26 - Poder nas veias

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No dia seguinte acordei num sobressalto, meio assustado, então me lembrei. Tudo que eu fazia parecia emanar poder. Não me sentia doente, e nem mais com insônia. Como se tudo que me fizesse mal, fosse tirado, trazendo força e vitalidade. O clã ainda estava em perigo, Morgana ainda estava desaparecida, e a anciã esperava por nós na floresta.

Não entendo a demora, sabíamos onde eles se escondiam, e acreditavamos que Morgana ainda está viva e pretendíamos recuperá-la com vida.

Busquei meu grimório, uma caneta, peguei uma vela e procurei um esqueiro para acender, não achei, isso me deixou irado, então olhei pra vela e desejei ela acessa, então aconteceu.

A vela queimava viva, lembro de pensar "Uau isso é novo" e me perguntei quantos membros do clã teria o dom da pirocinese! Um feitiço me veio a mente, então escrevi no meu grimório, peguei minha adaga, fiz um pequeno corte e finalizei a página escrevendo em sangue. O corte começou a se curar lentamente, eu sentia.

Ao fim tinha escrito um feitiço, do qual nem eu mesmo entendia bem. Mas sentia que seria a salvação do clã. Mais tarde dali recebi a ligação de Afonso, disse que passaria na minha casa as 20:00 para irmos ao encontro do clã, quando a hora chegou, e ele chegou na hora. Fui até a porta, ele estava lá de preto. Pela primeira vez senti uma energia forte emanando dele, era a magia da estrela da manhã . Eu pudia sentir, sentia que era tão sombria quanto a minha, porém mais maligna. Ele sentiu o mesmo em mim:

- Você está diferente, o que você fez? Ele perguntou.
- Eu fiz um acordo. Foi só o que respondi entrando no carro dele.

Quando chegamos no local de sempre, localizado próximo a casa de Matilda a anciã, porém nunca sentia exatamente em que direção ficava, como se ela confundisse nossa mente com um feitiço, para não a acharmos, porém, naquele dia era como se eu uma caminho de chamas azuis me guiassem até a casa dela.

A velha ainda não havia chegado, estávamos preocupados, e eu disse:

- Eu vou atrás dela.
- Você nunca achará a casa dela  - Disse um cara que reconheci como o outro sacerdote do Papa.
- Me aguarde.

Então sai caminhando e o caminho estava claro, claro que as chamas azuis eram no sentido figurado, eu só conseguia sentir o caminho, após alguns minutos me deparei com o jardim ou a horta de Matilda, e logo sua casa, bati na porta. E ela abriu assutada.

- Como achou minha casa garoto? Ela perguntou.
- Me lembrei do caminho, da última vez que você me cortou. Respondi.
- Não, você está mentindo, o que ele te ofereceu?
- Um acordo e não posso falar sobre ele, venha você está atrasada, o clã a espera, e Morgana não vai poder esperar por muito mais tempo.
- Como você sabe disso? Ela me perguntou.
- Não vamos recuperá-la com vida, por isso vim até você sozinho. A morte dela, vai garantir a vitória do nosso clã nessa batalha.
- Entendo, perderemos a batalha, mas venceremos a guerra.

A anciã parecia satisfeita com meus novos dons. E por mais que o que viria a seguir fosse doloroso, séria necessário para nossa sobrevivência.

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