Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho, às vezes, cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você, mais ninguém.- Caetano Veloso, Sozinho
A paixão ultrapassa os limites que tentamos traçar. Assim como vida e tempo são amigos, paixão e ciúmes compartilham bons - ardentes - momentos. Nesse caso, se complementam, é muitas vezes o virar de uma chave de uma porta que nem deveria estar trancada.
Ela não é eu, isso é bom ou ruim?
Eugênio Barbosa estava inquieto naquela manhã, tinha mandado as tais flores para Violeta e já esperava uma reprovação da mulher. A sócia só chegaria na fábrica após às 10h, ainda eram 9h, tinha pouco tempo para se preparar. Contudo, ela não seria a única a procurá-lo.
- Doutor Eugênio? - A secretária bateu na porta, adentrando a sala logo em seguida.
- Diga, Dona Iara. - Voltou a atenção para ela.
- Tem uma moça querendo falar com o senhor. Dona Dirce. - O sorriso do empresário foi se desfazendo. - Posso deixá-la entrar?
- Pode, claro que pode.
Estava tenso, agora o sentimento piorou consideravelmente, o corpo enrijeceu a medida que viu a mulher adentrar a sala. O término foi complicado, algo que não gostava muito de lembrar e vê-la era como reviver tudo.
- Eugênio... - Sorriu. - Vejo que está muito bem. - Olhava em volta. - Meus parabéns, querido. É uma bela fábrica.
- É bom revê-la, Dirce. Sente-se. - Estava visivelmente desconfortável.
- Voltou a Campos, desistiu de São Paulo? Foi difícil achá-lo!
- Eu não queria ser encontrado. - Abriu os botões do paletó.
- Sem grosserias, vim em missão de paz.
- Tudo bem, diga-me a que veio. Sou todo ouvidos. - Foi direto.
- Nós terminamos de forma muito madura, Eugênio. Não precisa me tratar assim. - Respirou fundo.
- Terminamos por um motivo infantil.
- Realmente infantil. - Riu sem humor. - Tua paixão, a tal Violeta. Mas, não quero entrar nesse assunto, águas passadas, não vou ficar chorando olhando a correnteza!
- Vá direto ao ponto, estou sem tempo hoje. - Olhava o relógio, Violeta chegaria em breve.
- Nossa casa. - Tirou os papéis da bolsa. - Precisamos resolver isso.
- É sua casa. Deixei para você, não pretendo voltar para São Paulo, e mesmo se voltasse, não seria pra lá.
- Pombas, mas teu humor está péssimo! Ou a minha presença que te incomoda muito. - Reclamou da postura dele. - Eugênio, vou me casar. Estou noiva. - Mostrou o anel de brilhantes. - Não posso ter uma casa com o nome de outro homem.
- Casar? - Levantou. - Pra quem dizia me amar, até que foi bem rápida.
- Eu te amei sim, amei tanto que te deixei livre. - Levantou. - Você quem nunca me amou, então chega de fricotes!
- Veio até Campos só pra me esfregar na cara como está feliz.
- Eugênio, só preciso que assine a porcaria do contrato! Papagaios! Tento ser gentil com você, mas me trata como uma vilã.
O empresário a olhou, estava deixando o estresse lhe tirar a racionalidade. Dirce não tinha culpa, sempre foi a mais doce das mulheres, decidiu parar as birras e tratá-la com a ternura que merecia. Entretanto, Violeta havia chegado e ouviria essa parte da conversa.
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Tempo Para Viver
Fiksi Penggemar"O tempo é um rio que corre..." Tempo, o indecifrável e incontrolável. A parte bonita da vida que vai, mas não volta. O sôfrego que aflige memórias, o riso que inunda sonhos. Tempo, o abominável amigo que nunca nos deixa. Violeta Camargo achava ter...