- Hyuna - Jimin parou ao lado da minha mesa e me chamou.
- Fala - respondi sem olhá-lo.
- Dá para olhar para mim? - perguntou estressado.
- Fala logo o que você quer - falei sem um pingo de paciência.
- Você está me evitando hoje - apoiou a mão na mesa e abaixou o rosto para ficar perto do meu.
- Você esta me evitando, e não é só de hoje - respondi e finalmente o olhei.
- Do que está falando? - indagou.
- Não quero falar disso aqui. Estou trabalhando.
- Já é hora do almoço - rebateu.
- Então vai almoçar.
- Como assim eu estou te evitando? - voltou ao assunto.
Eu soltei a caneta na mesa junto com o caderno e levantei, ficando na sua frente.
Ele se indireitou e me fitou.- Faz duas semanas que eu torci o tornozelo - comecei. - No dia seguinte você foi para a minha casa todo preocupado. Cuidou de mim, foi carinhoso de um jeito que nunca tinha sido. Dormiu agarrado comigo, e quando acordou no outro dia, foi embora e ficou estranho.
- Estranho com o que?
- Não me mandou mais mensagens, não respondeu as minhas... - ele me interrompeu.
- Mas eu fui na sua casa na semana passada.
- Foi para transar - repati no mesmo instante. - Só conseguiu o que você queria e tratou de ir embora dez minutos depois.
- Não comece a agir como se nós estivéssemos em um relacionamento, Hyuna - bufou. - Nós sempre fizemos isso.
- Não - neguei. - Nós sempre continuamos juntos depois do sexo. Nós conversamos, fazemos qualquer coisa.
- Naquele dia eu não estava afim.
- Sim, naquele dia você só queria sexo - me aproximei, deixando os nossos rostos próximos. - Fez como se eu fosse um objeto.
- Pelo amor - rolou os olhos.
- Você queria conversar sobre eu estar te evitando. Mas você que está fazendo isso, e fica distorcendo o que está acontecendo. Que merda de conversa é essa?
Ele fez uma careta desdenhosa.
- Não dá para conversar com você - balançou a cabeça negando.
- É. Você sempre fala isso - encarei os seus olhos inexpressivos. - Então por que continua tentando conversar? Por que continua insistindo nisso?
- Eu tenho a esperança de que você converse como alguém descente - sorriu em escárnio.
- Você reclama tanto não aguentar o meu jeito, reclama que não pode conversar comigo. Então apenas se afasta, Jimin - apontei o dedo no seu peito. - Eu não aguento mais você sempre jogando essas coisas na minha cara. Você ainda aguenta por que quer.
- Ou talvez eu sinta pena. Você é tão sozinha...
Eu me afastei e respirei fundo para não gritar com ele no meio da sala do trabalho.
Ali não era lugar para uma discussão, eu tinha que me controlar.- Eu não preciso da pena de ninguém - voltei a falar. - E estou muito bem sozinha. Se esse é o seu propósito de ficar comigo, não precisa mais.
- Está terminando o nosso lance? - ergueu as sobrancelhas, questionando.
- Nós não temos nada para terminar, nem mesmo um lance - cuspi as palavras. - Estou dizendo para você ficar longe de mim, caso você não entenda meias palavras.
- Pare de ser ridícula, Hyuna.
- Você que é ridículo - falei entre dentes. - Aproveita que você mudou o seu cargo, fica mais difícil de esbarrar em mim a cada segundo, e para por aqui. Não tem motivos para nos vermos mais do que o necessário.
- Você não pode estar falando sério - fez um muxoxo.
- O que você quer, Jimin? - perguntei. - Você veio com topete, querendo ser ignorante. Reclama de mim, tenta me alfinetar dizendo que eu sou sozinha. Essa conversa não foi para você achar mais um motivo para me afastar? - questionei. - Se não quer mais nada, então apenas diga logo e se afaste.
- Eu não disse que quero isso - negou.
- Então o que você quer? - perguntei. - Me diz.
Ele ficou em silêncio e desviou o olhar.
- Você não tem que usar coisas contra mim para fazer eu me afastar - segui falando. - É, eu sou sozinha. Você sabe que eu me sinto assim, e ainda tenta esfregar na minha cara? - balancei a cabeça negando. - Você não faz eu me sentir menos ou mais sozinha. Você não contribui em nada.
Eu peguei a minha bolsa e saí de trás da minha mesa, seguindo até a saída da sala.
Eu me sentia enganada. Uma estúpida.
Me senti tão bem com o cuidado de Jimin naquele dia.
Talvez fosse a merda do remédio me deixando tão grogue ao ponto de me fazer sentir o afeto dele. De me fazer acreditar que aquilo tudo era por ele também sentir algo por mim.
Mil vezes estúpida.
Logo depois que eu voltei dos meus dias de atestado pela torção, o Park Jimin tinha sido promovido a outra cargo.
Eu não sabia disso. Ele não havia me contado, eu só descobri quando cheguei na empresa.
Nós não tivemos mais os nossos almoços juntos, nossas conversas aleatórias e sem sentido. Não tivemos mais a companhia um do outro.
Óbvio que eu senti falta. Mas respeitei o espaço dele.
Ele mostrou não me querer por perto, e eu não fui atrás. Fiquei na minha.Ter aquela discussão com ele pareceu me desgastar mais do que o normal. Mais do que outras discussões piores que já tivemos.
Eu não estava com fome, e por esse motivo eu continuei trabalhando quando deu o meu horário de almoço.
Mas Jimin foi até mim e me fez querer fugir daquele lugar.Não fui a qualquer lugar depois de sair da sala, não fui almoçar.
Eu me enfiei no meu carro e fiquei lá - pensando em algumas coisas - até dar o horário de voltar para o trabalho.Por muito tempo eu adorei trabalhar ali, mas ultimamente, parece uma tortura.
Talvez eu devesse tentar outro lugar...O Park Jimin era a última coisa que fazia eu me sentir bem naquele lugar. Coisa que também já foi por água abaixo.
Era desgastante demais trabalhar em um local onde eu não me sentia bem.
Não é normal como deveria ser o meu "não vejo a hora de ir para casa" logo ao entrar no prédio.
Eu não aguentava mais ficar lá.
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As Nossas Imperfeições
Roman d'amour- Eu odeio você às vezes, sabia? - reclamei. - Quase sempre, na verdade. - Assim você me magoa, coisinha linda - colocou a mão sobre o peito, fingindo estar realmente magoado. - Mas saiba que eu sou doidinho por você. - Você é ridículo - eu dei risa...