Capítulo Oito

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Voltei para a sala onde eu trabalhava e peguei as minhas coisas.

Guardei tudo o mais rápido que consegui e me virei para sair dali.

- Ya, Hyuna-ssi - Jimin falou formalmente por causa da presença dos nossos colegas.

Eu fingi que não escutei e continuei andando pelo corredor.

O som dos passos de alguma mulher de saltos ecoava na minha cabeça mais alto do que deveria. As vozes pareciam desconexas, e as luzes ganhavam mais brilho a cada segundo que passava.

Eu tentava me controlar, mas sabia que não estava conseguindo agir no meu normal. Não tinha como.

- Ei.

Parei ao sentir o meu braço ser segurado, vendo Jimin ali.

- Não me escutou?

- Eu tenho que ir embora - me soltei.

- Por que? - perguntou.

- Fui suspensa - dei de ombros, como se aquilo não tivesse importância.

Por quê na verdade, eu não estava dando a mínima para aquilo no momento. Os meus problemas sumiram totalmente e eu estava quase levitando com aquele sensação de leveza.

- Como assim? - voltou a me segurar e começou a andar até o elevador.

- Para de me fazer perguntas - reclamei. - Só fui suspensa, e pronto.

Ele me soltou quando nós entramos no elevador.

- E qual é o motivo disso? - perguntou se aproximando, após apertar o botão do térreo.

- Não te interessa - encarei a luz colorida do visor que mostrava o andar em que estávamos.

Aquele vermelho parecia tão vibrante...

- Os seus olhos - segurou o meu rosto e virou para ele, deixando-o ver melhor as minhas orbes. - Suas pupilas estão dilatadas. Não me diga que você está chapada.

- 'Tô - assenti e tirei a mão dele do meu rosto.

- O que você usou? - fechou a cara.

- Ecstasy.

- E como notaram?

- Disseram que eu estou muito agitada. O chefe Bong notou as minhas pupilas dilatadas e desconfiou - dei de ombros. - Eu não menti quando ele perguntou e fui suspensa por dois dias por causa disso.

- É você está agitada mesmo, completamente fora do seu normal - passou a mão pelos seus cabelos. - O que deu em você? Por que de repente você começou a se drogar?

- Para de agir como se fosse o meu pai - desdenhei. - O que deu em mim é que eu estava afim e tinha dinheiro para comprar.

- Em plena quarta-feira de manhã? - questionou.

- É - afirmei e saí do elevador quando as portas se abriram.

Eu havia comprado a droga no dia anterior, mas só fui ingerir ela quando acordei pela manhã.

Pensei que havia me livrado do rapaz e dos seus questionamentos, mas quando passei pela porta do prédio, sua mão voltou para o meu braço, me fazendo parar.

- Jimin, me deixa em paz - me soltei novamente.

- Você vai virar uma drogada agora? - perguntou. - Quer ser uma viciada?

- Não é da sua conta - falei entre dentes. - A vida é minha.

- A sua mãe ia adorar saber o que a filhinha dela anda fazendo - falou como se fosse uma ameaça de que iria contar à ela.

- Eu sou adulta, a minha mãe não tem que se meter no que eu faço ou não - rolei os olhos. - E pode contar. O que vai ser mais uma decepção na longa lista que ela tem sobre mim?

- Você afasta todo mundo - se aproximou. - Vai acabar ficando sozinha assim - alfinetou.

- Eu já 'tô sozinha - encarei os seus olhos, tendo o seu rosto a poucos centímetros do meu. - Mesmo fazendo o certo eu continuo sozinha. E eu só quero relaxar, então dá para me deixar em paz?

- Relaxa de outra forma - esbravejou e se afastou.

- Me deixa em paz, Jimin.

Mais uma vez o Park Jimin estava atrapalhando a minha forma de relaxar e esquecer as coisas que me incomodam.

Poderia não ser a melhor forma de fazer aquilo, mas eu queria e não devia satisfações a ninguém. Eu sabia que aquilo poderia me trazer consequências, mas mesmo assim eu quis.

- Me diga que não vai tomar mais balas - pediu. - Prometa.

- Por quê eu deveria? - questionei.

- Por favor, Hyuna. Prometa.

- Porque está dando uma de preocupado? - fiz um muxoxo.

- Porque eu me preocupo com você. Não quero você mal.

- Não vai precisar cuidar de mim, se essa é a sua preocupação.

- Você é tão difícil - bufou.

- Sempre jogando isso na minha cara - soltei um riso.

Eu virei e comecei a caminhar até o meu carro.

- Você vai dirigir? - escutei ele falar, mas eu ignorei e entrei no carro.

Mais uma vez eu e Jimin tivemos uma discussão na frente da empresa. Mas que droga.
Aquilo por acaso ia virar um costume nosso?

O Jimin sempre aparecia para servir como a cereja do bolo das minhas decepções.

Consegui dirigir até em casa bem, apesar de enxergar tudo borrado as vezes.

Subi as escadas e segui para o meu quarto, indo guardar a bolsa e trocar de roupa.

Quando passei pela mesa de cabeceira, enxerguei o pacotinho com as balas de ecstasy ali.

Não tinham muitas. Eu não planejava virar uma viciada.

Peguei o pacote e tirei uma das balas, da cor verde e a ingeri.

Se eu quisesse mesmo relaxar ia precisar de mais aquela bala. Graças ao Park Jimin.

O efeito não era instantâneo, então eu ainda fui trocar de roupa e desci apenas para me jogar no sofá.

Quando o efeito finalmente começou a surgir, a briga com o Jimin pareceu ficar distante.

Eu já não estava ligando antes para a suspensão, naquele momento muito menos.

Uma leveza maior do que a de antes tomou conta de mim, e eu me vi satisfeita com as sensações.



As Nossas ImperfeiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora