Boa tarde gurias! Ah essa história me tomou a manhã toda. Ahahahah espero que gostem 🥰
Capítulo 1
Júlia
Acordei com vozes masculinas que pareciam comemorar algo. Minha cabeça latejou assim que fiz menção de me levantar. A luz amarela de lampiões antigos não era o suficiente para iluminar todo o lugar. De forma lenta meus olhos começaram a focalizar nos detalhes do lugar em que eu me encontrava. Paredes de pedras se erguiam cercando o lugar, o teto também era de pedra.
Senti uma algo cheio de patas longas e peludas mover-se rápido sobre minha mão esquerda e no segundo seguinte saltar para a direita. Dei um grito e estapeei minha própria coxa e roupa para ter certeza que a aranha já não estava mais em mim. Meu susto não foi o suficiente para atrair a atenção dos bárbaros reunidos em torno da fogueira rústica a alguns metros de mim.
Eu ainda estava sonhando? Desde quando alguém sente dor quando está sonhando? O tapa que aquele gigante bruto me acertou quando invadiu meu apartamento era absurdamente real. Agora eu havia acordado no chão te terra batida em alguma espécie de caverna? Mas que pesadelo louco é esse?
Havia pelo menos uns quinze homens ao redor da fogueira, eles vestiam peles de animais por cima de roupas escuras. Os bárbaros poderiam ser confundidos facilmente com guerreiros nórdicos da era viking, não isso não seria estranho se eu não tivesse ciência que estou no ano de 2022, onde se você queria comer algo bastava pegar o celular e pedir pelo ifood e não ficar em volta da fogueira segurando lanças com peixes espetados. Meu Deus o que está acontecendo?
Não quis esperar para entender mais detalhes de toda aquela loucura. Tinha algo muito errado, eu não fazia a mínima ideia de onde eu estava mas meu instinto dizia que eu precisava dar o fora o quanto antes.
Engatinhei pelo chão terroso e me mantive próxima a parede da gruta. Não ousei ficar de pé.
Gelei quando meu corpo inteiro tremeu diante do frio intenso. Eu usava uma camiseta tamanho extra grande e nada mais. Não esperava ter que estar preparada para a neve! Meu queixo bateu tremendo num movimento involuntário. Fiquei de pé quando finalmente saí.
Meus pés tocaram a neve fofa e olhei ao redor totalmente perdida. Neve? Eu eu sem dúvida não estava mais no Brasil. Será que isso era algum tipo de escape room mais elaborado? Algum trote do qual eu teria que escapar para poder voltar a minha rotina normal?
Bom… fosse o que fosse eu só queria ficar longe dos homens ao redor da fogueira. Eles me assustavam. Porém nada comparado ao gigante bruto que derrubou a porta de meu apartamento com uma patada. Ele era o pior deles. Havia uma maldade crua e gélida em seus olhos azuis.
Se eu ficar mais tempo parada aqui acabarei congelando. Quanto tempo até encontrarem meu corpo durinho na neve? Arrisquei alguns passos para longe da gruta em meio a escuridão da noite, uma mão firme e áspera se fechou em torno de meu braço. Dedos de aço machucaram minha pele. Meu corpo amoleceu quando ouvi a voz masculina e grave logo atrás de mim.
— Onde pensa que vai? — Seu rosnado duro me fez tremer inteira quando me virou com brutalidade para que eu o encarasse.
Olhei ao meu redor as pernas bambeando diante dele. Nenhuma viva alma capaz de interceder em meu socorro. Árvores. Neve e mais árvores. Estou perdida!
— Por favor me solte. O senhor está me confundindo com outra pessoa. — Pedi educadamente não querendo demonstrar medo.
Ele me olhava de cima, irritado como se eu tivesse dito algo que o desagradou.
— É a criada de Lisavetta. Eu sei.
Eu quis chorar.
— Que Lisavetta? Pelo Amor de Deus! Nunca nem ouvi ninguém com um nome desses!
Meu queixo continuou a bater de frio. Ele não parecia incomodado com a névoa fria. Também pudera, frio era a última coisa que o gigante deveria estar sentindo. Ele usava a pele de uma raposa sobre roupas escuras e grossas. O animal ainda tinha as patas. Pobre raposa, lamentei e voltei a encarar o homem que devia ter quase dois metros de altura.
Ele continuou me encarando, o olhar tão frio quanto a neve que agora queimava as solas nuas de meus pés. Silenciosamente me cobrava uma resposta. Sem afrouxar a pegada dura. Seus lábios denotavam rigidez e tensão, o maxilar apertado coberta por uma barba aloirada e extremamente masculina, não pelos perdidos no rosto como os de um adolescente, ou uma barba ralada e falha, Pelos grossos e loiros um pouco mais longos que me faziam acreditar que eu estava diante de um verdadeiro viking.
— Mentira. — Rosnou. — Ao menos Lisavetta escolheu uma criava leal.
— Para de me chamar de criada! — Reclamei olhando diretamente em seus olhos, haviam uma maquiagem escura ao redor deles, tornando o azul celeste ainda mais destacado. — E solte meu braço agora, o senhor está me machucando!
Usei a mão livre para tentar fazer com que os dedos dele cravados em minha pele para que me libertasse. Não funcionou. Ele não aliviou a força.
— Se não é criada… — A voz grave tomou um tom sugestivo que não me agradou, assim como seu olhar que desceu por meu rosto até meu corpo. Gelei por dentro. Desisti de tentar fazer com que ele me soltasse e usei meus braços para cobrir meu corpo. — Na certa é uma puta do rei. — O gigante usou a outra mão para tocar minha bochecha. Roçou o polegar por minha boca e desceu querendo apalpar meus seios contra a camiseta. — Sem dúvida bem alimentada.
A humilhação e a raiva explodiram em mim e eu acertei um tapa em seu rosto. Eu quase o acertei.
— Me solta. — Exigi sentindo a mão que me acariciou o seio impedir que eu o acertasse. Um aperto tão duro em meu pulso quanto o aperto em meu braço. Cuspi em sua cara, sabendo que o homem cruel a minha frente poderia quebrar meu pulso com facilidade.
Minha saliva escorreu por seus lábios. Ele sentiu a afronta e lambeu meu cuspi sem demonstrar qualquer reação.
— Ajoelhe-se — Rosnou.
Vi o cabo da espada preso a uma tira de couro a suas costas. Pronto ele vai me matar. Não tive dúvidas.
— Não. — Retorqui apesar de apavorada.
— AJOELHA! — Suas mãos impuseram mais força no agarro mas eu não cedi.
— Olha lá! — Uma voz masculina gritou em meio a escuridão. — Ragnar achou ela.
Logo os homens que estavam ao redor da fogueira nos cercaram.
— Deve ser louca para tentar fugir quase nua. — Um deles comentou.
— Vamos voltar para dentro Ragnar. Lá dentro você amarra a dona.
Ele não moveu um músculo. Ainda esperava que eu acatasse sua ordem.
— Voltem pra dentro — O gigante qual todos chamavam de Ragnar ordenou com autoridade. — Ela já não me serve pra nada.
— Então deixa que a gente se diverte com a dona. Manda pra nós. — Ouvi um deles sugerir batendo as palmas das mãos de maneira animada. — Eu vou ser o primeiro.
A sugestão do outro bárbaro alegrou a todos. Fiquei aterrorizada. Aquele bruto me sequestrou para depois me deixar ser estuprada por um bando de homens asquerosos.
— Não. Essa aqui já escolheu seu destino. — Anunciou ele. — E vai ser pela minha lâmina. Só estou decidindo se será rápido ou devagar.
— Ah não Ragnar ! — Eles reclamaram. — A próxima pilhagem fica a dias de distância daqui. Não vai negar esse doce aos seus homens.
Ele lançou um olhar apenas ao homem que insistiu em contestá-lo. Foi o suficiente para calá-lo. Os homens que nos cercavam foram se retirando de volta a gruta, insatisfeitos mas obedientes ao alfa diante de mim.
Meu queixo continuou a tremer pelo frio castigante. Quanto tempo ele ainda iria me castigar antes de acabar comigo de vez.
Ajoelhei lenta e dolorosamente humilhada diante de meu autoritário algoz. Meus joelhos tocaram a neve e agora não havia um centímetro de meu corpo que não tremesse inteiro, não pelo frio, mas pelo medo da morte. Finalmente as mãos dele me soltaram. Senti o sangue fluindo pelo local onde ele havia agarrado com rigidez. Meus braços caíram pesados ao lado do corpo.
Não aguentei sustentar o rigor duro de seu olhar congelante. O bruto diante de mim moveu o braço na direção da sua espada presa as costas.
Ah sim, seria pelo modo menos doloroso creio eu. O mais doloroso seria ele quebrando meus ossos até eu morrer congelada no frio? Não sei…
Fechei os olhos e inspirei fundo sentindo um odor característico que havia sentido uma única vez, quando minha vida ainda era normal, na segurança de meu apartamento, no conforto de meu sofá, aquele cheiro de alguma mistura oleosa de eucalipto e suor masculino.
O LIVRO!
Era o cheiro do livro, o mesmo cheiro que vinha de Ragnar. Qual era a ligação entre tudo isso?
Ainda de olhos fechados a mensagem escrita a mão em uma caligrafia bonita após eu folhear a primeira folha de rosto logo me vem a mente.
— Eo amore, paulo dum ero tecum. — digo em voz baixa quase como uma prece.
Sinto o homem de beleza bruta usar a ponta da espada para erguer meu queixo.
— O que disse?
Abri os olhos fitando debaixo, a voz vacilando, aterrorizada.
— Eo amore, paulo dum ero tecum. — Obedeci dizendo um pouco mais alto dessa vez.
Por alguns segundos ele esquadrinhou-me a procura de respostas, não entendi comoas os dizeres em latim de alguma forma não pareciam estranhos a ele.
Ragnar movimentou a espada e voltou a guarda-la com um movimento rápido. O metal de um barulho desagradável quando voltou a ficar preso as costas dele.
— Levante-se. — rosnou
Com dificuldade eu me ergui. Encarei-o e sua voz de trovão me assustou. Ele inclinou o rosto másculo em minha direção e ficamos perigosamente perto.
— onde ouviu isso?
— E-eu li — disse a verdade.
— Onde? — indagou ameaçador.
Quis recuar um passo para trás mas não consegui.
— um l-livro — gaguejo nervosa.
— e ainda dizes que não conhece Lisavetta… — Desdenha e volta a me puxar para dentro da caverna.
Os homens bebem mas não ousam conversar com Ragnar.
— eu falei a verdade, não sei quem é essa Lisavetta. — tentei convencer o bruto .
Ele soltou meu braço e foi até uma pilha de lanças e espadas onde haviam trouxas de couro marrom embrulhadas como trouxas. Remexeu até encontrar uma corda um tanto rústica. Começou a atar minhas mãos e depois deu certa distância do fio para que alcançasse meus tornozelos. Prendeu- me com a agilidade de um caçador.
De maneira bruta aos empurrões me guiou até mais perto da fogueira.
— senta aí não morrerá congelada antes que me conte o que estava fazendo com o diário de Lisavetta!
O pesadelo não tinha fim. Como o livro que eu comprei em um antiquário poderia ser um diário dessa mulher que ele tanto procurava?! Havia alguma resposta que desse um fim a essa tortura?
— Eu o comprei. — confessei. — Mal cheguei a ler. Na verdade só li isso e quando percebi você já estava invadindo e me pegando pelo pescoço. É só o que sei! EU JURO.
Tentei soar o mais sincera possível, afinal de contas era toda a verdade.
Ele ficou em silêncio o restante da roda também estava calado esperando pela reação de Ragnar. O fogo crepitava no centro, fazendo os galhos secos que alimentavam a chama manter-se a pesar das rajadas de vento frio entrando vez ou outra.
Meu destino estava nas mãos dele. Viver ou morrer. Era ele quem decidiria.
Ragnar manteve a corda que me tinha presa não muito distante dele. O gigante tirou a espada das costas e deitou-se perto do fogo.
Ele acreditou. respirei aliviada quando percebi ele relaxando mais com os braços cruzados atrás da cabeça.Quando os outros viram seu líder se acomodar fizeram o mesmo sem tocar em único fio de cabelo meu, nem mesmo mexeram comigo como provocavam lá fora.
— O que vai fazer comigo? — Temi por meu futuro incerto. Quando me libertária?
O bruto não se dignou a abrir os olhos para me responder.
— Ainda não decidi. Será minha Esposa ou a venderei como escrava. Decidirei quando acordar.Capítulo aprovado? E os avatares? Vcs fiquem a vontade pra imaginar quem vcs quiserem lógico, mas eu vou pensar numa mistura do modelo acima com o corpo do BRock ehehehehe e vcs quem imaginaram para Ragnar e Julia?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Escorpião - Degustação História Ficou Completa Até 16/02/2023
RomansaLivro único. Série signos