai não, tá?! Só que uma coisa é bondade, a outra é inteligência e preparação, tá?!"

"agora você tá chamando meu pai de burro?!" "não! mas se tivesse um pouco mais de cérebro, saberia que meu pai nunca seria comparado com o seu!" "e por que não?! hein?!" "porque meu pai é um grande médico e o seu só sabe apertar parafusos em uma oficina!" "meu pai aperta parafuso e eu vou apertar seu pescoço!" ainda bem que as meninas foram tentar segurar o Jaime, enquanto eu afastava mais a Maria Joaquina do Jaime.

Ainda bem que a professora apareceu e parou a briga dos dois. Apesar da professora estar ali, o Jaime e a Maria Joaquina ainda trocaram alguns insultos antes do Jaime sair muito bravo do pátio. "que situação mais sentimental?" disse a Laura "eles sempre discutem por causa dos pais" disse a Carmem "Maria Joaquina, você não sente vergonha?" "professora, eu nunca sinto vergonha de falar a verdade. Mas dizer, que o trabalho de um médico é menos importante do que um mecânico? Ah, não" "ninguém disse isso, Maju. Todas as profissões são importantes pra sociedade" "nem todas, Malu"

Depois que a professora deu uma bronca na Maria Joaquina, a gente foi aproveitar o resto do intervalo. Eu levei a Maria Joaquina pra lavar o rosto, pra ver se acalmava um pouco irmã "olha, Maju. Eu não vou falar muita coisa, mas não foi legal você falar da profissão do seu Rafael" "mas é minha opinião, Malu" "eu sei, mas seria bom que você guardasse essa opinião pra você. O seu Rafael é uma boa pessoa e é amigo do papai, não acho que ele merece esse desprezo" eu falei segurando as mãos delas "se você continuar pensando só em você, vai acabar afastando pessoas que gostam de você. não seja assim" "*suspiro* obrigada por me ajudar, irmãzinha. Mas eu já ouvi o sermão da professora, não precisava do seu. Eu sei o que eu faço, não precisa se preocupar" ela falou com um leve sorriso e me abraçou "agora vamos que daqui a pouco o sinal vai tocar" ela falou e a gente saiu do banheiro.

Quando a gente passou pelo pátio, eu vi o Jaime sentado sozinho no banco, ainda bem chateado com toda a situação. Eu me senti meio mal em ver meu amigo desse jeito, então resolvi fazer um desenho  pra ele ficar feliz. Um minuto depois, o sinal tocou e a gente voltou pra sala de aula correndo.

"sentem-se, crianças. Sentem-se e fiquem em silêncio" nós imediatamente agradecemos "Eu já acabei de corrigir as redações e fiquei muito feliz. Eu gostei de todas e tem algumas que estão excelentes" "a do Jaime com certeza não está excelente. Nem a redação e nem a profissão" "eu pensei que já tivéssemos conversado, Maria Joaquina" disse a professora "mais um comentário e você vai pra diretoria" isso fez minha irmã fica quietinha "se enxerga" disse a Alicia ao fundo.

"e tem uma delas que eu gostaria que fosse lida em voz alta" "aposto que é a minha" disse a Maju ao meu lado "Jaime" isso fez o Jaime se levantar assustado, derrubando a mesa dele no processo, que ele rapidamente arrumou. Confesso que eu dei uma risadinha com o desespero dele "eu, professora?" "sim, eu quero que você leia a redação pra toda a turma. Não está lá muito boa no quesito ortografia, mas eu gostei bastante do conteúdo" disse a professora sorrindo "com esse susto eu vou ficar com dor de barriga" "ou vai perder a burrice" disse a Valéria fazendo a classe rir "Valéria" "desculpinha outra vez" "tá desculpada" disse o Jaime "você nem é a professora pra me desculpar" "mas você deve pedir desculpas ao Jaime, Valéria" "tá bom. Desculpinha, Jaiminho" "tá bom, eu desculpo. Sua plebeia ignorante"

O Jaime então foi até a frente da sala e leu sua redação. Realmente estava muito bonita, tanto que toda a sala, menos a minha irmã, aplaudiu ele. Depois disso, ele voltou pro seu lugar "para escolher uma profissão, além de saber como exercê-la, que outra coisa é necessária?" "que a gente goste muito, professora. Como a Laura, ela leu o livro da Cinderela várias, várias, várias e várias vezes. Como se fosse uma profissão" disse a Alícia "ou uma obsessão" disse a Maju.

"A Laura quer escrever novelas" disse a Valéria "pra isso é preciso ler muito" disse a professora "então, professora Helena, eu queria ser..." "Meu Jesuisinho, pai amado. Paulo, nem precisa falar. Todo mundo já sabe que você que ser mal e faz isso muito bem" disse a Valéria fazendo a gente rir "Valéria" "desculpinha pela terceira vez, profe" eu levantei a mão "diga, Maria Luiza" "também é preciso se dedicar muito. Não só pra poder conseguir essa profissão, mas para poder exercê-la com excelência e da melhor forma que puder"

"concordo com a Alicia e com a Malu. Nós temos que escolher a profissão que mais gostamos e se dedicar muito a ela" disse o Daniel "cada profissão é diferente" disse o Davi e a sala debochou "ah vá, é mesmo, Davi? Sério mesmo?" disse o Paulo com deboche "silêncio, crianças" "concordo também com a redação do Jaime. Todas as profissões são importante e nenhuma é melhor que a outra" "pronto, lá vem o certinho" disse o Paulo e eu revirei os olhos. Após isso, fomos pra aula de geografia e todo nós ajudamos a professora a montar uma caverna pra aula de geografia.

(depois de ajeitarem tudo) "a vida nas cavernas é escura e silenciosa" disse a professora Helena passando um slide "o mundo cavernícola é um dos mais diferentes de toda a biosfera. Alguém sabe me dizer o nome dessas formações" "eu sei professora" disse o Daniel ao meu lado "estalagmite e estalactite" "isso mesmo" antes que eu pudesse comentar, minha irmã já se adiantou "a estalagmite é a de baixo e a estalactite é a de cima" "muito bem, Maria Joaquina"

A professora então explicou como elas se forma e acabam se encontrando para formar as paredes da caverna "e o que essas cavernas tem de tão especial?" disse o Paulo revirando os olhos "boa pergunta, alguém poderia dizer?" eu levantei a mão "além de abrigarem vários seres vivos, podemos encontrar pedras preciosas no chão delas e em algumas delas possuem as chamadas pinturas rupestres. Um importante registro histórico da humanidade" "exatamente, Maria Luiza" "ah, é. Eu já vi uma no parque nacional da Serra da Capivara" "que demais, Daniel" "será que os dois podem para um pouco, eu quero assistir a aula" disse a Maria Joaquina parecendo irritada.

"Professora, a gente podia aproveitar que estamos em uma caverna e contar umas histórias de terror" disse o Adriano "tudo bem" disse a professora escurecendo mais a sala, ficando só com a luz da lanterna ligada "em uma caverna escura, havia um homem. Passando... manteiga no pão" com isso a classe começou a rir. Pena que a aula já tava acabando e tivemos que organizar as coisas logo pra gente poder ir embora.

Agora, eu estava com algumas meninas conversando "eu amei a aula de geografia" disse a Valéria "deve ser muito irado visitar uma caverna de verdade" disse a Alicia "acho que eu ficaria com medo" disse a Bibi "nosso pai tem um amigo que prática caving, é um esporte que explora cavernas e tira fotos delas" "sim, ele falou que é muito legal e não dá medo, Bibi" falamos a Maju e eu.

Irmã da Maria Joaquina (Daniel x OC)Onde histórias criam vida. Descubra agora