22 - Adaga e calise

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Uma chuva de informação de repente foi jogada sobre mim, Morgana estava desaparecida, a TV noticiava uma pré pandemia, um vírus estava se disseminando, era quase ano novo, a lua do lobo estava próximo, apesar desse vírus está ceifando vidas ao redor do mundo, nossa única preocupação era com Morgana.

Peguei meu grimório, e pertences mágicos que produzi nos meses de aprendizado, coloquei em uma mochila e fui encontrar Afonso, tínhamos um encontro na floresta.

O clã se reuniu, era uma emergência, sofremos um ataque direto e aquilo não poderia ficar em pune. Era hora de contra atacar, todos as bruxas e bruxos, se reuniram em um circulo, formamos um pentagrama, e a cada um de nos foi dado uma adaga por Afonso, era quase lua cheia, e fui informado, que iriamos fazer um feitiço de localização. Uma bruxa chamada Fernanda, estava no centro.

- Nos nós reunimos hoje, diante da lua cheia, a lua dos cervos, a última do ano. Em breve com a lua dos lobos, poderemos atacar. Mas antes, precisamos recuperar nossa irmã. - disse Fernanda.

A anciã caminhou até ela, e disse:
- Queridos irmãos, ergam suas adagas e façam o sacrifício.

O local estava todo preparado, velas acesas, uma fogueira, o clima estava ameno, o céu limpo e a floresta estava estática, não ventava. Porém estava frio, podia sentir o poder do clã éramos fortes. Apesar de pensar em um clã, como bruxas da ficção não somos bem assim. A magia é real, mas não como na tv. Sentimos o poder da natureza, e usamos a nosso favor, o clã era formado por pessoas reais e normais, e aquela reunião era a maior prova de fé, que um grupo poderoso pode vivenciar.

Todos obedecemos a anciã, eu nunca tinha feito aquilo, mas sabia exatamente o que fazer, levantei a mão juntamente com os outros membros e com uma grande naturalidade, deslizamos a lâmina pela palma da mão, ainda sentia dor do corte feito pela anciã, mas aquilo não importava, o sangue começou a escorrer, todos caminhamos até o centro do pentagrama onde Fernanda estava, segurando um calise de madeira antigo com algumas escrituras que não identifiquei, cada um de nós derramamos sangue no recipiente, que logo começou a sair fumaça, como se estivesse fervendo.

Nós nos afastamos de vagar, inclusive a anciã, Fernanda segurava o calise acima da cabeça, ela iria proferir o feitiço, "Fernanda é a maior sensitiva do clã, ela é boa em adivinhação e ilusionismo, se tem uma bruxa que pode localizar Morgana é ela" disse-me Afonso horas antes do início do ritual.

O que aconteceu a seguir fui surreal, nuvens escuras cobriram o céu, começou a ventar forte e mesmo assim as velas não se apagaram, mas as chamas dançam com a música do vento. Fernanda está cantando em uma língua que eu não conhecia, e logo começou a dançar. Em outro momento eu teria achado aquilo apavorante, e no fundo eu estava apavorado, tinha coragem o suficiente para vivenciar aquilo e salvar nossa irmã.

Fernanda baixou o calise e o levou até os lábios e dele bebeu, o sangue escorreu quente e preto por sua boca, o calise caiu e ela começou a gritar de dor. Avancei em direção a ela, mas uma mão me segurou.
- Esse é o don dela, não se entrometa.

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