34 - Despedida

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Tudo acontecia rápido, pela primeira vez percebi o quão aquelas pessoas eram fortes, no momento em que Morgana era cogitada como uma morte, todos eram fracos e se negavam, querendo e desejando outra solução, porém com Afonso foi diferente. Olhares tristes para todos os lados, porém todos tinham aceitado aquilo, menos eu.

Afonso meditava sozinho em campo aberto recebendo a luz do luar na sua pele. Não tive coragem de ir até ele é tentar fazer ele desistir, pois provavelmente estava em comunhão com as trevas, e não queria interromper esse momento! Fui pra nossa barraca e deitei sabendo que não dormiria, mas precisa pensar, e me vi chorando!

Minutos depois quando pensava em me levantar alguém se aproximou olhei em direção a entrada e era Afonso.

- Oi, você está bem? Ele me perguntou.
- Não. Eu não estou nada bem deveria ter outra maneira disso terminar, somos fortes, devíamos poder fazer outra forma!
- Não temos tempo. Poderíamos sacrificar outra pessoa comum mas não seria o bastante, esse feitiço requer sangue de bruxa e uma alma, e é a minha que Lúcifer quer!
- Temos outros deuses, algum deles pode exigir outra coisa.
- Não é assim que a magia funciona, os deuses não tem um telefone para atender nossos pedidos sempre que precisamos, não somos o único clã, os deuses atendem todos em dado momento o senhor das trevas me atendeu - disse Afonso com certa maturidade - veja bem, minha energia ainda vai emanar pelo universo você ainda poderá me sentir.
- Não vai ser a mesma coisa e você sabe disso. Somos devotos de forças diferentes, reinos pós morte diferentes! Os reinos não se cruzam, o inferno não é vizinho do Aloa o diabo e o papa não são amigos e não tomam café juntos. Quando terminei essa frase comecei a chorar.

Mesmo na morte eu e Afonso não ficaríamos juntos! Nem nos veríamos mais. A morte não era um véu fácil de levantar. Ele me puxou me abraçou e me senti mais triste e chorei mais forte. Sentia os braços dele quente, ele tinha uma energia diferente da minha, mas a gente se conectava, eu nunca tinha conhecido alguém como ele, eu sentiria sua falta.

- Me promete uma coisa? Disse ele olhando pra mim. Quando levantei o olhar vi uma lágrima descendo de seu rosto.
- O que você quiser. Eu disse a ele chorando também.
- Promete que não vai desistir, que irá achar outros como nós e que irá defendê-los como fez com a gente? Promete que vai tentar ser feliz, que não vai se sentir mal quando lembrar de mim, mas feliz? Me promete isso? Por favor?
- Eu prometo.
Então nós nos beijamos, e nesse momento me veio Shakespeare na cabeça "Lábios, vos que sois a porta do hálito, com um beijo legítimo selai esse contrato com a morte exorbitante, e com um beijo, deixo a vida"
Aquele momento foi perfeito, o melhor beijo que dei em minha vida! Ele era um homem, um homem que eu amava e não sabia explicar.

Ainda me lembro do momento, que meus lábios soltaram os dele pela última vez quando alguém do lado de fora da barraca disse.

- Afonso, a hora chegou.

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