Capítulo 5: Trabalhos

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Naquela noite Kim Doyoung dormiu sorrindo, Jaehyun por outro lado passou a madrugada em claro. Seus pensamentos incessantes lhe tiravam o sono, o teto branco em um quarto escuro, a brisa fria que invadia a janela e bagunçava os cabelos castanhos, a lua estava linda.

As estrelas também.

Pensamentos e mais pensamentos invadiam a mente, uma sobrecarga. Quando o Jung deu por si, o despertador havia tocava anunciando o início de mais um dia. Ele sabia que essa carência de sono não lhe fazia bem, porém tem coisas que não podemos mudar.

E esse é o problema.

Jaehyun se levantou e caminhou até o banheiro, aquela água fria escorria pelo seu corpo lhe deixando mais desperto, ou pelo menos tentava, aquele dia seria longo e ele sabia bem disso.

Uniforme e mochila nas costas, no fone tocava algo como "Cigarette After Sex". O motorista ligava o carro e seguia o seu caminho como sempre. Apatia, era esse o sentimento que Jaehyun sentia, uma enorme apatia por tudo, uma melancolia silenciosa, era deprimente. Triste.

O sinal havia tocado, os alunos corriam desesperados, ninguém queria chegar atrasado, mas Jaehyun não esboçava reação, sempre com o mesmo ar de soberba e indiferença.

— Okay turma, sem enrolação. Trabalho, duplas e eu já escolhi, boa sorte a todos. — O professor falava enquanto jogava os papéis em cima da mesa, o professor Min não tinha muita paciência. Ninguém ali tinha.

Alguns burburinhos começaram na sala, afinal ninguém gostava de fazer trabalho em grupo, ainda mais quando você não podia nem escolher. Era mais um castigo.

— Silêncio, abram na página 127, exercício da mesma. Para hoje.

Uma batida ressoou na sala sendo seguida pela porta sendo aberta.

— Com licença senhor Min, Kim Doyoung, o diretor gostaria de vê-lo em sua sala, agora.

A sala ficou em silêncio, de todos ali Kim Doyoung ser chamado na direção era algo que nenhum aluno ou professor esperava ouvir, os olhos de todos se voltaram para o Kim, o nervosismo era nítido em sua face. Doyoung seguiu o outro até a sala da direção onde foi deixado sozinho. Não demorou muito para o diretor chegar e lhe cumprimentar:

— Que bom te ver meu jovem, tudo bem? 

— Sim senhor.

— Ok, não vou tomar muito seu tempo, nosso assunto aqui será rápido. Doyoung, você tem um histórico perfeito, notas excepcionais, conseguirá uma ótima faculdade, mas se você tiver horas complementares será melhor ainda.

— Como assim?

— Preciso de um aluno para dar aulas particulares e o nosso aluno pediu para que fosse você, obviamente aceitamos, estamos juntando o útil ao agradável, você ajuda um aluno e melhora seu currículo.

Aquela era de fato uma boa proposta.

— Quem seria esse aluno senhor?

— Seria eu Dodo Hyung.

Aquela voz fez com que todos os pelos do Kim se arrepiassem e um frio percorresse sua espinha.

— Jung Sungchan sente-se por favor, como eu estava dizendo senhor Kim, o Senhor Jung aqui está precisando de notas melhores em algumas matérias, e você como um ótimo aluno foi escolhido para ajudá-lo, obviamente você não é obrigado a fazer algo que não quer, porém seria ótimo se você pudesse ajudar.

Nesse momento Doyoung olhou para seu lado e ali estava ele, Jung Sungchan com a cara mais fingida possível, a famosa cara de cachorro que caiu da mudança e por mais que estivesse óbvio onde isso iria dar, Doyoung não conseguiu dizer não para aquele garoto.

O cão poderia ser bem articulado, mas Jung Sungchan era mais.

— Eu aceito sim senhor, não será nenhum problema para mim.

Mentira, seria um enorme problema e Doyoung sabia disso, ele estava cavando sua própria cova. Mas como negar algo para Jung Sungchan?

— Ótimo, fico muito feliz com isso, agora vocês conversam para organizarem os dias e onde serão as aulas e por favor Sungchan comporta-se.

— Sim senhor. 

Sungchan apenas sorriu, ele estava amando aquilo tudo, algo ali não cheirava bem, Sung estava aprontando algo e isso estava nítido, mas Doyoung já estava dentro, não tinha como voltar atrás, não agora. Já fora da sala da direção Doyoung se perguntava onde havia se metido, de todas as escolhas erradas que já fez na vida, essa estava no topo da lista com total certeza.

— Ok Dodo Hyung, eu gostaria de começar mais rápido possível, tá disponível hoje?

Hoje? Aquilo só poderia ser algum tipo de brincadeira.

— Hoje? Channie, o que você está aprontando?

— O que é isso Dodo, porque eu tenho que estar aprontando algo? Você pensa que eu sou alguém ruim?

Sim, era exatamente isso que ele achava, mas Doyoung não disse nada e se limitou a apenas retribuir com um olhar contestador.

— Não sei, meu irmão chegou de viagem ontem, queria passar um tempo com ele.

Doyoung dizia, não que fosse mentira, ele realmente queria passar um tempo com Jeno, mas Sungchan era a encarnação do diabo na terra, Doyoung poderia jurar.

— Por favor Hyung.

Sungchan fazia aquela cara de cachorro pidão, como dizer não para aquele garoto?

— Okay, podemos hoje sim.

— Ok, que tal na minha casa? Ótimo! Te espero lá, te mando meu endereço depois, tchau!

E assim o mais novo sumiu pelos corredores, por mais que Doyoung soubesse o que iria acontecer, não havia mais volta, ele estava em apuros. Maldito dia que ele pediu ajuda para o outro.

O resto do dia passou num piscar de olhos, talvez fosse uma súbita sensação de ansiedade ou até mesmo por pensar demais em momentos futuros, mas Doyoung mal prestou atenção à sua volta. Assim que o sinal tocou e os alunos saíram as presas o Kim andou lentamente pelos corredores, ele não entendia o motivo de tamanha euforia, as pessoas sempre estavam com pressa, sem tempo, ele tinha medo de virar um adulto assim, sempre sem tempo.

Em seus ouvidos os fones tocavam alguma música aleatória que nem ele mesmo prestava atenção, sua cabeça estava em outro lugar. Quando se deu conta já estava na porta de casa.

De certa forma Doyoung ansiava por saber como o outro entraria em contato, ele queria se fazer de difícil, mas sabia que era mentira, ele queria estar lá.

As horas passavam e nada. Uma ansiedade tomava conta do seu ser e o deixava de certa forma desconfortável, odiava tal sentimento.

Um toque 

Uma mensagem piscou na tela do aparelho, um número desconhecido com um endereço.

Era ele, e lá iria Kim Doyoung para a toca do leão, um pequeno animal indefeso indo direto para o abatedouro por livre e espontânea vontade.

— Neno, eu estou saindo, agorinha eu volto, se cuida.

Gritou para o mais novo escutar.

O endereço não era tão longe dali, talvez alguns minutos de caminhada, com a mochila nas costas Doyoung seguiu caminho, cada passo que o mesmo dava mais seu coração acelerava, suas mãos tremiam, o suor escorria, medo, nervosismo.

A morte súbita caminhava ao seu lado e ele não sabia em que esquina ela iria lhe beijar.

Ali estava Kim Doyoung parado em frente à casa, em outras palavras uma mansão. Aquela casa era enorme e isso só contribuiu para deixar Kim Doyoung ainda mais apavorado.

— Dodo Hyung! Que bom que você chegou, vem! — disse o garoto sorridente após abrir e porta e dar espaço para o jovem amedrontado entrar.

Doyoung respirou fundo e deu o primeiro passo para seja lá o que o estava esperando.

Missão Como(Não)Conquistar o Garoto Popular (DOJAE)Onde histórias criam vida. Descubra agora