24 - Do café ao pó

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Não sei porque, nem quem era Ritinha, mas aprendi a confiar nos sinais da vida. Então procurei por Miguel, não sabia quanto levar, então levei 100 reais, trocados em duas notas de 50. Tive de perguntar para 3 pessoas antes de chegar até ele.
- Você é o Miguel?
- Depende de quem pergunta. - respondeu.
- Meu nome é...
- Não me importa seu nome, o que você quer? Retrucou.
- Ritinha me mandou aqui, disse que você me ajudaria.
- Não deveria, você é muito jovem para isso, mas se ela mandou, sabe o que está fazendo. Pegue - ele disse estendendo a mão após tirar do bolso.
Estendi a mão e peguei, era um saquinho plástico transparente, com um pó branco dentro.

No mesmo instante me dei conta de que estava comprando cocaína, eu fiquei assustado, nunca havia comprado drogas antes diretamente, sempre pedi outras pessoas para comprarem para mim e sempre foi só maconha, que me ajuda a aliviar as dores de cabeça, e algumas poucas vezes LSD, que graças a série americana de televisão Fringe "fronteiras" me despertou uma certa curiosidade a respeito dos efeitos da mesma.

Mesmo assustado, perguntei a Miguel quanto custava.
- 50 reais.
Estendi a mão, e entreguei o dinheiro e escondi a droga dentro da cueca de tão apavorado que fiquei, quando me virei pra sair, Miguel disse.
- Se isso for para quem eu tô pensando que é, ofereça antes de oferecer o café, ele vai gostar mais ainda.
- Se ele realmente tá afim de explorar meus dons, era ele quem deveria me invocar - confesso que até eu me achei presunçoso dessa vez.

A noite chegou, o ambiente estava preparado, acendi velas pretas e vermelhas pelo quarto, preparei uma pequena mesa, duas garrafas de café, uma doce e uma amarga, peguei meu cartão de crédito derramei a cocaína numa bandeja, e separei algumas carteirinhas, meu grimório estava em cima da mesa, e escrevi o necessário, a sensação, os procedimentos, como estava me sentindo, e como a lua estava no céu, minguante.

Cheirei uma carreirinha de cocaína, e acendi uns incensos, comprei no mercado, uns incensos não convencionais, a moça preta da loja, me sugeriu, incenso de semem de cascavel. O cheiro não era agradável, mas dava ao lugar uma energia macabra, então com os olhos fechados começei a chamar por ele.

- Papa? Venha até mim, Papa, me dê o que eu preciso, Papa, apareça.

Abri meus olhos, eu estava ligeiramente tonto, o quarto estava coberto por uma leve névoa branca, a chama de uma das velas que estava próxima a mim, estava estatística, enquanto as outras dançavam, algo atrás de mim se mecheu, me virei de vagar, dando espaço a curiosidade e deixando o medo de lado. Era minha sombra, ela estava maior e quieta, devido a vela parada na minha frente, de repente minha sombra se levantou e caminhou até minha frente, e derrepente não era mais uma sombra, era ele. O grande Papa Legba o senhor do aloa estava ali, diante de mim, com seus olhos vermelhos cartola e paletó preto, quando sorriu, mostrou seus dentes, brancos com peças metálicas neles.
- Olá garoto, finalmente você veio até mim.
E sorriu maldosamente jogando a cabeça para trás, enquanto pega uma xícara de café, e cheirava uma carreirinha de pó branco e puro.

E sorriu maldosamente jogando a cabeça para trás, enquanto pega uma xícara de café, e cheirava uma carreirinha de pó branco e puro

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