As batidas na porta da minha casa soaram, me tirando do meu momento de organizar a casa enquanto ouvia música.
Eu pausei a música a televisão e fui atender.
Quando abri a porta, o Park Jimin forçou um sorriso pequeno.
— Oi — disse no mesmo instante.
— Oi — respondi vendo as suas mãos inquietas.
— Posso entrar? — perguntou.
Eu balancei a cabeça concordando e dei espaço para ele entrar.
— Eu sei que nós brigamos naquele dia, e que não nos falamos desde então — parou na minha frente. — Mas será que eu posso te beijar?
Ele parecia nervoso, estava estranho.
Mesmo sem ter a minha resposta, ele se aproximou e segurou a minha nuca.
— 'Tô com saudade — falou em tom baixo.
Eu cedi e deixei ele me beijar.
Os seus dedos acariciaram os meus fios de cabelo enquanto o beijo calmo rolava.
Quando ele cortou o beijo, se afastou e fitou os meus olhos.
— Você está estranho — falei analisando o seu rosto, as suas expressões.
Ele balançou a cabeça negando e se afastou, indo até o sofá e sentando nele.
— Quero conversar — voltou a me olhar.
— Sobre a nossa briga? — perguntei indo me sentar no sofá também.
— Não — negou. — É sobre uma outra coisa.
— 'Tá, fala.
Ele desviou o olhar, encarando as suas mãos.
— Eu sabia que você chegou ontem, mas quis deixar você descansar primeiro, para depois vir conversar com você.
— Para de enrolar — pedi, já ficando sem paciência. Eu sabia que tinha alguma coisa de errado. Eu podia sentir isso. — O que você quer falar?
Ele suspirou e apertou os seus dedos uns nos outros.
— Quando eu fui na festa do Jin, nós estávamos brigados — começou. — Eu estava com raiva por mais uma discussão e fiz uma coisa que eu me arrependi.
— O que? — perguntei. — O que você fez?
— Eu... — parou de falar, se mostrando mais nervoso do que já estava.
— Você ficou com outra pessoa? — perguntei, mas soou mais como uma afirmação.
— Fiquei — afirmou. — Na hora eu coloquei na minha cabeça que eu precisava provar à mim mesmo que eu não preciso ficar só com você — me olhou. — Mas eu estava com raiva, por isso estava pensando essas coisas.
Eu desviei o olhar e fiquei em silêncio.
Estava sentindo a decepção me invadir.— Hyuna — chamou-me.
— Você estava com raiva e transou com outra pessoa. Uau — sorri em escárnio.
— Eu só beijei outra pessoa — me corrigiu.
— Seja sincero — olhei para ele.
— Eu admito. Eu quase transei com outra mulher, mas eu parei antes que isso acontecesse — sentou mais perto de mim. — Eu me liguei da idiotice que estava fazendo.
— E por que está me contando? — questionei. — Por que simplesmente não fingiu que não aconteceu?
— Eu quero que você confie em mim.
— Confiar? — ergui as sobrancelhas. — Como eu vou confiar se você pode ir para uma festa ficar com outra pessoa depois de nós brigarmos?
— Eu me arrependo! — exclamou.
— Se arrepender não muda nada — levantei do sofá.
Eu queria manter distância dele.
— Nós não entramos em um relacionamento — continuei falando. — Mas porra, Jimin. Você disse gostar de mim, estava agindo como se eu fosse a única para você. E quando nós brigamos de novo, você fica com outra pessoa.
— Eu não sei o que deu em mim — passou as mãos pelos seus fios, os puxando para trás.
Aquilo estava doendo mais do que na outra vez em que eu vi ele beijando outra pessoa.
— Você disse que não ia me magoar. Mas você fez isso apenas oito dias depois que prometeu.
— Eu não queria, Hyuna — levantou. — Não queria trair a sua confiança.
— Eu não estava confiando em você — fui sincera. — Depois que falamos gostar um do outro, eu tive pensamentos contínuos sobre não confiar em você, mesmo que não estivéssemos em um relacionamento.
— E por que não confiava em mim? — perguntou se aproximando.
— E eu deveria confiar? — questionei. — Olha o que você acabou de admitir, Jimin. Acha mesmo que você merece a minha confiança?
— Eu errei, me desculpe — pediu.
— Eu já tinha o pressentimento de que isso ia acontecer — sorri fraco.
Eu me afastei dele mais uma vez.
— Por isso que você pediu aquele beijo quando chegou? — perguntei. — Já sabia que eu ia te querer longe, então queria se despedir?
Ele apenas balançou a cabeça afirmando.
Eu soltei um riso nasal.
— Não desiste de mim, coisinha linda — murmurou. — Por favor.
— Não me chame assim — falei baixo.
Eu estava tão decepcionada que sequer conseguia continuar aquilo. Não conseguia continuar aquela briga.
Eu não queria discutir. Não queria achar que tenho razão como faço em todas as brigas com o Park Jimin.
Não queria achar motivos para jogar na cara dele, sabendo que atingiriam ele.Naquele momento eu não perdi somente a pessoa que eu era apaixonada. Também perdi o meu amigo que era a minha companhia em tantos momentos.
Agora sim eu estava sozinha.
Eu não tinha que depender dele para não me sentir sozinha. Mas ele era a minha única companhia assim.
Tenho amizade com os outros meninos, mas eles são ocupados, têm as suas próprias vidas. E não seria a mesma coisa do que com o Jimin.
Nós nem estávamos namorando, mas eu me senti traída.
Eu já esperava por alguma decepção, mas senti-la é muito pior do que eu estava imaginando.
O Jimin me magoou várias vezes desde que começamos a ficar. Mas essa vez foi o ápice.
— Vai embora — falei sem olhar para ele, ainda mantendo o meu tom baixo.
— Hyuna... — eu o interrompi.
— Eu já falei, vai embora.
Ele ficou mais alguns segundos me olhando e então deixou um suspiro frustrado sair.
Sem dizer mais nada, ele andou até a porta e saiu da minha casa.
Fiquei sozinha com as minhas decepções. Sozinha com os meus pensamentos sobre aquilo e sobre todas as outras situações que passamos durante esse tempo em que ficamos.
Fiquei me perguntando porquê eu inventei de falar sobre o que sentia naquela festa.
Parecia ser uma fraqueza naquele momento.Eu sempre achei uma fraqueza. Mas o Jimin saber, tornava uma fraqueza muito maior.
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As Nossas Imperfeições
Romance- Eu odeio você às vezes, sabia? - reclamei. - Quase sempre, na verdade. - Assim você me magoa, coisinha linda - colocou a mão sobre o peito, fingindo estar realmente magoado. - Mas saiba que eu sou doidinho por você. - Você é ridículo - eu dei risa...