Capítulo Nove

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A campainha começou a ser tocada sem parar, juntamente com batidas na porta.

Eu andei até a porta com os meus passos lentos. E quando enfim cheguei e abri, dei de cara com o Park Jimin parado ali com uma expressão nada boa.

- O seu celular não funciona mais? - perguntou.

Então o seu olhar caiu sobre a bengala que eu estava apoiada e depois desceu até o meu pé.

- O que aconteceu com você? - perguntou diminuindo o tom de voz.

- Torci o tornozelo ontem.

- Por quê não atendeu as minhas ligações ou respondeu as minhas mensagens? - questionou e deu um passo para dentro da minha casa.

- Meu celular está lá em cima - apontei para a escada e dei espaço para ele entrar.

- Eu estava preocupado - parou na minha frente. - Estou desde ontem tentando falar com você. Cheguei a pensar que você tivesse tido uma overdose.

Ele respirou fundo e passou a mão pelos seus cabelos.

O Jimin estava visivelmente nervoso e preocupado. Parecia que ele se preocupava mesmo comigo...

- Eu só vou para o andar de cima se necessário, é ruim de subir as escadas assim. E eu esqueci o celular lá de manhã.

- Mas eu liguei ontem.

- E ontem eu estava chapada na recepção do plantão do hospital para ver o que tinha acontecido com o meu tornozelo - respondi e andei até o sofá, sentindo o seu olhar sobre mim.

- Como você fez isso? - perguntou.

- Sei lá - dei de ombros. - Estava descendo as escadas e quando estava no corredor senti uma dor insuportável.

- Como você foi para o hospital?

- Quantas perguntas, Park Jimin! - soltei um riso. - Eu chamei um carro por aplicativo.

- Podia ter me ligado - sentou ao meu lado.

- Eu não lembro com detalhes, mas lembro que nós brigamos ontem. Acho que nem se não tivéssemos brigado eu ligaria.

- Ontem eu pensei que fosse birra sua não atender o celular - sorriu sem graça. - Mas hoje no almoço eu me liguei que você poderia ter passado mal, ou exagerado na quantidade de balas. Continuei te ligando e fiquei desesperado por não conseguir uma resposta.

- Eu acordei cedo por causa da dor e desci, esqueci o celular lá em cima e não tive coragem ainda de subir.

- Pelo menos você está bem - concluiu.

Ele ficou em silêncio e fitou o meu tornozelo com a tala.

- O médico disse para você andar com a bengala? - perguntou.

Aquela era uma bengala canadense. Mas mesmo ela sendo diferente, eu ainda me sentia uma idosa andando com aquilo.

- Pelo jeito ele percebeu que eu não ia me manter parada como deveria, então disse para eu usar. Assim não ia colocar tanto esforço no tornozelo.

- Hum - murmurou. - Você já colocou gelo? Deve ajudar.

- Coloquei antes - respondi.

Nós estávamos agindo tão estranho.

Eu queria poder lembrar de tudo sobre a nossa discussão do dia anterior.
Mas eu só lembrava que ele estava me cobrando sobre a droga, e que falou "vai acabar sozinha". Não lembro exatamente das coisas que ele falou, só dessa frase em específico.

As Nossas ImperfeiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora