Capítulo 22: Renascer

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A voz do anjo sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido já escuto os teus sinais
Que tu virias numa manhã de domingo
Eu te anuncio nos sinos das catedrais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais.

- Alceu Valença, Anunciação

Tinham algo bonito a comemorar, após quase trinta anos, Eugênio e Violeta finalmente poderiam dizer ao mundo o quanto se amavam e que aquelas alianças eram sinônimo de felicidade. Tudo estava mais leve, parecia pluma sumindo ao vento, tinham equilíbrio, doçura, vivências. Anunciavam aos quatro cantos que agora tudo estava no lugar, até os mínimos detalhes. Tudo estava como deveria estar - e no tempo certo para ocorrer.

A festa do casamento acontecia, todos os detalhes foram planejados por Violeta e Júlinha, flores não faltavam em cada canto. Era no engenho, o lugar que a primogênita de Berenice sonhava em casar. Falando nela, aproximou-se da filha pé por pé.

- Violeta, sai de perto dessa mesa. - Cochichou.

- Por que? - A encarou.

- Não te ensinei que não se come doce antes da hora?

- Deixa de ser mesquinha. - Revirou os olhos. - É pra minha filha! Vai negar um docinho pra tua neta?

- Não coloque a criança no meio.

- O casamento é meu. - Olhou em volta. - Sabe cadê meu marido?

"Marido" realmente amou dizer aquilo, diria mais vezes.

- Não. - Olhou ao redor. - Está vindo.

Eugênio vinha com um pratinho em mãos, Berenice o fitou com os olhos semicerrados.

- Esposa, roubei esses pra nós. - Ele mostrou os docinhos. - São uma delícia.

- Eu te amo, marido. - Deu um selinho nele. - Você é o melhor.

- Vocês dois são feitos um para o outro mesmo. - Berê gargalhou. - Ficam roubando doce antes da hora! Juntos!

- É pra minha filha, oras! - Eugênio se defendeu.

- Eu disse a mesma coisa! - Vilú sorriu. - Pombas! Feitos um para o outro!

- Está brincando? - Ela negou. - Feitos um para o outro!

- Espero que sejam muito felizes, meus filhos. - Berenice os olhou. - E que não ensinem a Martha essa mania feia!

- Vamos ter uma criança nossa só pra isso. Imagine, Eugênio! A Martha roubando bem-casados pra gente?! - O encarou boba.

- Eu fui pedir pra Dorinha e ela se negou, acredita?! - Disse. - Espero que Martha não me negue algo tão simples.

- Eu deserdo ela. - Brincou.

- Deserdam quem? - Júlinha aproximou-se.

- A Martha. - Falaram juntos.

- Papagaios... Nem nasceu ainda, o que ela fez?

- É a consequência caso não queira roubar docinhos para nós. - Eugênio explicou.

- Dois cabeças de vento. - Disse Berê.

- Ela pode morar com a madrinha caso seja deserdada. - Paparicou a barriga da amiga. - Não é, meu biju?

- Deixe a menina quieta, Júlinha. - Violeta disse. - Não acorde a pestinha. Eugênio quase fez isso. Quero paz ao menos no dia do meu casamento.

- E a Violeta quase me arrancou a mão.

- Papai! - Isadora veio apressada. - Papai, olha pra mim! - Puxou o paletó de Eugênio.

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