Capítulo 14 - Talvez possa me apaixonar

221 42 2
                                    

Capítulo 14

Manuela

Estou em frente ao portão da minha casa, com Daniel, Enzo e Mira ao meu lado. Eles vieram comigo buscar minhas coisas.

Não faço a menor ideia de como minha mãe vai reagir. Estou com medo. Muito medo.

Estamos em casa. Minha mãe está na sala e vira a cabeça para nós ver quando atentarmos. Levanta e observa nós quatro cuidadosamente.

O que eu faço?

— Manuela?

Tento falar, mas a voz some. Não sei o que dizer. É uma situação desconfortável.

— Manu? — Gustavo aparece. Observa as pessoas comigo.

— Quem são eles, Manuela? — se aproxima de nós. Mira toma a frente.

— A Manu passou a noite em minha casa, depois de seu tio quase abusar dela. — mamãe arregala os olhos.

— Dá onde você tirou isso? Essa vagabunda que seduziu ele!

Meu estômago se contorce.

— Como você pode dizer isso? — coloca a mão no peito, indignada. — Você confia mais num homem do que na sua filha?

— Você não conhece a Manuela. Ela faz tudo para ter o que quer. Eu sempre notei os olhares dela para o meu cunhado. É uma Vagabunda.

Minhas mãos estão tremendo.

Sinto uma mão na minha costas, penso ser o Daniel, mas é o Enzo. Respiro fundo. O que ele está fazendo?

— O Gustavo... ele viu tudo... — murmuro. — Ele viu o tio me atacar...

— Gustavo? Isso é verdade? — Ele se encolhe.

— Não tenho nada a dizer.

Meu estômago se enrola.

Acabei de passar a odiar meu irmão.

— Pelo amor de Deus, que tipo de mãe você é?! — Mira grita. — Manu, junte suas coisas, vamos embora daqui agora!

Daniel pega minha mão e me guia até o quarto, mas antes de passar pela porta, mamãe se põem entre nós.

— Daqu você não leva nada.

— Eu comprei essas coisas com o dinheiro que o papai me deixou, então posso levar. Comn licença.

Invado o quarto. Pego uma mala antiga e vou jogando minhas roupas. Enquanto isso, Daniel coloca meus livros e cadernos da escola numa mochila. Também pego uma sacola para guardar algumas coisas que gosto. Pego minhas economias. Por fim, pego meu quadro com a foto do papai.

Assim que saio do quarto, mamãe está gritando com a Mira.

— Vamos embora. — Vamos saindo, deixando a minha mãe furiosa para trás. Entramos no carro e eu desejo a chorar.

Até chegar à casa de Mira, não paro de chorar. Daniel tenta me distrair e fala que tudo vai ficar bem, mas eu não acredito nisso. Parece que o inferno na minha vida só aumenta.

Eu vou dormir com a Mira, na mesma cama. Eu não me importo.

Mira separa um espaço no guarda roupa para mim e me ajuda a guardar as roupas. Meus livros - os que consegui pegar - faço uma montanha no canto do quarto.

— Queria, não fica assim. — Mira acaricia meus cabelos. — Com o tempo sua mãe vai se arrepender de te tratar assim.

— Não, ela não vai. — suspiro. — Eu não sei o que fazer da minha vida.

— Hum... Você precisa de algo parar desestressar! Por que não faz academia? Você ia se divertir muito!

Esse negócio de academia de novo não.

— Não tenho dinheiro para isso.

— O Daniel trabalha numa academia, ele pode te levar lá.

Queria saber porque o nome Daniel mexe comigo.

— Eu não sei... Não é como se academia fosse consertar o meu corpo.

— Parou com isso! — escuto Daniel dizer. Ele se aproxima e pega minhas mãos. — Não vamos consertar seu corpo, Manu. Ele já é perfeito como é. A única coisa que vamos fazer, é te distrair desse monte de problemas.

Daniel...

Talvez eu pudesse me apaixonar pelo Daniel.

É o MEU corpo! Onde histórias criam vida. Descubra agora