30 - Conflito interno

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O padre Thiago ainda chorava, parei de sorrir e então eu percebi, eu estava me tornando outra pessoa, cruel e má. Eu precisava me controlar, eu não era assim. Decidi que tentaria ser menos cruel, mesmo fazendo isso de forma involuntária é como se o Papa tivesse colocado em mim um pouco da sua essência com aquele beijo contratual.

Respirei fundo olhei para o padre e pedi desculpas.
- Você sabe, vocês mataram nossa irmã!
- Ela era uma bruxa, assim como você e a sua corja demoníaca. Disse o padre.
- Demoníaca? Vejo que entende de bruxaria. Caralho, estamos no século 21, nosso país é um país de estado laico, tem dezenas de religiões por aí, e vocês resolvem nos atacar? Um grupo cristão? Que tira jovens que não sabem o que são da própria cama em plena madruga e os queimam acusando-os de bruxaria? Você acha que não tem nada de demoníaco nisso?
- Nosso país é livre, mas desde que respeite nossos princípios!
- VOCÊS NÃO TEM PRINCÍPIOS, VOCÊS SÃO ASSASSINOS E PROVARÃO DO PRÓPRIO VENENO. - gritei irado olhando pra ele, ele se estremeceu.
- Por favor tenha misericórdia! Ele pediu!
- O que eu fiz com você, é ter misericórdia. Agora me responda, e talvez eu diminua seu fardo, quando vocês planejam atacar?
- Amanhã, sabemos onde estão.
- Impossível, fizemos feitiços de proteções!
- Eles protegem de tecnologia? Usamos um satélite e os achamos pela temperatura de seus corpos, se reunirem nos deu um alvo mais fácil, do que caçar um a um. - ele me confessou!

Parei e pensei por um momento, os olhos de gaia não nos avisaram pois eles não olhavam para o céu. O feitiço deveria ser ativado e logo.

- Muito bem. Vá embora, e espere sua hora. - ele se levantou e foi embora correndo! Voltei para a clareira e convoquei todos, muitos saíram de seus barracas apavorados, e com medo!

- Vou explicar de forma mais sucinta de como meu feitiço age. Meu feitiço funciona de forma misteriosa, o padre Thiago tem uma marca de bruxa permanente na mão, que não irá desaparecer, enquanto a maldição não for cumprida, coloquei algo no feitiço, para que ele não possa ser quebrado nunca, nem pela bruxa mais inteligente do mundo - a anciã olhou para mim - nem pela mais poderosa!
- Somente você pode? Perguntou Fernanda!
- Nem por mim. É uma maldição poderosa, e ela vai se cumprir.
O outro devoto do papa, senti nele o sentimento de fraqueza como se ele não se sentisse confiável ou forte. Olhei para ele e disse!
- Eu vou te guiar irmão!

Eu precisava encontrar equilíbrio em mim, e senti que deveria fazer isso. Afonso olhou para mim com orgulho, e eu senti uma vontade mensurável de agarrar ele é beijar ele ali mesmo na frente de todo o clã, mas não fiz!

- Amanhã é o dia que tudo isso termina, eles vão atacar, e nós iremos nos defender, eles sabem onde estamos então viram com tudo!

Tinha noção que um conflito poderia ou não acontecer, que dependeria da força do meu feitiço, e eu torcia para que mais ninguém do clã se machucasse, já havíamos perdido Morgana e eu não aceitaria perder mais ninguém.

Corri pra barraca, e Afonso estava lá dentro, sentado de calça preta, sem camisa. Nunca tinha percebido o quanto ele branco, e como tinha um peitoral perfeito, olhei pra ele e o desejei, e assim como a vela e a pira, eu o tive!

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