Capítulo Onze

433 43 6
                                    

Depois da discussão que tive com o Jimin, se passou uma semana.

Nós não conversamos mais.

Ele agora ser de outro cargo, deixava bem mais difícil de vê-lo.

Naquele mesmo dia ele nem mandou uma mensagem, estava emburrado também.
Mas dois dias depois, o meu celular foi bombardeado de notificações de mensagens suas.

Eu não respondi nenhuma. Sequer visualizei. E nem me dei ao trabalho de ler elas pelas notificações.

Eu estava chateada. Estava magoada.

Nossas brigas são sempre as mesmas. Ele fala coisas sobre a minha personalidade, diz que não consegue aguentar. Nas últimas vezes usou contra mim a frase "você é tão sozinha" e "você vai acabar ficando sozinha".

Depois se passa alguns dias, ele volta como um cãozinho abandonado, joga o seu charme, e eu acabo cedendo.
Já aconteceu de eu ir até ele, mas eu admitia os meus erros e pedia desculpas.
Diferente dele, que quase nunca pedia desculpas, e não admitia as coisas que errou. Foram raras as vezes que nós brigamos e ele me pediu desculpas.

A sua estratégia era só chegar e conversar até me fazer esquecer aquele lado seu insuportável.

Já tinha passado uma semana, mas eu ainda estava mordida com a sua atitude daquele dia e das últimas semanas.

Ele me mandava mensagens as vezes pedindo para esquecermos o que aconteceu, mas sequer chegava perto da sala onde eu trabalho.

Eu mal via ele dentro daquela empresa.

Era a minha folga, e eu estava de bobeira em casa.

Mas o meu sossego foi interrompido por batidas frenéticas na porta.

O Park Jimin batia na porta sem parar e chamava pelo meu nome.

Parecia que as mensagens não respondidas não foram o suficiente para ele entender que o queria longe de mim.

- Eu sei que você está em casa, Hyuna - bateu mais uma vez na porta.

Eu olhei para as chaves penduradas perto da porta, enxergando a chave do apartamento do Park.

Decidida na minha escolha, eu levantei e peguei a chave, indo abrir a porta em seguida.

- Finalmente - murmurou no mesmo instante em que pôde me ver. - Podemos conversar?

- Não - neguei e joguei a chave nele. - Só abri para devolver isso.

- Por que? - perguntou segurando a chave.

- Não preciso mais - encolhi os ombros. - Na verdade eu nem sei o motivo de você ter me dado isso, nós nunca tivemos algo.

O Jimin tinha me dado a chave do apartamento dele um tempo depois que começamos a ficar.
Ele não tinha a chave da minha casa, e nem deveria ter, assim como eu não deveria ter a dele.

Era ridículo nós ficarmos dizendo "nós não temos nada", mas ele me dar a chave do seu apartamento para eu ir lá quando eu quisesse.

- Ei, vamos conversar, por favor - pediu.

- Não quero. Eu já entendi tudo naquele dia, não preciso ouvir mais nada.

- Eu quero pedir desculpas.

- Desculpas? - questionei e ele assentiu. - Você nunca pede desculpas.

- Mas agora estou pedindo - deu um passo, ficando mais perto de entrar na casa. - Eu não estava em um bom momento e acabei falando besteiras para você. Eu me arrependi logo depois.

- Isso já faz quase uma semana - respondi.

- Eu não tive tempo de conversar antes. Está muito puxado no trabalho, é tudo muito diferente do que eu fazia antes. Eu quase não te vejo na empresa, e tenho ficado mais tempo lá para conseguir fazer tudo.

Ele deu mais um passo na minha direção.

- Me desculpe, por favor - pediu.

- O que aconteceu? - perguntei. - Está na seca e não viu outra solução senão me procurar? - ergui as sobrancelhas. - Não conseguiu achar outra pessoa para transar?

- Não é isso - fez um muxoxo. - Eu sinto a sua falta, e não estou falando apenas de sexo.

- Naquele dia você desdenhou tudo o que nós fazíamos antes. Agora voltou atrás do nada?

- Não foi do nada.

- Tanto faz, eu não quero ouvir.

Eu ia fechar a porta, mas ele a segurou.

- Hyuna, por favor.

Ele parecia mesmo arrependido, mas eu não ia ceder. Não daquela vez.

- Você faz merda, joga coisas na minha cara e depois acha que eu vou desculpar você? - questionei. - Nós nunca tivemos nada, então do que você sente falta se não for o sexo?

- Da nossa amizade.

- A nossa amizade não existe. Nunca existiu.

Ele suspirou.

- Eu vacilei em falar aquelas coisas. Em dizer sobre você ser sozinha e eu sentir pena. Me desculpe. Não é o que eu penso, só falei aquilo por babaquice - tentou me convencer. - Me desculpa, Hyuna.

- Você me fez perceber que eu não quero mais você perto - falei.

- Não fale besteiras - murmurou, parecendo chateado. - Eu sei que você sente que tem algo diferente...

- Está querendo dizer que eu gosto de você? - perguntei, forçando um sorriso, fingindo deboche. - Você é só um rostinho bonito que é bom de cama, Jimin. Nada mais do que isso.

- Você está me tratando como um objeto - apontou para mim, lembrando da nossa discussão do outro dia.

- Não foi eu que fui na sua casa, transei e depois fui embora. Mal conversando comigo por praticamente uma semana.

- Caralho, o que deu em você? - perguntou incrédulo.

- Você pode me dizer verdades, mas eu não posso? - cerrei os olhos.

- Eu não estava falando sério - grunhiu.

- Não importa, vá embora.

- Eu estou pedindo, por favor, me desculpa.

- Vai se foder - falei. - Você e o seu ego machucado por eu estar te recusando.

- Você reclama que eu não peço desculpas, mas quando eu peço, você age assim - bateu as mãos nas laterais do corpo.

- Você pede desculpas demais quando isso acontece. Não parece ser sincero. Sai daqui - mandei.

Ele me fitou por mais alguns segundos e então balançou a cabeça assentindo. Em seguida ele se virou e saiu.

Eu fechei a porta, a batendo com força e voltei a me sentar no sofá, bufando de frustração.
Queria que aquelas merdas de sentimentos sumissem e eu pudesse ficar em paz comigo mesma.

Do que adiantava eu ficar longe do Jimin, se aquilo ia ficar perambulando pela minha cabeça, me lembrando do quão idiota ele é?

As Nossas ImperfeiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora