Capítulo 30

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Fiquei o resto do intervalo com a minha irmã, já que as meninas foram consolar a Valeria e eu não ia deixar a Maria Joaquina sozinha. "mudando de assunto, eu vi que você ganhou uma rosa ontem. Quem te deu?" eu corei um pouco "ah... foi um menino" "unnn. Minha irmã conquistando corações" "*risos* para. Foi só uma rosa branca. Se fosse amor, deveria ser um vermelha ou rosa" "ah, mas meninos não sabe o significado disso" "mas o Daniel me disse o que significa. Então não acho que-" "espera, o Daniel?" falou ela surpresa "sim, por quê?"

"ah... nada. Continua" "bem, acho que ele me vê mais como amiga. Ele não deve pensar muito em romance." "é, talvez. Ele sempre tá estudando" "além disso, eu não sei se chamaria atenção de algum menino de forma romântica" eu falei cabisbaixa lembrando dos meus antigos colegas "para de falar besteira. Você linda, educada, gentil, inteligente... qualquer menino deveria se considerar sortudo por estar com você. Além disso, se eles fizerem algo com você, vão se ver comigo" "obrigada, Maju" eu falei abraçando ela. Pouco tempo depois, o sinal tocou e fomos pra sala.

"sentem-se, crianças. Sentem-se e abram os cadernos." A gente obedeceu "Antes de começar a aula, eu quero fazer uma pergunta pra vocês" "ah, não. Chamada oral logo de cara" disse o Jaime "todos já devem saber da confusão que aconteceu na sala da professora Matilde... um misterioso CD horrível e barulhento apareceu no aparelho de som dela. Por acaso, é de algum de vocês?" a sala ficou em silêncio por um tempo "credo, ainda tem gente que escuta CD?"

"parece que sim, Maria Joaquina" "que coisa do passado. Eu só escuto no meu MP3" ela falou esnobando. "*suspiro* ninguém. Ninguém sabe nada sobre esse CD?" a sala ficou em completo silêncio mais uma vez. "bom, se souberem de alguma coisa, por favor me avisem... agora vamos voltar a aula" ele falou indo pro quadro "que parte da planta nós aproveitamos da cenoura, da alface e da abóbora... Valéria, Maria Joaquina. Venham comigo, preciso conversar com vocês em particular"

Só foi a professora sair que a classe começou a se espalhar e conversar, mas não estava tão alto como de costume. Como já tinha terminado, resolvi estudar algumas matérias já que eu não queria desenhar agora. "já terminou, Malu?" disse o Cirilo "sim. foi uma questão simples. E você?" "ah, eu também... o que você acha que vai acontecer com a Maria Joaquina?" "sinceramente, não sei. Mas como a professora Helena está lá, eu fico mais tranquila" "é, a professora Helena é muito legal" disse o Cirilo indo falar com Daniel.

"Daniel" "o que é?" "o que você acha que vai acontecer com a Maria Joaquina?" "sei lá. Foi ela que pediu por isso. Pra quê reclamar com a Valéria?" "você acha que ela vai ser castigada?" "as duas vão, Cirilo. Uma porque não foi boa amiga e a outra porque pediu por briga" "eu não quero que a Maria Joaquina seja castigada. Ela é boa e é minha amiga" Daniel simplesmente ignorou e voltou a fazer a lição. Até que o Cirilo chamou a atenção dele de novo.

"as três tão demorando" "Cirilo, essas conversas geralmente demoram. Não é algo simples de resolver" eu falei "eu vou lá defender a Maria Joaquina" "tá maluco, Cirilo. Senão vai sobrar pro você também" disse o Daniel "concordo. Você não pode de intrometer em uma conversa de damas desse jeito. Ainda mais uma conversa entre elas e a professora" "mas não é justo. A Maria Joaquina precisa de alguém pra defender ela" "senta em seu lugar e faz o exercício que a professora Helena mandou" disse o Daniel já irritado enquanto o Cirilo ia embora.

"uau... Acho que as pessoas realmente fazem qualquer coisa por amor" "pois é. não sei como ele consegue gostar tanto de uma menina que maltrata tanto ele" falou o Daniel suspirando irritado "dizem que o amor é cego. *risos* mas nesse caso ele é surdo" "malu, vem. A gente vai jogar ABC stop!" falou a Alícia "Já vou!" eu falei indo sentar junto com as meninas no fundo da sala.

Depois de um tempo, a Graça veio aqui e mandou a gente se sentar e ficar em silêncio "presta atenção. Vim aqui enquanto professorinha Helena não volta. Certo?" "que lindo seu esmalte, graça. Que cor é essa?" disse a Bibi "ai, tu botou reparo, bixinha. É meio que uma misturinha sabe? É... Felina chique e eu coloquei uns brilhinhos, sabe? E ai tem um rosa que eu esqueci o nome" "rosa impacto brutal?" disse a Marcelina "é esse mesmo".

"Não acredito que vamos ter que ficar ouvindo papo de mulher" disse o Paulo e os meninos concordaram "por que a gente não joga um jogo? Assim a gente para de conversar sobre esmalte" disse Alícia "tipo jogo da forca ou algo assim?" eu perguntei "isso aí, chega de papo de mulherzinha" disse o Jaime. então os meninos começaram a pedir o Firmino de volta enquanto eu e as meninas defendíamos a Graça.

"shiiiiuute!" a Graça gritou e a gente se acalmou "oxente, tadinha de mim. Vocês tão mangando d'eu? Falando na minha cara que eu não sou boa pra ficar com vocês?" "Pelo menos a conversa com o Firmino seria mais legal" disse o Davi. A discussão começou a desenrolar de novo, sobre quem era mais legal entre o Firmino e a graça. "você é igual a todas as mulheres. Só querem saber de flores, compra e dinheiro" disse o Jaime "e vocês só querem saber de futebol, filmes de ação e bagunça" eu falei.

"isso mesmo. Estão com ciúme porque somos mais inteligentes que vocês" disse a Carmem "homem é que nem pão de forma. Tem miolo mole e é fácil de dobrar" disse a Laura. A gente riu e os meninos debocharam. "então escuta essa. Sabe porque a mulher se casa de branco?" disse o Jaime e a gente negou "é pra combinar com a geladeira e com o fogão" os meninos riram e a gente debochou "a pois escute essa" disse a graça "como a gente chama um homem bonito, elegante e romântico?" a gente não sabia "não sabem?... boato!" a gente riu e mais uma vez começou a discutir de novo.

"o que tá acontecendo?" disse a Valéria chegando "você perdeu, a gente deu um mó fora nos meninos e a graça ajudou" disse a Laura e a gente riu. "*suspiro* pena que eu perdi. Tudo culpa da Maria Joaquina" disse a Valéria "deixa eu adivinhar. Ela incentivou vocês a fazerem as pazes, a Maria Joaquina negou e agora a professora está falando sobre a importância de ser legal com os colegas" eu falei revirando os olhos "acertou"

"é, eu conheço a Maria Joaquina. Ela insiste em tocar o mesmo disco" falei encolhendo os ombros "tão orgulhosa" disse a Bibi "ela tem coração de pedra" "pedra não Laura. Diamante. Porque meu pai é médico, sabiam?" eu revirei os olhos. De repente, os meninos começaram a atacar a gente com bolinhas de papel e a gente se abaixou e tentou se proteger. Até que resolvemos contra-atacar na mesma moeda. Confesso que eu estava me divertindo um pouco com isso. Porém, a nossa batalha durou pouco.

"o que significa isso?!" falou a professora Helena entrando com a Maria Joaquina "Mas que absurdo é esse? Olha a bagunça que vocês fizeram." Ela falou enquanto a gente se sentava. Escondi o rosto no livro de vergonha "a...é... professorinha é... Não se avexe com eles não visse... q-que a culpa foi minha"

"*suspiro* eu contei com sua ajuda pra cuidar deles, graça. E pelo visto você não nada do que eu pedi, pelo contrário. "e-é eu falhei, falhei. Falhei feio mesmo. Falhei falhado. Desculpa mesmo, me perdoa?" "*suspiro* pode ir, Graça" ela foi embora e a Maria Joaquina se sentou no lugar "e vocês podem arrumar já a bagunça que fizeram" falou a professora Helena e a gente obedeceu.

Logo após isso, a aula continuou como se não tivesse tido uma terceira guerra mundial entre meninos e meninas. "fechem os cadernos" todo mundo fez isso... bem, quase todos "Jaime, será que eu vou ter que falar um milhão de vezes? O que você não escreveu em meia hora, não vai escrever em 2 minutos. Fecha o caderno" o Jaime suspirou e fechou o caderno.

"Professora" "o que foi, Paulo?" "posso ir no banheiro? Eu tô muito apertado" "ih, desse jeito vai fazer nas calças" disse o Jaime e toda classe riu "cala a boca, rolha de poço" "Quem é rolha de poço, hein?" disse o Jaime se levantando, mas a professora chamou a atenção dele e ele se sentou "Paulo, você teve o recreio inteiro pra ir no banheiro." Ele então implorou e a professora deixou. Logo depois, o Kokimoto pediu pra ir no banheiro também e a professora também deixou, o que eu achei estranho.

Enquanto a gente tava fazendo a atividade, resolvi discretamente chamar minha irmã "Maria Joaquina" eu sussurrei "fala, Malu. Eu tô ocupada agora" "não acha que deveria fazer as pazes com a Valéria? afinal ela se arrependeu, não foi?" "claro que não. não vou voltar atrás" falou a Maju voltando a fazer a lição. "atenção, crianças... vou precisar de dois voluntários pra irem no laboratório de ciências pegar o material da aula. Vamos ver quem vai fazer esse favor" todo mundo começou a falar até que professora pediu pra gente fazer silêncio.

"Eu nunca fui escolhida, professora" disse a Maju "não me escolhe professora, eu nunca mais volto naquele laboratório" disse o Davi "o que que tem nesse lugar?" eu perguntei "tem gente que acha que é assombrado. uuuuu" falou a Marcelina rindo "Credo, para Marcelina" "os alunos que irão hoje serão... Valéria e Maria Joaquina. Podem se levantar" falou a professora Helena "vocês vão trazer os bonecos pra aula de corpo humano e as lâminas dos insetos que conseguirem encontrar" disse a professora pegando a chave "temos mesmo que ir juntas?" disse a Maju "sim. por quê? Algum inconveniente?" "não professora. imagina".

Irmã da Maria Joaquina (Daniel x OC)Onde histórias criam vida. Descubra agora