Capítulo 7 - Racismo

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Oi!

Esse capítulo é o mais pesado que eu escrevi até agora, então quem é sensível, é melhor pular ele.

Boa leitura!

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Capítulo 7

Manuela

Hoje Liz me prometeu me ajudar a estudar, então irei para a casa dela. Ela disse que, como seus pais estão no trabalho, não teria problema eu ir até lá. Estou animada, sempre quis ir lá!

Elizabethe mora numa casa simples, mas muito bonita. Chegando lá, comemos bastante. Ela não se importa com a quantia que eu como, acho que até me daria mais comida ainda. O completo oposto da minha família.

Depois do almoço, ajudo-a lavando a louça. Subimos para seu quarto, que é todo decorado em rosa. É lindo. Se senta na cama e me chama para fazer o mesmo. Tiro meu caderno da mochila.

— Então, Manu, o que você precisa aprender?

— Tudo depois de escrever o meu nome. — ela ri. Mostro no caderno a questão. — Pode me ajudar nessa?

— Claro!

A explicação começa. É bem difícil no começo, mas aos poucos, entendo tudo e planos para a próxima questão. Estudamos por horas.

— Pausa! — grito e deixo as costas caírem na cama. — Exercitar o cérebro cansa demais.

— Nem me fale. Ah, ficou sabendo que aquela menina, a Talita, que mudou de escola...

— Sei! Continua!

— Então: Tá grávida! — meu quixo vai ao chão. — Dá pra acreditar? Ela era uma santinha.

—Santo de pau oco. — damos risada. — Quem é o pai?

— O João do terceiro.

— Mentira! — me sento de supetão. — Ele é gostoso e popular, nunca pensei que iria atrás da Talita. Moleque doido.

— Pra tu ver! Mudando de assunto, eu ouvi você e o Gustavo comentando sobre academia...

— Ah... minha mãe e ele querem que eu faça academia. Mas eu não sei se quero isso. Eu nao vou emagrecer. Sou uma gorda e ponto final.

— Você é gorda, mas gostosa. — minhas bochechas esquentarem. — Toda mulher é gostosa, Manu. Até eu, que sou uma tábua.

— Mas ser tábua é melhor que ser gorda. — murmuro. — Liz, voce já beijou?

— Hum? Por que essa pergunta do nada?

— Curiosidade.

— Ah... bem, uma ou duas vezes.

— Quem? — fico interessada na conversa.

— Segredo. — passa um zíper na boca.

— Ah, conta! Não conto pra ninguém. Conta, Liz.

Começo a fazer cosquinhas, que ri feito doida. Num certo momento, estou por cima dela, sorrindo.

Queria ser como ela.

Quando saio de cima, lhe dou um abraço.

— Obrigada por ser minha amiga. — aperto ela.

— Não precisa agradecer. Eu te amo, Manu.

— Também te amo. Mas bem que você poderia dar um pouquinho dos seus peitos para mim, porque caramba, tem de sobra!

Damos risada.

— Hikari, cheguei! — escuto uma voz.

— É sua mãe?

O rosto de Liz fica totalmente pálido.

— Que horas são? Por que ela veio mais cedo? Ah, não. Manu, dê apenas um oi e vá embora.

— Mas...

— Hikari? — a porta do quarto é aberto por uma mulher de meia idade. Quando seu olhar cai sob mim, eu entendo porque a Liz quer que eu saia. — Quem é você?

— Manuela Pereira, senhora. Prazer em conhecê-la. — estendo a mão, que ela olha por alguns segundos e diz:

— Não vou encostar em você. Pode ter alguma doença.

Arregalo os olhos.

Eu ouvi mesmo isso?

— Mãe!

— Por que você trouxe uma preta pra nossa casa? — engulo em seco. — Pensei que tinha te dito para não se meter com esse tipinho de gente. — me olha de cima. — São pessoas como ela que destroem a sociedade, com suas músicas nojentas, costumes ridículos e cabelos... O que é esse cabelo? Parece bombril.

Eu penso em revidar, mas estou em choque.

— Veio atrás da minha família porque precisa de dinheiro? É uma vagabunda de esquina?

— Mãe!

— Vocês se infiltram em faculdades por sistemas de cotas, enquanto os brancos se matam de estudar. Compram seus diplomas. São pessoas para se ter nojo.

— Eu... — lágrimas começam a rolar.

— Agora você vai chorar? Seus antepassados nem deveriam ter vindo para cá em navios negreiros. Mas vieram. Deviam ter continuado com escravo, já que é só para isso que servem.

Eu não sei o que fazer. É claramente um ataque racista.

— Sai da minha casa. Agora. — aponta para a porta. Pego minha mochila e saio correndo para fora daquela casa.

Eu nunca mais irei pisar nesse lugar.

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