Capítulo Cinco

517 57 6
                                    

Me segurei para não bufar ao sair da sala de reuniões.

Havia acontecido uma reunião para que pudéssemos apresentar alguns projetos em específico.

E justamente o assunto que eu havia feito - que eu trabalhei duro para fazer -, outra pessoa também quis fazer.

Deu uma bagunça total.
O nosso chefe questionou quem havia feito sabendo que o outro já estava fazendo.
Obviamente não foi eu.

Eu detestava coisas assim que geravam uma "competição". Sempre quis fazer um assunto diferente para que ninguém também quisesse aquele assunto.

O meu colega sabia muito bem que eu já havia feito aquele trabalho, tanto que eu conversei com os outros sobre ele.

Nós discutimos, e mesmo com todo o meu esforço, o dele foi aceito.
Aquilo parecia uma situação de um trabalho na escola...

Os nossos colegas e o chefe alegaram que poderia ser apenas uma coincidência. Os amiguinhos do cara simplesmente o defenderam - como crianças no fundamental.

Eu sempre fazia o meu melhor nos projetos da empresa, para que eu não precisasse ouvir críticas ruins - mas aceitava quando ouvia alguma.
Perdia horas do meu dia fazendo tudo perfeitamente - tanto que eu era considerada uma das melhores funcionárias da área do marketing.
Fazia tudo para não precisar ter a decepção de ter o meu trabalho recusado.

Nós éramos no total de cinco naquela área. Mas Park Jimin não estava presente naquele dia.
Ele havia ido trabalhar de manhã, mas pouco antes do almoço precisou sair, à trabalho.

Quando vi ele na empresa pela manhã, fiquei surpresa ao ver os seus fios - que até ontem eram pretos - loiros.

Ele já havia me mostrado fotos de quando seu cabelo era loiro a um tempo atrás. Mas na foto não parecia ficar tão bonito quanto era ver pessoalmente.

Óbvio, na foto ele estava lindo. Mas ainda assim ele conseguia me surpreender com a sua beleza pessoalmente.

As próximas horas naquele lugar foram um tortura para mim. Eu só queria poder ir para casa logo e ficar sozinha.

Longe de todos os funcionários daquela empresa.

E quando o meu expediente finalmente chegou ao fim, eu peguei as minhas coisas e saí no mesmo minuto.

Contei os segundos para poder sair do prédio, e quando passei pela porta, esbarrei com alguém.

- Desculpe - murmurei mal humorada.

- Já está indo embora? - parei ao ouvir a voz de Jimin.

Olhei para trás e o vi parado ali, a pessoa que eu havia esbarrado e sequer notei que se tratava do Park.

- Já deu o meu horário - respondi.

Ele se aproximou.

- Fiquei sabendo do que rolou mais cedo - comentou.

- Uau, você já sabe? - ergui as sobrancelhas. - Ainda são fofoqueiros.

- Falaram que você quase armou um escândalo - brincou, mas eu não ri.

- É ridículo. Eu dei o melhor de mim para fazer aquilo, e simplesmente escolheram o dele - cruzei os braços. - Juraram acreditar que ele não fez por querer.

- O dele talvez tenha ficado melhor - falou passando a mão pelos seus fios loiros. - Você não pode ficar desse jeito por causa disso. Sabe que é assim que funciona.

- Nossa, Park Jimin - exclamei.

- O que? - perguntou. - Só estou dizendo que essas coisas acontecem. Você não precisa ficar se esquentando.

- Eu pensei que ao menos você poderia ser sensato e dizer que ele quem errou ao fazer o meu trabalho - a decepção ficou aparente até demais na minha voz. - Você sabe o quanto eu me esforcei.

- Não estou dizendo que ele fez certo - se aproximou mais. - Óbvio que ele fez errado. E eu sei o quanto você se esforçou, não estou desmerecendo o seu esforço, Hyuna.

- Esquece - rolei os olhos e estava pronta para sair dali, até ouvir a sua fala.

- Você é tão esquentada, não tem como aguentar - falou e eu voltei a encará-lo.

- E você aguenta por quê? - perguntei. - Não é como se você fosse obrigado a aguentar. Além disso, eu não falei nada demais. Só estou chateada pelo o que aconteceu.

- E pode ficar chateada, mas não descontando em mim - apontou para o próprio peito.

- Você está sempre reclamando sobre o meu temperamento, mas como eu disse, você não é obrigado a aguentar.

- Claro que não - balançou a cabeça negando. - Nós só transamos, eu não tenho mesmo que aguentar esse seu gênio difícil.

- Me desculpe por achar que nós somos amigos, e que eu posso conversar com você sobre algo que me chateou. Vou parar de trazer esse estresse para você.

Me virei e saí andando pela calçada.

- Hyuna - ele me chamou, mas sequer se deu ao trabalho de ir atrás de mim.

Eu ia chamar um carro por aplicativo, já que eu também dei a grande sorte de ter o meu carro estragado naquele dia.

Mas eu andei até a rua do lado, apenas para ficar com um pouco mais de distância do Park Jimin.

"Nós só transamos"

Eu negava ter sentimentos por ele. Mas isso não fazia o que eu sentia sumir.

Eu gostava dele. Criei esse sentimento tolo sem perceber, e fico me magoando ao ouvir as suas falas óbvias.

Nós só transamos mesmo, então por que essa frase me chateou?

Eu suspirei quando finalmente entrei na minha casa, e me sentei no sofá.

No mesmo instante o meu celular começou a tocar, uma chamada da minha mãe.

- Oi mãe - falei ao atender a chamada.

- Oi Hyuna - sua voz soou tranquila como sempre. - Só liguei para saber se está tudo certo para amanhã.

- Amanhã? - perguntei confusa.

- O almoço de aniversário de casamento - falou.

- Droga - fiz um muxoxo. - Eu esqueci, mãe. Me desculpe.

- Já está marcado a mais de um mês, Hyuna.

- Eu sei, mas eu esqueci. Tive muito trabalho nos últimos dias - suspirei. - Não vou conseguir ir para Daegu. Eu não planejei nada, esqueci completamente. O meu carro estragou. Não vai dar.

Pelos próximos minutos eu ouvi xingamentos e falas decepcionadas sobre o meu esquecimento.

Era aniversário de casamento dos meus pais, e eles resolveram fazer um almoço para comemorar. A família toda ia ir.

E eu esqueci completamente dessa data. Resultando na minha mãe brava comigo.

A viagem de Seul até Daegu é longe.
O meu carro estava estragado, e eu com certeza não conseguiria umas passagem de ônibus tão em cima da hora. Simplesmente não tinha como ir.

Após ela se despedir - totalmente decepcionada comigo -, eu larguei o celular e subi para o meu quarto, indo tomar um banho.

Um dia ruim do início ao fim.



As Nossas ImperfeiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora