Oi!
Gente, como sempre, esse capítulo é pesado. Eu recebi vários relatos sobre racismo e o que acontece nesse capítulo é história real.
Boa leitura!
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Capítulo 10
Manuela
O dia não poderia ser melhor.
É final de semana, sábado para ser mais exato. Era para ser só mais um final de semana, one eu passaria o dia lendo e comendo doces, mas não, eles estão vindo.
Tia Angelina vai vir almoçar aqui em casa. E com ela, vai vir o trio dos meus pesadelos. Tio Augusto, ódeio ele. Prima Elisa, odeio ela. Prima Catarina, odeio ela.
Não me levem a mal, eu não odeio eles só por odiar. Tem toda uma história por trás disso.
— Manu, arruma seu quarto. Não quero nada bagunçado aqui. — obedeço sem questionar.
Vou até a minha estante de livros e escondo meus livros hot e LGBTQIA+. Meus parentes são extremamente homofobicos, então se eles verem essas coisas no meu quarto, haveria uma confusão enorme.
Meu celular vibra. É uma mensagem do Edu.
Edu: Você vai ficar bem? Não quer que eu vá aí ficar do seu lado?
Suspiro. Não posso deixar que ele venha por causa de um acontecimento no passado:
Edu veio jantar em casa, por coincidência tia Angelina veio em casa. Eles em hora notaram que Edu é gay, aí começaram com piadas homofobicas, zoaram ele de todas as formas, até que o coitado foi embora chorando.
Eu: Você nunca mais vai chegar perto deles.
Edu: Mas se você precisar de ajuda, eu vou :)
Dou um sorriso.
Eu: Obrigada por se preocupar, mas eu vou sobreviver!
Escuto vozes da cozinha. Chegaram.
Eu: Eles chegaram, me deseje sorte! ^.^
Respiro fundo e saio do quarto.
Sorriso no rosto, Manuela!
A primeira pessoa que vejo, é a Catarina, balançando aqueles belos cabelos loiros gigantes e bem hidratados. Quando ela se vira para mim, dá seu sorrisinho de deboche.
— Oi, Manu.
— Oi.
— Nossa, como você tá diferente! — grita prima Elisa. — Engordou quantos quilos dessa vez? — abro a boca para responder, mas ela me interrompe. — Deixa eu adivinhar: duas toneladas? Não, seria pouco...
— Foram quatro dessa vez, Elisa. — diz Gustavo.
Acho que minhas primas só gostam do Gustavo porque ele não é totalmente negro. Ele puxou a mamãe e eu, totalmente o papai.
— Priminha, quer uma chapinha de presente? — respiro fundo e digo:
— Só se for pra passar na sua língua, cobra. — estalo a língua. Levo um tapa nas costas. — Ai, mãe!
— Para de ser mal educada, Manuela.
Meu corpo está fervendo de raiva.
— O que a gente vai almoçar? — pergunta Catarina. — seguem para a cozinha. — Sua comida é deliciosa, tia!
— Obrigada, querida. Você devia aprender a ser educada como ela, Manu.
Calma... respira.
— Nossa, Manu, você devia se vestir melhor. Parece uma mendiga. — fala tia Angelina. — Né, Augusto?
Não, tio Augusto não.
— Essa menina nem serve para nada. E ainda por cima é preta. — e começou.
— Ela nasceu errado. Deve ser adotada. — Gustavo dá de ombros. — E ainda fica falando do nosso pai toda hora. Não sei porque ela enaltece aquele carvão queimado... ai! — acerto um tapa com toda a minha força na cara dele.
Todos ficam em silêncio.
— Escuta aqui, sua peste! Nunca mais fale do meu pai! Ouviu? — agarro ele pela gola da camiseta. — Ouviu?!
— Manuela! — minha mãe me agarra pelo braço e me joga no sofá. Começa a me estapear e gritar comigo. — Você é um erro! Eu devia ter te abortado! Sua preta nojenta!
— Me solta!
— Eu te odeio! — agarra meu pescoço.
Quase desmaiando, uso meus pés para jogar ela para o lado. Me levanto respirando pesado. Todos nós olham assustados.
— Não é que a selvagem sabe brigar. — começo a andar na direção dela.
— Já aguentei vocês duas por muito tempo. — saio no soco com as minhas primas. A briga demora acabar e tem seu final de um jeito horrível: tio Augusto pega uma garrafa de vinho e acerta minha cabeça com ela, depois bato a testa na quina da mesinha de centro. Não vejo mais nada depois disso.
...
— Ai... — abro os olhos lentamente. — O que aconteceu? — olho para todos os lados, até que acho a minha mãe. Fleches do que aconteceu vem à minha mente. — VOCÊS QUASE ME MATARAM!
— Manu, querida, você escorregou na garrafa quebrada de vinho e bateu a cabeça. Agora está tudo bem. — sorri de maneira totalmente falsa.
— Eu sei o que aconteceu, mãe.
— Manuela. — chega até mim e segura minha mão. — Você quer que sua família inteira seja presa e que você e o Gustavo sejam mandados para orfanatos? — abaixo a cabeça. — Então entenda, você caiu.
Fico em silêncio, até que o médico entra no quarto.
— O que aconteceu com você, mocinha?
— Eu... — olho para a minha mãe e depois para minhas mãos. — Caí.
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É o MEU corpo!
RomanceSinopse Manuela é uma garota que sofre sempre. É chamada de gorda por todos - baleia é seu apelido número um -, é preta, cabelo afro, estrias e celulite. Claro, ela é uma mulher completamente normal. Mas não aos olhos das outras pessoas. Manuela se...