Sarah ficou olhando estática para o sócio. Pensou ter ouvido errado, mas o olhar na cara da Rafaella deixava bem claro que ela não estava com problemas de audição, que Acrebiano realmente tinha dito que eles iriam defender Juliette Freire. O homem até podia ser cego, mas a loira tinha certeza que ele sabia que estava sendo encarado por ela naquele momento, já que em seguida continuou a falar:
- Lilian Freire não permitiu que os advogados da empresa assumissem o caso de Juliette. Ela foi para a delegacia sem advogado e está lá em silêncio até agora, esperando um aparecer.
- Desculpa srta Kalimann, mas eu preciso falar com meu sócio em particular. – Sarah abriu um sorriso amarelo para a mulher e pegou Acrebiano pelo braço. Sua ação foi tão rápida que quase o derrubou e ele nem teve tempo de pegar a sua bengala para cegos. – Você perdeu o juízo? – Ela indagou assim que os dois saíram da sala de reunião.
- Não. Ela é alguém que precisa de ajuda...
- Ela é Juliette Freire! – Sarah o cortou e quase elevou o tom de voz. – Praticamente culpada é o seu sobrenome. Nós não podemos defender alguém assim.
- Sarah, ela é inocente. Rafaella esteve com ela durante o assassinato, elas estavam juntas. Juntas. – Ele frisou. - Ela já contou isso para a polícia e mesmo assim eles levaram a srta Freire para a delegacia. Já está em todas as mídias...
- Eu sei que está Bil, e ela é uma Freire. Nós não podemos pegar esse caso, eles são a família inferno que mora na terra, como explicar isso para os nossos clientes que confiam na gente, que vem aqui porque nós somos íntegros e honestos...
- Sarah nós precisamos de dinheiro. Faz dois meses que não pago meu aluguel, se atrasar mais um vou ser despejado. Nós temos que a Roberta também, ela não pode trabalhar de graça o resto da vida. Tem o aluguel da sala, energia, comida. É lindo o seu empenho e paixão pelo pró-bono, é uma das razões de eu ter fechado essa sociedade com você, mas nós precisamos de dinheiro também. É um mundo capitalista e precisamos das verdinhas pra sobreviver nele.
- Eu não acredito nisso. – Levou as mãos a cabeça e bufou sem saber o que fazer.
- Ela tem um álibi Sarah, é uma mulher inocente que corre o risco de pegar prisão perpétua por um crime que não cometeu. Freire ou não, você está disposta a deixar isso acontecer?
- Bianca está no caso. – Respondeu como se aquela desculpa pudesse ser um motivo para eles não continuarem com aquilo.
- Mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer. – Bil disse com calma, cabeça erguida apenas esperando a resposta da sócia.
Sarah respirou fundo e olhou para a secretária que apenas ergueu as sobrancelhas para ela, aparentemente também sem saber o que dizer naquele caso. Naquela manhã Sarah lembrou que queria ter uma chance no tribunal para derrubar um Freire, agora a realidade apresentava o outro lado da moeda para ela. Não sabia dizer porquê, apenas balançou a cabeça e entrou em sua sala pegando a bolsa.
- Roberta liga para a delegacia e diz que a advogada da srta Freire está chegando. – Olhou para o sócio. – Você vá para a casa da Rafaella e prepara a segurança para quando a Juliette chegar lá. Vamos trabalhar gente.
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Juliette estava na sala de interrogatório, que não tinha um cheiro muito amigável há horas. Como Rafaella havia pedido e como já estava cansada de ouvir dos advogados da empresa, quando eles ainda a ajudavam, nunca fale nada sem um advogado do lado, principalmente se você estiver na delegacia. Por isso, toda vez que a detetive Bicalho entrou ali, ela ficou em silêncio. Tinha quase certeza que eles estavam perdendo a paciência, até ela estava, mas Rafaella prometeu encontrar um advogado, e ela sabia que a mulher cumpriria a promessa.
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Era Pra ser você
FanfictionSarah Andrade é uma advogada pró-bono de Los Angeles. Juliette Freire vive na sombra do seu sobrenome. Uma morte vai aproximar os seus mundos, e o amor que vai nascer nada, nem ninguém será capaz de separar. (Adaptação)