Capítulo 6: Falar

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Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido.

- Chico Buarque, João e Maria


Os risos seguiam, foram segundos cômicos, era a prova viva, ao vivo e em cores, que no coração de Violeta não existia somente fagulhas, mas sim um fiozinho de paixão que aos poucos virava um carretel inteiro. Ela o queria, só não sabia dizer quando - também não sabia disfarçar.

A medida que o sorriso sacana surgia nos lábios dele, ela percebeu que tudo não passou de uma tentativa bem sucedida de fazê-la admitir.

- Alguma moça mais pacífica e que não tenta me matar a bala. - Ele falou rindo.

- Devia ter mirado direto em você, canalha.

- Mulheres não tem boa mira.

- Me faltou gana, não mira. E gana tenho de sobra agora.

- Quer outra chance, Camargo? - Eles estavam a um palmo de distância. - De me acertar?

- Está me desafiando, Barbosa? - Ergueu o queixo.

A tensão entre os dois era palpável, os amigos acompanhavam aquilo e tentavam não rir tão alto ao ponto de distraí-los.

- Só desafiaria se fosse algo justo, mas não faço competição com mulheres.

As mãos dela voaram no colarinho dele, o assustando.

- Porco machista! - Ela gritou. - Está de fricote porque sabe que sou melhor que você até quando não quero!

- Está me sufocando! - Ela apertou mais.

- Me faça soltar. - Sorriu.

- Violeta! - Júlinha gritou. - Vai matar o homem!

- Papagaios, parecem crianças! - Constantino franziu o cenho.

- Violeta... - Ela soltou e o deixou tossindo. - Diaba! De onde vem tanta força?!

- Você não viu a missa metade, frangote. - Ela respondeu.

- Parem vocês dois! - Júlia os repreendeu.

- Se eu disser que te amo, ainda vai querer me acertar? - Cochichou Eugênio para irritá-la.

- Se eu disser que te odeio, ainda vai querer me atazanar? - Murmurou.

- Vou.

- Não vou ter paz nessa vida.

- Nem na próxima.

- Ave agorenta.

Ele sorriu bobo, implicar com ela sempre foi o que mais amava fazer.

- Por que não casam logo e acabam de uma vez com essas pinimbas? - Constantino disse.

- Nunca vou casar com esse insuportável.

- Casar com a Violeta? Nem se fosse a última mulher do mundo.

- Teu sonho é casar comigo, mentiroso.

- Acho que tem jeito mais fácil de ser castigado.

- Seria castigo casar comigo? - Se ofendeu.

- Eles vão começar de novo. - Júlinha relaxou os ombros.

- Eles não vão parar. - Constantino respirou fundo.

- Vou servir um drink. - A loura disse.

- Vou com você. - O marido afirmou.

- Me responde.

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