16 - Espíritos

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Preparamos o local em volta da estaca queimada onde já havia crescido várias flores, fizemos um pentagrama ao redor da estaca, centralizando ela ao meio da estrela, o sol já estava posto e a lua se levantava, embora não mais cheia, perguntei o que usaríamos no ritual e Morgana respondeu!
- Sangue!
- Sangue de bruxa? Perguntei!
- Não - Morgana sorriu - não seja bobo, para conversamos com os mortos devemos agradar a morte!

Morgana se levantou e foi em direção ao carro, abriu o porta malas e tirou um animal de porte médio, quando se aproximou vi que um pequeno bode negro!
- Vocês só podem estar de sacanagem!
- Podemos matar esse bode ou morrer na estaca, o que você prefere?
- Eu não vou participar disso, podemos esperar até a lua e..
- Não há tempo - disse Afonso - Precisamos fazer isso hoje, agora!

Depois de muita relutância topei, afinal não era um sacrifício humano, mas aquilo ainda me assustava, eu não tenho coragem de matar nada e espero continuar assim.

Já estava escuro o suficiente a lua pouco clareava o ambiente, Morgana amarrou o bode a estaca e sentamos os três em círculo, aquela altura me perguntei porque Vânia não participou, mas me recordei que em nosso primeiro encontro ela alegou que seu dom era poções, de cura especialmente. Ao longe escutamos um grunhido, como se algo estivesse sendo morto violentamente na mata reserva pouco distante dali, estava tudo pronto, velas acesas, então Morgana iniciou o rito.

Fechamos os olhos, levantamos as mãos, e Morgana proferiu:
- Ao deus da morte, que concede a passagem, permita que o véu se levante e as almas aqui atormentadas se declarem!

Nesse momento, um vento rápido e repentino apagou as velas, abri o olho e vi uma silhueta de um homem com uma cartola, cabelos longos e bengala, imediatamente fechei os olhos, claramente estava acontecendo algo, aquilo não era brincadeira.

- Aceite esse sacrifício e permita que a jovem aqui morta se manifeste - Morgana apanhou uma adaga e abriu a garganta do bode de orelha a orelha, o cheiro do sangue logo embrulhou meu estômago, um cheiro salgado e enferrujado. O bode não fez nenhum barulho!

Uma voz fantasmagórica tomou conta do lugar!

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Uma voz fantasmagórica tomou conta do lugar!

"Quem me chama?"
- Sou Morgana portadora do sacrifício, você quem foi assassinada aqui?

"Sim"
Mas aquela era outra voz, abrimos os olhos e nos encaramos!

- Quando você morreu?

"Há muito tempo"
Aquela era outra voz pertencente a um homem!
Morgana logo percebeu, que aquela jovem não foi a primeira a morrer ali!

Aquela altura eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo!

- Quem lhes cometeu mal? nos ajude a trazer justiça e proteção aos demais!

"Foram eles" disse uma voz!
"Os homens de vermelho" disse outra!
"Deixe-me passar!" Exigiu outra!

- Vocês não pertencem a esse mundo, devem ficar em seu repouso e aguardar justiça!
Nesse momento as velas se acenderam e um gemido de dor ecoou em conjunto.
- Estão sendo recolhidos. Gritou Afonso!
Uma pessoa levantou e correu para longe e eu desmaiei!

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